Estudantes da UEM buscam patrocinadores para novo carro de competição
Vinte e seis estudantes das engenharias, da Universidade Estadual de Maringá (UEM), estão em busca de patrocinadores para a construção do novo carro do programa Baja SAE Brasil, programa nacional que desafia estudantes de cursos de Engenharias de todo o Brasil para o desenvolvimento de veículos baja, tipo gaiola (off-road), desde sua concepção, projeto, construção até os testes de competição.
O objetivo do projeto é dar oportunidade aos estudantes de aplicar na prática os conhecimentos adquiridos em sala de aula, de forma a contribuir em sua preparação para o mercado de trabalho. Os carros desenvolvidos em universidades do País participam de competições regionais e nacionais, sendo que os três melhores carros, vencedores da disputa nacional, são convidados a participar da competição internacional, nos Estados Unidos.
A atual equipe da UEM é formada por 26 estudantes, sendo que 15 são da Engenharia Mecânica, nove da Engenharia Elétrica e dois da Engenharia de Produção. O nome da equipe é Capibaja UEM, que faz homenagem a capivara, mamífero muito presente nas bacias do Rio Paraná e símbolo de Curitiba, e Baja, que é um veículo para competições off-road.
Segundo Fernando Fungaes, aluno do 3º ano de Engenharia Mecânica da UEM e capitão da equipe Capibaja, o principal desafio para o desenvolvimento do veículo tem sido conseguir recursos suficientes para a produção do off-road. “Para o último veículo, conseguimos arrecadar R$ 30 mil, mas não conseguimos patrocinador para manutenção do motor, pneus, sistema elétrico e tornearia. O que seria fundamental para o próximo protótipo”, explica.
“A verba vem de rifas, venda de produtos, mas a maior parte da renda é de patrocinadores. Nós levamos o nome das empresas que nos apoiam para os eventos que participamos, como é o caso da Expoingá, Dia Mundial da Criatividade, entre outros eventos que dão grande visibilidade para o projeto e consequentemente para os patrocinadores”, enfatiza o estudante do 2º ano de Engenharia Elétrica Guilherme Reis, gerente de gestão da equipe e membro do setor de elétrica do projeto.
Oito anos da Capibaja UEM
A primeira equipe da UEM foi formada em 2016 e o primeiro carro foi concluído em 2019, após a entrada de um grande patrocinador, que doou até macacão e capacete para o piloto. O veículo pioneiro conquistou o segundo lugar como equipe revelação no campeonato regional Baja Sul do Brasil. O segundo carro veio em 2021 e participou do campeonato nacional do ano passado. “Este ano, temos que construir um novo veículo, pois, o projeto SAE Brasil, exige a construção de um novo veículo a cada dois anos”, explica Fungaes.
O atual carro tem motor de 300 cilindradas, pistão único de 10 hp (equivalente a 10,3 cv) e tração traseira. De acordo com a equipe, a velocidade máxima atingida foi de 65 km/h. “Levamos esse carro para o campeonato nacional brasileiro em 2022 e passou em todos os testes, ele só reprovou no teste de tração, para subir o barranco com o motor no zero. Mesmo com a reprovação, levar o carro para uma competição nacional e passar em quase todos os testes foi uma experiência fantástica. Para termos um carro mais competitivo, de alta performance, só precisamos ampliar os recursos financeiros”, avalia Fungaes.
Segundo a equipe Capibaja UEM, o veículo de 2024 deve ficar pronto em meados de outubro e deve ter, além do câmbio CVT, automático (implementado no veículo anterior), uma embreagem centrífuga ou uma adaptação para dois tipos diferentes. Para ser justo com todos os participantes da competição, as equipes recebem um motor padronizado da SAE Brasil, que não pode ser alterado. A equipe da UEM planeja competir na 21ª Competição Baja SAE Brasil – Etapa Sul, de 3 a 5 de novembro deste ano. O evento ainda não tem local definido para ocorrer.
As empresas patrocinadoras do último carro foram Manna Team, Marcotti, Piratas, Ziober, Hackerspace, Baterias Maringá, Senior, Ciser, Casa da Química, Rhino e a Bruno Acabamentos.
Fernando Fungaes, capitão da equipe, 3º ano de engenharia mecânica: “Ser o cabeça desta equipe está sendo uma experiência incrível, muito construtiva. Estou nesse projeto há três anos e desde que entrei na UEM já passei por outros projetos, mas o Baja para mim é diferente porque aqui podemos executar os aprendizados, projetar e construir. Ver o carro funcionando certinho é muito bom, pois vemos que valeu a pena o nosso esforço. É gratificante porque passamos a entender como aquelas teorias que vemos nas aulas podem ser aplicadas na prática.”
Rafael Girotto, diretor da suspensão e da direção, 3º ano de engenharia mecânica: “Estou vivenciando uma oportunidade única na UEM. Você pode até achar entediante todo o conteúdo das aulas, números, fórmulas, mas daí você vem pro Baja e consegue ver essas coisas funcionando na prática. Além de pegar nas ferramentas e montar o próprio carro, você também tem o conhecimento do projeto. Aqui vemos não só a parte da engenharia mas a de projetar o carro, desde o software até chegar na oficina e começar a montar as peças, soldar e apertar parafusos. Então, para mim é fantástico, algo que não esperava antes de entrar na faculdade.”
Guilherme Reis, gerente de gestão da equipe e membro do setor de elétrica do projeto, 2º ano de Engenharia Elétrica: “Eu fico muito feliz em participar de projetos da universidade porque é uma experiência que só o ensino público consegue proporcionar. Fazer parte de uma equipe de carros para competições me engrandece não só como estudante, mas também como pessoa, um futuro engenheiro, porque a gente está a todo momento lidando com o planejamento, com resolver problemas, e são nesses momentos que eu vejo que estou de fato colocando em prática, o que estou aprendendo no curso.”
Vítor Alexandre, diretor do freio, 3º ano de engenharia mecânica: “Eu sempre quis fazer engenharia mecânica e eu já conhecia o projeto antes de entrar na faculdade. Então, entrar para a equipe foi a realização de um sonho porque o nosso curso acaba sendo muito teórico e ter essa oportunidade de realmente colocar a mão na massa, de poder trabalhar na prática, é algo muito gratificante. Para mim, fazer parte desta equipe funciona até como uma válvula de escape já que, às vezes, algumas matérias são cansativas, assim os desafios da montagem do carro me animam a pegar mais gosto pelo curso.”