Em 20 anos, programa Leite das Crianças atendeu 956 mil crianças e garantiu renda no campo

O programa Leite das Crianças (PLC), do Governo do Paraná, completou 20 anos em 14 de maio. Criado em 2003 com o objetivo de auxiliar na redução da deficiência nutricional infantil, é um dos mais longevos programas em execução pelo Estado.

Por meio do PLC, crianças de seis meses a três anos de idade recebem por dia um litro de leite integral pasteurizado e enriquecido com ferro e zinco quelato e vitaminas A e D, com no mínimo de 3% de gordura. São beneficiadas famílias com renda per capita de até meio salário-mínimo regional, conforme a lei estadual nº 16.475/2010.

Desde 2003 cerca de 956 mil crianças paranaenses foram beneficiadas. Nesse período foram entregues 861,4 milhões litros de leite, um investimento de R$ 1,515 bilhão. Neste ano estão sendo atendidas aproximadamente 111.210 crianças, de acordo com o Departamento de Segurança Alimentar e Nutricional (Desan), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento. Também integram o PLC as secretarias da Saúde, da Educação e do Desenvolvimento Social e Família (Sedef).

O secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara, explica que de forma simultânea ao repasse do leite às crianças, o programa visa à consolidação das bacias leiteiras locais e regionais do Paraná. “Ele está estimulando a organização e a qualificação de Usinas de Beneficiamento de leite e produtores, incrementando a produção e a geração de renda, promovendo a manutenção de empregos no campo”, diz.

SAÚDE – Com a oferta regular do leite pasteurizado e enriquecido às crianças em insegurança alimentar, é possível garantir o aporte de nutrientes essenciais ao desenvolvimento e crescimento, manter peso e altura ideal para a idade, melhorar imunidade, prevenir a desnutrição, a anemia, entre outros.

A diretora do Desan, Márcia Stolarski, destaca que o cérebro das crianças continua a se desenvolver, atingindo o auge nos primeiros três anos. “Ou seja, o PLC atende uma idade fundamental para o desenvolvimento. É uma política preventiva mais econômica do que realizar o tratamento curativo, que muitas vezes não irá recuperar o potencial de desenvolvimento das crianças”, diz. Os dados da Secretaria da Saúde divulgados em março deste ano comprovam os benefícios. De acordo com a pasta, 90,52% das crianças beneficiárias encontram-se com peso adequado para a idade.

Na avaliação da diretora do Desan, o Leite das Crianças é um exemplo da importância do investimento em políticas públicas voltadas à primeira infância. Ela cita um estudo do professor e ganhador do Prêmio Nobel de Economia em 2000, James Heckman, que diz que a cada US$ 1 investido na primeira infância, obtém-se US$ 7 de retorno na vida adulta. “Esse tipo de investimento pode refletir, no futuro, em menores índices de violência e de evasão escolar, assim como menos gastos com tratamento de doenças”, explica Stolarski. Além disso, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a nutrição adequada na primeira infância melhora o desempenho escolar, o que pode impactar positivamente no Produto Interno Bruto (PIB) de um país.

LATICÍNIOS – Além das famílias, o programa Leite das Crianças beneficia os pequenos laticínios que recebem o leite dos agricultores familiares de todas as regiões do Estado. “Essa vinculação fortalece essas pequenas indústrias que geram emprego e conseguem apoiar o pequeno produtor de leite local”, explica o coordenador do PCL na Seab, Francisco Perez Júnior.

Cerca de 4.500 produtores familiares e 34 usinas de processamento do leite são fornecedores do programa, como o laticínio Naturalat, no município da Lapa, fundado em 2001 e que integra o PLC desde 2004. No início o laticínio produzia 1 mil litros por dia, com ajuda de seis associados. Hoje, com a capacidade ampliada, o Naturalat capta leite de 41 produtores da região, conta o sócio-proprietário, Ilson José Piovezan. Dos 12 mil litros de leite produzidos por dia, 9 mil são destinados ao Leite das Crianças. “O programa é muito importante para os produtores de leite do Paraná, principalmente os pequenos, que têm a comercialização garantida, recebem um preço justo, gerando assim emprego e renda”, diz.

Para essas famílias e usinas de processamento, o PLC tem sido um instrumento eficaz de combate ao êxodo rural e melhoria da qualidade do produto. Isso porque, ao fiscalizar, exigir instalações e procedimentos que atendam às exigências higiênico-sanitárias, manter rigoroso controle mensal e efetuar o pagamento diferenciado pela qualidade do produto, o Leite das Crianças cria um círculo virtuoso que transcende a abrangência do programa, beneficiando a população paranaense. “São ações que estimulam a melhoria da qualidade do leite e a adoção de boas práticas de manipulação e fabricação, que beneficiam os demais consumidores paranaenses dessas usinas”, completa Perez Júnior.

Da Aen

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