Do Oeste para o mundo: região é protagonista na produção de tilápia rio acima

Do simples, mas saboroso frito, a um prato elaborado servido em um restaurante no exterior. Os ‘gringos’ podem não saber, mas os paranaenses sabem de quais açudes vêm as mais saborosas tilápias. ‘Peixe grande’, sim, o Oeste Paranaense está para a pescaria! O Estado – segundo a Associação Brasileira da Piscicultura – é maior produtor de peixe do país e as melhores águas para essa produção estão nos municípios dessa encantadora região. O Oeste é protagonista e o peixe cada vez mais impulsionado pelo cooperativismo nada de ‘braçadas longas’, sem perder oxigênio e bem nutrido para expandir a produção.

Ao se aproximar do trevo que dá acesso ao município, já é possível ver a grandeza da produção de tilápia. Essa espécie de peixe tem origem no continente africano, mas aparece que é paranaense. Maripá foi um dos pioneiros na produção, não parou mais de crescer e tem o seu lugar de destaque entre os municípios protagonistas dessa rede de produção que leva – até mesa dos brasileiros e de outros países – um alimento de alto valor proteico.

“A tilápia é um dos símbolos do município devido à grande produtividade. Antes, tínhamos uma extensa linha de produção de peixe como a carpa, o jundiá e a tilápia, mas a tilápia se destacou diante de suas condições de adaptação”, pontua o prefeito, Rodrigo Schanoski. “Não se trata apenas de nosso prato típico, mas de nossa grande produtividade e excelência em produção”.

PEIXE GRANDE – Para o prefeito, o Brasil é reconhecido como o ‘nelore’ das águas diante de sua produtividade. Rodrigo destaca que o mercado tende a crescer, diante do valor proteico da carne de peixe que cada vez mais ganha espaço e apreciadores, tal interesse faz com a produção cresça de maneira contínua e em larga escala.

A piscicultura tem importante papel na economia da cidade. Para que a cadeia produtiva esteja em constante desenvolvimento, o prefeito destaca que existe o apoio e o incentivo contínuo por parte do governo municipal. As políticas públicas contemplam o suporte em acompanhamento técnico especializado, subsídios aos produtores com serviços de maquinários e solo brita para manutenção dos acessos às propriedades rurais, além da conservação dos tanques escavados.

“Todo esse trabalho é importante e fundamental para os resultados. O peixe faz parte da essência do município e contribui para o desenvolvimento econômico e turístico de Maripá”, afirma o prefeito.

RIO ACIMA – Dados são da Pesquisa da Pecuária Municipal 2021, realizada pelo IBGE, apontam que Maripá ocupa a 8ª colocação no ranking nacional da produção de tilápia. O município conta com 102 produtores, uma produção de 8.100 toneladas e 145 hectares de lâmina d’água. No Paraná, ele está em 5º lugar em produção e brilha entre municípios do Oeste que ocupam esse pódio: Nova Aurora, Palotina, Toledo e Assis Chateaubriand.

“Em 2015, Maripá foi o maior produtor de tilápia do Paraná. Hoje, estamos em 5º, mas não pela falta de tecnologia e comprometimento da cadeia produtiva, nossa área de lâmina d’água é restrita comparada a outros municípios que, além de contarem com maior volume, também têm as águas dos rios”, esclarece o engenheiro de pesca e diretor do Departamento de Meio Ambiente e Piscicultura, Cleiton Manske.

Segundo o diretor, o valor bruto da produção da tilápia está em torno de R$ 58 milhões. Cleiton enfatiza que, desde o início, a produção da tilápia está em contínuo processo de desenvolvimento e destacando-se pelo uso da tecnologia empregada para aumentar a produtividade.

Quando cada setor da rede produtiva atua com comprometimento, de maneira sincronizada e acompanha a tecnologia, o resultado é peixe na tarrafa. Maripá, pioneiro na produção, está nessa região pujante e, cada vez, se consolida como parte protagonista do desenvolvimento regional ao ‘superar as correntezas’, ao escolher a ‘isca certa’, ao não desistir nos dias em que o ‘mar não está para peixe’. Afinal, a produção de peixe de Maripá não é história de pescador!

