Congresso do Peru vota destituição do presidente nesta terça

O Congresso peruano decide nesta terça-feira, 7, se abre o quinto processo de impeachment contra um presidente em cinco anos, desta vez contra Pedro Castillo. A opção, que parecia distante, ganhou força nos últimos dias em razão da incapacidade de Castillo justificar as reuniões irregulares que manteve fora do palácio do governo.

Os últimos quatro processos foram contra Pedro Pablo Kuczynski, Martín Vizcarra (duas vezes) e Manuel Merino. O Congresso aprova a destituição se houver 52 votos a favor de um total de 130. Se passar no plenário, o Peru passará pelo quinto processo de destituição, semelhante ao que afastou Kuczynski, em 2018, e Vizcarra, em 2020.

Com isso, Castillo terá de se defender em sessão extraordinária do Congresso – que é unicameral – e será oficialmente afastado com 87 votos, dois terços da Casa. O pedido menciona a “incapacidade moral” do presidente em suas nomeações políticas, um suposto financiamento irregular de campanha e tráfico de influência.

A oposição, incluindo o partido Fuerza Popular, de Keiko Fujimori, tem 43 votos, o que seria insuficiente para a medida ser aprovada. Mas, em poucos dias, a situação mudou com o surgimento de gravações nas quais Castillo aparece em uma casa com empresários que venceram licitações públicas – os encontros não foram registrados como manda a lei.

Diversos deputados de centro-direita, que inicialmente não pretendiam apoiar o pedido de impeachment, passaram a se manifestar em favor da medida. A saída de Castillo é um cavalo de batalha da oposição desde a eleição, em junho – os fujimoristas acusam o presidente de fraude, apesar do aval dos observadores da OEA e da União Europeia.

Nos últimos dias, o presidente convocou um diálogo com líderes da oposição na tentativa de se salvar do que qualificou como uma “moção sem respaldo e com absoluta irresponsabilidade”. No entanto, todos se recusaram a falar com ele.

Cerco

Se Castillo for afastado, assume a vice-presidente, Dina Boluarte – que possivelmente teria o mesmo destino. Se ela também for destituída, a cadeira fica com a chefe do Congresso, a direitista María del Carmen Alva, que deveria convocar eleições em seis meses.

“O risco é que essas novas eleições não nos levem a lugar nenhum. Mas o que temos agora é um desastre”, disse Fernando Rospigliosi, assessor de Keiko. Mas, para a ex-deputada Rocío Silva Santisteban, a destituição de Castillo pode provocar uma revolta das ruas. “Deve haver uma mobilização popular, como aconteceu com Vizcarra”, disse. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS).

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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