Desmond Tutu, vencedor do Nobel da Paz pela luta contra o apartheid, morre aos 90
Tutu havia sido diagnosticado com câncer de próstata em 1997 e, desde 2015, foi hospitalizado várias vezes. Nos últimos anos, o arcebispo e sua esposa, Leah, viveram em uma comunidade de aposentados fora da Cidade do Cabo. Além de Tutu Leah, de 66 anos, ele deixa quatro filhos.
Na década de 1980, quando a África do Sul foi dominada pela violência contra o apartheid (regime de opressão contra a maioria negra), Tutu se tornou um dos negros mais proeminentes na campanha contra os abusos. Fez diversas viagens aos Estados Unidos e à Europa, para encontros com o secretário-geral da ONU, o papa e outros líderes da Igreja. Pediu sanções internacionais contra a África do Sul e promoveu negociações para encerrar o conflito. Em 1984, recebeu o Prêmio Nobel da Paz por liderar o movimento não violento contra o apartheid.
No comunicado, o presidente Ramaphosa disse que a morte de Tutu “é mais um capítulo de luto na despedida de nossa nação a uma geração de destacados sul-africanos que nos legaram uma África do Sul livre”.
Com o fim do apartheid e as primeiras eleições democráticas na África do Sul em 1994, Tutu celebrou a sociedade multirracial do país, chamando-a de “nação arco-íris”. Apelidado de “o arco” e conhecido por seu senso de humor, se tornou uma figura importante na história sul-africana, assim como Nelson Mandela, também ganhador do Prêmio Nobel, que foi prisioneiro durante o governo branco e se tornou o primeiro presidente negro do país. Em 1990, após 27 anos de prisão, Mandela passou sua primeira noite de liberdade na residência de Tutu, na Cidade do Cabo. Ao se tornar presidente em 1994, Mandela nomeou Tutu presidente da Comissão de Verdade e Reconciliação, que descobriu os abusos do sistema de apartheid.
Desmond Mpilo Tutu nasceu em 7 de outubro de 1931, em Klerksdorp, a oeste de Joanesburgo, e tornou-se professor antes de estudar teologia em Rosetenville em 1958. Décadas depois, em 1985, se tornou o primeiro bispo negro anglicano de Johannesburgo e, em 1986, o primeiro arcebispo negro da Cidade do Cabo. Ele ordenou mulheres padres e promoveu padres gays e fez campanha internacional pelos direitos humanos, especialmente pelos direitos LGBT e pelo casamento entre pessoas do mesmo sexo. “Eu não adoraria um Deus que é homofóbico. Me recusaria a ir para um paraíso homofóbico. Diria: Desculpe, prefiro ir para outro lugar”, disse ele em 2013, ao lançar uma campanha pelos direitos LGBT na Cidade do Cabo. Ele dizia que a campanha pelos direitos LGBT estava “no mesmo nível” da luta contra o apartheid.
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