Dia da Caridade: fazer o bem sem olhar a quem
Na data de 19 de julho é celebrado o Dia da Caridade no Brasil. A ideia da data é difundir e incentivar a prática da solidariedade e do bom entendimento entre os homens. Nos dicionários essa palavra apresenta significados como demonstração de generosidade; tendência para ajudar os mais necessitados; virtude teologal que conduz ao amor a Deus e ao nosso semelhante, entre outros. Entretanto, na vida real, caridade pode significar muito mais.
“Através da caridade podemos oferecer ao outro o bem que esperamos, contudo, diante da doação ao próximo, temos um paradoxo, pois pelos atos de caridade, não se espera algo em troca, tornando-se satisfeito e grato através da felicidade de alguém”, cita a psicóloga, Lilian Groscopp. “A generosidade costuma trazer plenitude e por isso traz resultados à saúde física e mental de quem a oferece”.
Segundo Lilian, quem recebe a caridade é reconhecido como ser, pertencente, amado, alcançado de alguma forma no mundo. “Por isso, o que chamo de ‘atos de serviço ou atitudes de servir ao próximo’ é uma forma de mudar o mundo através daquilo que podemos fazer, e sempre podemos! Um sorriso, um abraço, uma palavra, um acalento, uma ajuda que não depende de dinheiro. A caridade não precisa ser algo material, mas aquilo que você pode oferecer a quem precisa, naquele momento. É uma virtude que costuma contagiar quem recebe e que mesmo diante de poucos recursos, tende a reproduzir a ação aos demais”, afirma.
A CARIDADE É UMA VIRTUDE HUMANA
Os efeitos da caridade são tão intensos que o ser humano tem a necessidade de praticá-la. “A caridade é uma virtude humana, está no DNA! Por maior dificuldade que se tenha, há sempre algo para oferecer. O comprometimento com o outro nos dá a sensação de missão, dever cumprido. Ninguém vive sem uma missão, um propósito, ainda que o desconheça. E para além, a caridade nos leva a conhecer nosso propósito e sobre tudo, é sobre empatia e semeadura”.
A ciência, de acordo com Lilian, também confirma os benefícios de quem se doa ao outro. Ela cita que de acordo com um estudo publicado no jornal científico Psychosomatic Medicine: Journal of Biobehavioral Medicine, o ato de caridade ativa regiões do cérebro ligadas ao cuidado parental que traz satisfação.
UNIDOS PELA CARIDADE
Recentemente o país se uniu em prol da caridade pelo povo do Rio Grande do Sul. Esse tipo de situação consegue mobilizar as pessoas em prover ações de caridade. “Eu acredito nos benefícios de boas atitudes em ‘efeito manada’. Copiamos tantas coisas, porque não copiar o bem? Com certeza, o exemplo arrasta, e mesmo diante de tanto sofrimento, as pessoas que sofreram com as enchentes foram alcançadas de alguma forma para além das autoridades políticas. Onde a burocracia não pôde chegar, o amor se fez presente através do anônimo”, pontua.
CARIDADE É UMA GRANDE REDE
“Na minha atuação enquanto psicóloga social, trabalho em grande parte com um público vulnerável em muitos aspectos, meu trabalho é mediar, encaminhar, ofertar políticas públicas, mas vejo todos os dias o quanto uma rede de apoio, a comunidade, vínculos fortalecidos, fazem toda a diferença na vida das pessoas. Ter acesso ao próximo, pessoas com quem contar, transforma situações”, exemplifica a profissional.
Lilian destaca que diante de sua experiência profissional e enquanto pessoa, ela define caridade como uma grande rede, uma conexão entre as pessoas. “A caridade deve ser um comportamento natural ao ser humano. E o contraditório no fazer sem esperar, é que curiosamente, quando pensamos na sensação de bem estar da ‘auto-utilidade’, sentido de existência, plenitude do ser, entendemos a importância que a entrega ao outro, tem para nós mesmos”, conclui.
Da Redação
TOLEDO