Documentário Eros explora a maior instituição de sexo do Brasil: o motel

No documentário Eros, pessoas frequentadoras de motel foram convidadas a se filmar durante uma noite e compartilhar os seus vídeos para fazer parte do filme dirigido pela britânica-brasileira Rachel Daisy Ellis.  O filme integra a Mostra Aurora da 27ª edição da Mostra de Tiradentes. A exibição será na sexta-feira (26), no Cine Tenda, às 22 horas (distribuição gratuita de ingressos). No dia seguinte, às 12h30, acontece o Encontro com o Filme, no Cine-Teatro Aymoré.

Eros surgiu de uma vontade de explorar e refletir sobre o maior instituição de sexo do Brasil: O motel.  “O motel serve como um prisma das normas e práticas sexuais e emocionais e faz parte do tecido da identidade sexual do país” explica a diretora sobre o desejo de fazer um filme sobre motéis. “Queria explorar e entender melhor as relações que aconteceram entre as quatro paredes dos suítes de motel e o que poderiam revelar sobre como nos relacionamos intimamente.” 

Todas as filmagens foram realizadas com os celulares das próprias personagens que foram convidados a se filmaram durante uma estadia, numa suíte de sua escolha. “Escolhi o dispositivo do auto registro como maneira de adentrar a intimidade e explorar a auto-representação. O filme acabou sendo um mergulho nas relações íntimas, a liberdade sexual, o refúgio, a relação corpo-espaço, a auto-representação, a performance, o amor romântico e a solidão.”

O documentário, produzido por Dora Amorim da produtora Ponte em parceria com a produtora da diretora, Desvia tem distribuição no Brasil da Fistaile, de Talita Arruda e Marina Tarabay. O filme faz parte de um trabalho mais amplo autoral da diretora que explora a influência de instituições nas relações interpessoais, e também o auto-registro.

Sobre o conteúdo bastante explícito no filme, a diretora esclarece: “Fiquei surpresa e tocada com a generosidade com que as pessoas se expuseram, mas entendi que também existe uma vontade erótica, um desejo de se exibir pro mundo, mostrar seus corpos e contar pro mundo suas histórias.  A parceria e cumplicidade entre eu e todos os personagens foi um processo muito lindo e enriquecedor, não apenas para o filme mas pessoalmente.”

A diretora e o montador Matheus Farias costuraram 10 histórias de pessoas que se filmam durante uma noite em 10 suítes diferentes, de distintos lugares do Brasil. A montagem aconteceu em paralelo a pesquisa e a produção, num processo circular, e não linear, ao longo de dois anos.

A diretora é conhecida por seu trabalho como produtora de títulos nacionais como Boi Neon, Divino Amor e Doméstica, dirigidos por Gabriel Mascaro, com quem tem uma parceira na produtora Desvia, há 14 anos. Em 2018 dirigiu um curta documentário “Mini Miss”, seu primeiro trabalho como diretora, que estreou em True/False nos Estados Unidos e ganhou o prêmio de aquisição do Canal Brasil no festival Brasileiro É Tudo Verdade. Eros é seu primeiro longa-metragem como diretora e tem outros projetos documentários em diferentes fases de desenvolvimento e produção.

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