Além do Oeste: implantação de unidade mista visa promover o melhoramento genético

O melhoramento genético expande pelas propriedades e o reflexo é conferido na produção – Foto: Janaí Vieira

O Oeste do Estado também é destaque no melhoramento e evolução da produção de tilápia. O aprimoramento é uma busca contínua e os municípios da região tem contato com o apoio e incentivo da Inovação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

O melhoramento genético, segundo a chefe de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Pesca e Aquicultura, Lícia M. Lundstedt, é uma abordagem essencial e tradicional que visa agregar características de importância zootécnica aos animais. Entretanto é uma ação de longo prazo.

“Nós, Embrapa, temos proposto a continuidade dos programas de melhoramento genético clássico, com a incorporação de Ferramentas Genômicas e ‘Técnicas Inovadoras de Melhoramento de Precisão (TIMPs)’, que possibilitam reduzir substancialmente o tempo de obtenção de linhagens alvo a serem disponibilizadas para o setor”, declara Lícia.

UNIDADE MISTA – Em julho deste ano, foi anunciada a implantação de uma Unidade Mista de Pesquisa e Inovação (UMIPI) em Toledo. A chefe pontua que no âmbito da Embrapa, a UMIPI é um modelo de cooperação entre instituições que permite a união de competências e o compartilhamento de infraestrutura, de recursos humanos e financeiros de forma sinérgica, a fim de obter resultados em comum, que não poderiam ser realizados isoladamente.

O ‘ALEVINO DO OESTE’ ALÉM DAS FRONTEIRAS – A pujante região conquista mais olhares, empreendimentos e expectativas. É como se a implantação dessa UMIPI-Embrapa fosse um alevino do Oeste, mas tem tudo para crescer, virar um peixe grande e ir rio acima.

“É importante ressaltar que, no âmbito da UMIPI-Embrapa, a unidade irá trazer benefícios que se estenderão além das fronteiras do Oeste, multiplicando sua efetividade e ampliando o protagonismo da região perante a tilapicultura, e servindo de exemplo para o desenvolvimento de outras cadeias da aquicultura nacional”, afirma Lícia.

Filho de peixe, peixinho é!

Produção de tilápia: um negócio filé; o produtor, Arlindo Schach, acertou quando escolheu esse ramo – Foto: Janaí Vieira

“Dê ao homem um peixe e ele se alimentará por um dia. Ensine um homem a pescar e ele se alimentará por toda a vida”, esse antigo provérbio chinês reforça a mensagem intrínseca em relação a necessidade do contínuo desenvolvimento humano em todos os âmbitos da vida. Quem aprende a pescar, não esquece como deve fazer e a ideia é buscar o aprimoramento.

Foi nos ‘tanques de estimação’ – da propriedade da família Schach – que o pai, Arlindo, ensinou o filho, Alisson, a pescar. Isso aconteceu na prática e de maneira figurada. Seu Arlindo atua na produção de Tilápia desde a década de 70. Ele é pioneiro no ramo no município de Maripá. Todo o conhecimento passou de pai para filho e o resultado? Seu Arlindo continua com a produção em ascensão e Alisson viu em 7,5 hectares de lâmina d’água – um valioso ‘banhado’ no interior de Palotina – a oportunidade para também ser um produtor de tilápia. Ambos são associados e integrados na piscicultura da C.Vale.

“A piscicultura sempre foi nossa principal fonte de renda”, relata seu Arlindo e a esposa Ivone. “São mais de 40 anos de atuação nesse ramo. Temos a certeza de que fizemos a escolha certa. Enfrentamos diversos desafios, principalmente, no início, mas contamos com apoio e suporte técnico da prefeitura e do antigo Emater. Repassamos tudo o que aprendemos e, hoje, o Alisson traz as novidades tecnologias e também se apaixonou por esse ramo”.

FISGADO NO ANZOL – Alisson passou a ‘pescar sozinho’ em 2018 quando adquiriu a propriedade. Para ele, diversos fatores precisam estar alinhados para que o processo de produção ocorra e isso envolve infraestrutura, mão de obra, insumos, melhoramento genético, incentivos/subsídios e comercialização.

“Estamos em uma região promissora”, afirma Alisson. “Avalio que Palotina e Maripá estão em destaque por três motivos: primeiro, pelo interesse do produtor em diversificar novas atividades; segundo, pela assistência técnica, incentivos e, em terceiro, a consolidação do frigorífico de peixes que gera a facilidade na produção”, esclarece ao enfatizar que depois de conhecer o ‘caminho das pedras’ não pretende deixar de pescar.

Janaí Meotti Vieira

Da Redação

MARIPÁ E PALOTINA

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