Conheça a família Glazer, alvo de fúria da torcida do Manchester United
Os manifestantes acenderam sinalizadores, subiram nas traves e nas arquibancadas exigindo a saída dos proprietários do clube. O episódio nada teve a ver com o que estava programado no roteiro original, que era o jogo entre os donos da casa e o Liverpool. Adiada por questões de segurança a partida deu lugar a uma intensa manifestação que tinha um alvo certo: a família Glazer.
Atualmente comandada pelos empresários Joel e Avram, essa relação da tradicional equipe inglesa com o clã dos Glazer teve início com o pai, Malcolm. Filho de imigrantes judeus, ele saiu da Lituânia e foi para os Estados Unidos com a família. Com a morte do pai, passou a vender relógios para ajudar nas despesas. Os negócios prosperaram e anos depois o jovem empreendedor abriu sua joalheria. O grande salto para enriquecer foi baseado nos investimentos imobiliários. A partir daí as apostas se diversificaram e a família centrou suas ações em negócios dos ramos mais variados como alimentação, bancos, gás natural, entre outros.
Já milionário, ele foi, aos poucos, adquirindo o controle acionário do Manchester United, que antes pertencia aos donos da rede de televisão norte-americana Fox entre 2003 e 2005. Com a morte de Malcolm em 2014, o Manchester passou a ser administrado pelos filhos Avram e Joel.
Com uma fortuna estimada em US$ 4,7 bilhões (cerca de R$ 25,3 bilhões), os dois filhos de Malcolm têm sob o seu controle também a franquia do Tampa Bay Buccaneers, atual campeã da NFL e que conta em seu elenco com o astro Tom Brady. Mas, apesar do vasto poder financeiro e da promessa de manter um canal direto com a torcida, na prática o que aconteceu não foi o esperado. Apesar do investimento na ampliação do Old Trafford e de melhorar a saúde financeira do clube por meio de um vantajoso patrocínio com a seguradora AIG, a parte esportiva pouco a pouco foi deixada de lado. Se a dupla ia bem na parte administrativa, o futebol ficou em estado letárgico.
DECLÍNIO ESPORTIVO – A saída do CEO David Gill, em 2013, foi o primeiro baque. Responsável pela montagem do elenco, ele sempre cuidou da contratação de reforços. Sob a sua gestão, o Manchester teve elencos poderosos. A outra baixa importante, que contribuiu para a fase de escassez de conquistas, foi a aposentadoria do treinador Alex Fergusson.
Apesar do êxito financeiro com a renegociação da dívida do clube e o aumento de receitas, as taças do Manchester United começaram a rarear. O último título do Campeonato Inglês foi na temporada 2012/2013. Na Liga dos Campeões o período de espera é ainda maior, já que a última conquista foi em 2008 em cima do Chelsea. Em 2009 e 2011, os ingleses voltaram a decidir o torneio mais importante da Europa. Mas, nas duas finais, quem acabou dando a volta olímpica foi o Barcelona de Lionel Messi.
A relação entre a torcida do Manchester e a família Glazer sempre foi marcada pela tensão e piorou com o recente episódio da criação da Superliga Europeia, um projeto que reuniria os clubes mais ricos do continente. E o United aparecia como um dos fundadores. O episódio acabou custando o cargo de Ed Woodward, executivo escolhido para substituir o antigo CEO David Gill, símbolo de uma época em que os troféus chegavam com constância ao Old Trafford.
Para azedar de vez a relação entre torcida e os donos do clube, os torcedores do United são obrigados a aturar a boa fase dos rivais. Além do jejum de oito anos no Inglês dois clubes ingleses vão decidir a Liga dos Campeões no final de maio, na Turquia. O Manchester City, rival histórico, enfrenta o Chelsea para ver quem é o melhor time da Europa na atual temporada.
Para tentar minimizar a fúria da torcida, o Manchester United busca o título da Liga Europa diante do Villarreal, da Espanha. A grande final será disputada em jogo único no próximo dia 26 em Gdansk, na Polônia. Campeão na temporada 2016/2017, o Manchester United busca seu segundo título da Liga Europa.
Comentários estão fechados.