Dezembro Vermelho: a luta para combater a pandemia que não acabou
O mês de dezembro, marcado pelo Dia Mundial de Luta Contra a Aids envolve as campanhas de conscientização e diagnóstico precoce. Depois de 42 anos de pandemia, os setores da Saúde alertam que o número de diagnósticos aumenta diariamente e tem envolvido todas as faixas etárias. As pesquisas em relação a doença e as formas de tratamento evoluíram, entretanto, não derrubou o preconceito e ainda é preciso reforçar sobre a prevenção.
O ano foi 1980. Um vírus, o contágio e uma imensidão de vidas perdidas. Crise na estrutura sanitária. A doença não escolhe idade, sexo ou raça. Preconceitos e negação. Já se foram mais de 40 anos do início da pandemia de HIV/Aids e a ciência ainda não encontrou uma cura definitiva, tampouco uma vacina, mas descobriu meios de dar mais qualidade de vida aos pacientes.
O processo não é simples para todos: receber o diagnóstico; aceitar; fazer o tratamento; seguir a vida, mas ter qualidade de vida. Quem convive com a doença passa por todos os ciclos e precisa de uma rede de apoio para não desistir e não fraquejar. Essa rede envolve o suporte clínico, psicológico e familiar.
O Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA/SAE) do Consórcio Intermunicipal de Saúde Costa Oeste do Paraná (Ciscopar) é o serviço de referência no atendimento dos agravos de infectologia – HIV/AIDS, tuberculose droga resistente, hepatites virias B e C, hanseníase, Infecções Sexualmente Transmissíveis e outras doenças infectocontagiosas – para os 18 municípios de abrangência da 20ª Regional de Saúde de Toledo. Com uma equipe ampla e versátil, o Centro permite que os pacientes tenham mais qualidade de vida.
Segundo a coordenadora do CTA/SAE Ciscopar Jéssica Sartor, até o mês de novembro deste ano, a equipe do CTA somou em média 11.000 atendimentos, sendo que destes, 4.110 foram atendimentos dos profissionais médicos, sendo três deles infectologistas, uma médica infecto pediatra e uma médica dermatologista/hansenologista.
O atendimento no setor atua desde o acolhimento e aconselhamento ao usuário, até o atendimento de enfermagem, médico, psicológico, de serviço social e atendimento farmacêutico para os pacientes.
REFERÊNCIA – A coordenadora salienta que em 2022, como serviço de referência, o foco do setor foi realizar treinamentos, capacitações e falas sobre a temática com os serviços de saúde que dentro da rede de atenção à saúde, atendem estes agravos. “Para além dos municípios, aconteceram alguns momentos de fala com os alunos de medicina da Universidade Federal do Paraná, com intuito de aproximá-los do serviço de saúde, para conhecimento de fluxo, e também dos agravos. Esse trabalho realizado com a UFPR é de extrema importância já que ao mesmo momento temos médicos em formação, temos também pessoas jovens, em faixa etária que chama a atenção para os novos diagnósticos das ISTs”.
RISCO X CONTÁGIO – O vírus pode ser transmitido de mãe para filho, ao compartilhar agulhas e seringas ou pelo sexo. A relação sexual desprotegida é a forma mais comum e de maior taxa de transmissão do HIV. Essa realidade acontece, de forma geral, por duas situações: o não uso do preservativo pela população, principalmente os adolescentes e jovens; e pelo não conhecimento de sua sorologia. Existem aquelas pessoas portadoras do HIV que não sabem de sua condição, que não usam o preservativo e assim transmitem o vírus mesmo sem ter conhecimento disso.
DIAGNÓSTICO – Jéssica explica que a cada ano, o CTA/SAE apresenta aumento expressivo no número de diagnósticos novos e, consequentemente, também no número de atendimentos aos pacientes dos 18 municípios de abrangência do Consórcio.
“O aumento na oferta da testagem rápida, e de contraponto o não conhecimento sorológico de uma parcela da população (que contribui com a transmissão do HIV), traz o cenário atual da nossa regional. No ano de 2021, tivemos um total de 122 diagnósticos novos para HIV. Em 2022, de janeiro a novembro esse número já chega a 135 novos casos, sendo que a faixa de idade de maior incidência é dos 17 aos 37 anos”, destaca Jéssica.
CONSCIENTIZAÇÃO QUE PREVINE – Os serviços de saúde se empenham em desenvolver ações para conscientização, porém ainda é preciso avançar mais. Ainda existe muita descrença por parte de população jovem em não acreditar que o vírus é uma realidade atual e a doença não parou apenas na década de 80 quando famosos tiveram o diagnóstico positivo, dando mais repercussão sobre o HIV/Aids.
NOVIDADES
– Em 2022, o CTA/SAE teve um grande avanço no que se refere ao atendimento de crianças e adolescentes, pois passou a contar com a médica infecto pediatra, Dra. Monica Poletti, que semanalmente atende 13 pacientes da faixa etária pediátrica dos 18 municípios de abrangência do Consórcio, para as infecções sexualmente transmissíveis e doenças infectocontagiosas. Anteriormente, o serviço contava com o Cedip, em Cascavel, para realizar estes atendimentos.
– O CTA/SAE teve o aumento de 10h semanais no atendimento médico, o que contribui muito com a diminuição do tempo de espera para vaga de consulta, visto que a demanda de atendimento aumentou consideravelmente. E ainda, passou a contar com mais um profissional farmacêutico, que era uma demanda do setor a algum tempo e neste ano foi sanada, assim conseguiu atender o paciente com mais agilidade, mas de forma qualificada e integral.
DESAFIOS
– Após dois anos, onde a sociedade se voltou mais aos cuidados com a Covid-19, outras infecções e doenças importantes ficaram um pouco em segundo plano, mas neste ano já foi perceptível o retorno dos pacientes para testagem e para acompanhamento, então o desafio permanece o mesmo, que é o diagnóstico precoce. Ainda muitas pessoas acabam tendo o diagnóstico tardiamente, o que dificulta na recuperação da qualidade de vida deste paciente.
– Sensibilização junto a população e também aos serviços de saúde sobre a importância do diagnóstico precoce, da disseminação de informações sobre as ferramentas de prevenção, enfatizando à mandala da prevenção (Ministério da Saúde), como também a contínua luta contra o estigma e preconceito que permeia o diagnóstico desde a década de 80, quando o país registrou o primeiro caso da infecção.
PACIENTES
Atualmente, os munícipios de Toledo, Marechal Cândido Rondon, Guaíra, Assis Chateaubriand, Palotina apresentam o maior quantitativo de pacientes e diretamente, maior quantidade de atendimento.
Da Redação
TOLEDO