Estado quer ampliar a testagem em massa para conter avanço da pandemia
Mesmo sendo um dos estados brasileiros que mais testou a população para detectar a presença do novo coronavírus, o Paraná quer ampliar ainda mais a testagem, com a utilização de testes rápidos para pesquisa do antígeno viral SARS-CoV-2. O objetivo é fortalecer o rastreio, monitoramento e isolamento de contatos relacionados à Covid-19. A necessidade de massificar os exames por antígenos para detectar o vírus foi debatida nesta quinta-feira (10) durante reunião da Frente Parlamentar do Coronavírus da Assembleia Legislativa do Paraná. O teste portátil detecta o antígeno do vírus por meio da coleta de amostra de secreção respiratória (nasofaringe) e apresenta o resultado em aproximadamente 15 minutos.
Para enfrentar o pior momento da pandemia, a Secretaria de Estado da Saúde (SESA) está enviando 85 mil testes rápidos aos municípios do Estado. Os testes rápidos vão se somar aos mais de 2,7 milhões de exames realizados desde o início da pandemia. O número corresponde a cerca de 23,8% da população do Paraná, estimada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 11,5 milhões de pessoas (lembrando que uma mesma pessoa pode ter feito mais de um teste). O Paraná está atrás apenas de São Paulo (3.623.703) em números absolutos de testagem, mas proporcionalmente à frente de São Paulo e de outros estados mais populosos como Minas Gerais (749.282), Rio de Janeiro (1.493.253) e Bahia (1.210.396).
Michele Caputo defendeu o que chamou de intervenção no processo de contágio. “O resultado pelo antígeno é uma das formas de trabalhar as pessoas que circulam, a população economicamente ativa, que usa transporte público, que não fica em casa através de home-office. Nós precisamos fazer mais. Nós temos a mais alta taxa de contágio do Brasil, temos mais de mil pessoas em filas de UTI, taxa de ocupação hospitalar batendo na média em 96%. Problemas de toda ordem, equipes médicas e de enfermagem cansadíssimas e estamos perdendo vidas”, completou.
Nestor Werner Junior, diretor-geral da SESA, explicou que, no início da pandemia, o Estado não tinha capacidade instalada de testagem em larga escala. “Passada essa fase, entendemos que a testagem seria um dos pilares do enfrentamento. O diagnóstico é fundamental para quebrar a cadeia de contágio. Tivemos a consolidação do Paraná como Estado que realiza mais testagem no Brasil. Isso gerou um conhecimento muito grande, fora a economia, chegando a cerca de R$ 300 milhões que puderam ser investidos em outras frentes de enfrentamento da pandemia. A chegada de testes de antígenos para distribuição aos municípios, aumentando a testagem, gera uma economia, pois o teste de antígeno é mais barato. Isso vai ser importante para fazer um rastreamento melhor da pandemia”, explicou.
A iniciativa de testagem em massa tem dado bons resultados em Maringá, no noroeste do Estado. Foi o que explicou Marcelo Puzzi, secretário Municipal da Saúde da cidade. “Compramos 10 mil testes há cerca de um mês. Com esses testes, tivemos uma mudança de paradigma de testagem, aumentando o número de pessoas positivas, pois testamos mais. Assim, mudamos o modo de agir no enfrentamento da pandemia”, disse. Segundo ele, o município iniciou a testagem de grupos prioritários, demonstrando que havia muitas pessoas assintomáticas ou com sintomas leves circulando. “Compramos mais 30 mil testes. Vamos montar dois postos para testagem de grupos que tiveram contato próximo com pessoas com sintomas. Vamos ampliar a testagem de todos esses grupos prioritários. Assim, todos pacientes serão monitorados através de um software”, disse.
Para auxiliar na empreitada, o Instituto de Biologia Molecular do Paraná, está voltando suas pesquisas para ampliar a produção de testes rápidos no Estado. A informação foi passada por Pedro Barbosa, diretor-presidente do Instituto. “Nosso papel é entregar testes para os municípios, onde é realizado o papel de vigilância, identificação e afastamento dos positivos, quebrando a cadeia de transmissão. Só isso vai fazer com que a pandemia, ao invés de subir, desça. Esse teste permite que tenhamos mecanismos mais rápidos de bloquear a circulação do vírus”, explicou. “Nosso teste gera muita segurança, na ordem de 93% de confiabilidade. A produção ainda é limitada por causa da planta, com 20 mil testes por semana. Mas nas próximas semanas esperamos dar boas notícias para a produção em maior escala. Estamos preocupados com o controle da pandemia”, frisou.
Maria Esther Graf, médica do Complexo Hospitalar do Trabalhador, falou sobre as experiências da instituição com a testagem. “Precisamos isolar os positivos. Quanto mais pudermos avançar nisso, será melhor. Elaboramos um protocolo de teste de antígenos no Complexo. Quando temos uma ferramenta dessas, tomamos a decisão com rapidez, tomando os cuidados para que ninguém se contamine”. A Gerente Executiva de Segurança e Saúde do Sistema FIEP, Rosângela Friecke, tem visão semelhante. Para ela, o maior volume de testagem permite que as empresas continuem funcionando. “Também adquirimos teste rápidos para testagem em empresas, pensando na saúde do trabalhador e das empresas. São ações para apoiar a questão da indústria. Neste período, já realizamos 26 mil testes”, comentou.
Sequelas – A Frente Parlamentar abordou ainda o tratamento dos sequelados da Covid-19. “Quem consegue sair da UTI vivo, convive meses e talvez a vida inteira com sequelas, muitas delas gravíssimas. São sequelas de ordem neurológica, cardíaca, hepática, renal, das mais variadas”, disse o deputado Michele Caputo. Neste sentido, Vanessa Suziane Probst, docente do Departamento de Fisioterapia e Clínica Médica da Universidade Estadual de Londrina (UEL), tratou da iniciativa da instituição na recuperação de pacientes no pós-covid. “Primeiramente, estamos levantando todos os dados dos pacientes internados. Na segunda fase, tratamos da reabilitação ambulatorial. Muitos pacientes vão para casa com muitos sintomas. Isso acende um alerta para que nossos esforços sejam direcionados para a fase de reabilitação. O prejuízo não é só individual, mas para a sociedade”, alertou.
Também participaram da reunião, os deputados Arilson Chiorato (PT), Luciana Rafagnin (PT), Cristina Silvestri (CDN) e Nelson Justus (DEM).
Da ALEP
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