Empresário admite ter financiado materiais durante campanha de Bolsonaro
O financiamento é investigado em um inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF). A declaração chamou a atenção dos senadores, que alertaram o empresário de que ele corria o risco de se autoincriminar ao fazer a fala durante o depoimento. O caso provocou reação de aliados de Bolsonaro na comissão. Marcos Rogério (DEM-RO), um dos integrantes da tropa de choque do Planalto, tentou desvincular o financiamento das eleições de 2018 à apuração do colegiado.
Ao ser perguntado se teria custeado materiais de divulgação da campanha de Bolsonaro, o empresário disse que financiou a impressão de materiais por quatro grupos no Nordeste. “Uma campanha feita pelas pessoas, por livre e espontânea vontade, que imprimiram seu material e saíam às ruas”, disse Fakhoury. “Nunca fui solicitado por alguém da campanha.”
O relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL), apontou que a Polícia Federal encontrou notas fiscais emitidas por duas gráficas do Nordeste com a impressão de 560 mil itens de propaganda eleitoral para Bolsonaro sem declaração à Justiça Eleitoral.
Além da campanha, Fakhoury afirmou que apoiou o financiamento de manifestações pró-impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff e que, em 2019, apoiou grupos que foram à Avenida Paulista por pautas ligadas ao governo de Bolsonaro, como a reforma da Previdência. Ele negou que tenha colaborado financeiramente para as manifestações do último 7 de Setembro.
Aluguel de imóvel
Otávio Fakhoury negou à CPI da Covid haver relação entre um reajuste no aluguel de um imóvel seu à Petrobras e uma doação à campanha de Bolsonaro, em 2018. “Nenhuma relação, jamais”, disse
O relator Renan Calheiros afirmou que Fakhoury é dono de um imóvel e o alugou para a Petrobras. Segundo o senador, um aditivo contratual de 7 de maio de 2019 reajustou o valor da locação de R$ 30 mil para R$ 110 mil e depois para R$ 150 mil. “Todos os valores da locação foram reajustados com datas retroativas”, afirmou Calheiros. “Essa diferença deveria ser paga em 20 dias.”
Fakhoury declarou que trata-se de uma transação comercial que está “inteiramente judicializada” desde 2017. Por isso, disse, ele não poderia ter “algum benefício que seja numa transação que está sob ordem judicial, sob crivo da Justiça”. “Não tem nada de ilegal”, afirmou o empresário.
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