Conjunto de possibilidades podem sustentar os preços externos e internos da soja

A condição climática, a incerteza econômica, a oscilação da soja nos negócios são sentidas nos últimos meses. A soja é considerada uma commodity agrícola devido a sua importância e utilização mundial. Por isso, o seu preço é definido diante das alterações internacionais de oferta e procura global. O município de Toledo é um dos principais produtores agrícolas do Paraná e, por isso, o Boletim de Conjuntura Econômica acompanha os preços da commodity soja e seus componentes.

Os valores estão sujeitos a diversas variáveis que influenciam em sua oferta, demanda e, por consequência, nos valores pagos a estas, seja no mercado doméstico, seja no mercado internacional.

A avaliação do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada Departamento de Economia, Administração e Sociologia (Cepea) 2022 aponta que o preço do óleo de soja voltou a subir no mercado brasileiro, impulsionado pelo reaquecimento da demanda doméstica, sobretudo para produção de biodiesel.

De acordo com economista e doutor em Desenvolvimento Regional e Agronegócio Valdir Antonio Galante, a demanda externa também está aquecida. Ele lembra que as exportações do óleo na parcial deste ano são recordes. “O cenário elevou a disputa pelo derivado nacional e dificultou as aquisições das indústrias alimentícias”, afirma Galante.

FARELO DE SOJA – Com relação ao farelo de soja, o economista menciona que a demanda segue elevada no Brasil, com consumidores intensificando os volumes adquiridos. Ele complementa que a procura externa também continua aquecida e a expectativa das indústrias brasileiras é de crescimento da procura pelo derivado nos próximos meses, conforme aponta o Cepea no boletim de 31 de outubro deste ano.

De acordo com dados do Boletim de Conjuntura Econômica de Toledo, o mercado da soja nos EUA segue aquecido, com cotações futuras acima da média histórica dos últimos dez anos, mesmo que o preço esteja oscilando cerca de 28% abaixo daqueles valores atingidos no início de 2022.

Galante esclarece que no mercado doméstico a variação negativa foi menor, sustentado também pelo câmbio desvalorizado. “Essa situação que pode sentir alguma reversão com a apreciação do real no início de novembro, se este movimento se mostrar consistente”, cita o economista.

SAFRA – Neste contexto, Galante afirma que o cenário para a safra 2022-2023 ainda é considerado muito incerto. “Fatores como a recuperação da demanda chinesa e brasileira do lado da demanda e, as incertezas na produção norte americana e brasileira podem amenizar ou acentuar o efeito do câmbio sobre os preços internos, os quais estão na casa de R$ 170,00 em Toledo, segundo dados de 4 de novembro deste ano”.

Conforme o economista, quando se observam os valores pagos para a soja no Paraná nos últimos cinco anos, é possível perceber a elevação dos preços, sobretudo nos últimos dois anos. “Os valores subiram de R$ 80,00 para cerca de R$ 200,00 de janeiro de 2020 até fevereiro de 2022 (valores nominais), uma variação de 143%”, comenta Galante.

VARIAÇÃO – Essa variação não se deu apenas em reais. Ao se observar a cotação da commodity em dólares, no mesmo intervalo de tempo, se tem oscilação de US$ 18,76 para US$ 37,91, isto é, uma variação superior a 102% em dólares. “De fevereiro a outubro de 2022, a cotação se reduz nas duas moedas (R$195,00 para R$183,00 e, de US$ 37,91 para US$ 35,45. A cotação da soja em dólares elevou-se- de modo consistente, especialmente a partir de 2020”, comenta o economista.

A oscilação percebida em reais e em dólares por saca de 60 quilos de soja, também é vista na cotação da moeda estadunidense. Ao se observar o câmbio percebe-se que no mesmo período em que as cotações da soja sobem expressivamente em moeda estrangeira, também a desvalorização da nossa moeda frente ao dólar, acentuando a variação interna do preço da soja.

“Para referência, no período de janeiro de 2020 até fevereiro de 2022 a cotação variou de R$ 4,09/US$ para R$ 5,53/US$ (com máxima de R$ 5,71/US$ em janeiro de 2022), uma desvalorização de 35,21%”, enfatiza o economista no Boletim.

DESVALORIZAÇÃO – Galante esclarece que o aumento da cotação internacional somado à desvalorização da moeda brasileira produziu euforia entre os produtores brasileiros. “Sensação esta arrefecida com o consequente aumento dos insumos no período seguinte, dentre outros fatores”.

Mas, o economista alerta que para a próxima safra, há um conjunto de possibilidades que podem sustentar os preços externos e internos da soja, seja por fatores associados à oferta ou demanda da oleaginosa. “Neste contexto, o câmbio poderá ser um fator importante, acentuando ou arrefecendo este cenário”.

Da Redação

TOLEDO

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