Comportamento: “A pandemia não cria o que não existe”, alerta psicóloga
Medo, ansiedade, aflição, são alguns sentimentos que podem ter ganho mais impacto na vida de muitas pessoas, desde o início da pandemia, principalmente quando o assunto envolve o contexto familiar. Quem já vivia situações de conflito pode ter ficado sem uma válvula de escape para fugir da realidade; já quem vivia em um ambiente de carinho e proteção passou a ter ainda mais condutas de cuidado com o próximo e elas ganharem mais intensidade.
“A pandemia não cria o que não existe. Ela demonstra, ela traz à tona, evidencia aquilo que poderia estar ocultado ou disfarçado, mas que antes conseguíamos fugir ou negar”, afirma a psicóloga e psicoterapeuta de família e casais na abordagem sistêmica, Elisa Mara Ribeiro da Silva.
Segundo análise da profissional, a pandemia não criou algo que já não existisse no convívio familiar. Ela pontua que as restrições impostas pela Covid-19 apenas deixaram mais evidentes situações de preocupação, disfunções, agressividades e abusos que já aconteciam dentro de casa antes do surgimento da doença. Contudo, com o aumento dos níveis de estresse e sem um escape – que seria o poder sair de casa – tais situações podem ter tomado outras proporções.
“Ficar dentro de casa sem poder sair tende a aumentar o estresse, a ansiedade e angústia, fazer atividade física, passear, tudo ficou limitado”, pontua Elisa ao salientar que essas mudanças de rotina alterar os níveis das relações, seja para melhorar o ambiente acolhedor, ou para potencializar os estados de conflitos, pois o comportamento de cada um reflete no contexto familiar e propicia as condições de um ambiente saudável ou não.
SE REIVENTAR PARA ESTAR PRÓXIMO – O ‘estar próximo’ vai além do contato físico. Com as ferramentas tecnológicas é possível estreitar os laços, aproximar fronteiras e amenizar a saudade. Esses avanços na tecnologia tem ajudado muitas pessoas neste período.
“Muitos pacientes relatam que colocam pais e avôs para usar o WhatsApp e o Facebook para que possam participar de grupos. Fazer uso de tecnologias entre as pessoas com mais idade permite aproximar e elas estão aprendendo a lidar com isso agora. Se reinventar preencher o espaço; criar outras possibilidades. As pessoas com mais idade tem mais consciência e compreende melhor essa necessidade de cuidar da saúde do que o jovem e o adulto jovem”, alerta a profissional.
CUIDAR DO OUTRO – Em relação aos distanciamentos gerados pela pandemia, a profissional pontua que ocorre o afastamento nas situações de visitas aso parentes, mas não em relação ao núcleo familiar em si. Ela também relata que o afastamento é ruim para quem já morava longe e o cuidado tende a ser maior daqueles que estão mais próximos fisicamente, porém, o zelo emocional acontece mesmo que a distância.
“O cuidado e a preocupação passaram a aproximar. Esse cuidado com o outro mostra que existe o afeto. É esse melhor conhecer o outro que nos une. Para o relacionamento é importante; para a nossa vida é importante cuidar do outro”, conclui a psicóloga.
Da Redação
TOLEDO
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