Ex-chanceler Ernesto Araújo se licencia do Itamaraty por um ano
Ernesto Araújo foi demitido do Itamaraty no fim de março, numa reforma ministerial relâmpago promovida pelo presidente Jair Bolsonaro. Ele passara por embates diretos com senadores e sua condução da chancelaria era questionada dentro e fora do governo, principalmente por militares e por setores econômicos como o agronegócio.
Araújo chegou a acusar a senadora Kátia Abreu (Progressistas-TO) de atuar em favor de lobby chinês – ela é representante dos ruralistas, presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado e obteve na Justiça uma vitória para que o ex-ministro pague indenização de R$ 30 mil por danos morais, com base na insinuação.
Sem trânsito político no Senado, o presidente não pôde indicar o ex-chanceler a embaixadas de renome no exterior, uma deferência na diplomacia, por causa do risco de não ter aval dos parlamentares. Uma alternativa seria a chefia de consulado ou um posto em representações de blocos econômicos, posições que não dependem de autorização dos senadores, mas nem isso recebeu.
A mulher dele, a diplomata Maria Eduarda de Seixas Corrêa, foi transferida para o consulado brasileiro em Hartford, nos Estados Unidos, e já está no país.
Ernesto Araújo ficou um período em cargo administrativo no Palácio Itamaraty e depois pediu uma licença remunerada por 90 dias. Agora, o ex-chanceler não receberá remuneração até 30 de agosto de 2022, quando se encerra a licença.
Notabilizado por embates com políticos e com parceiros como a China e por enaltecer o ex-presidente norte-americano Donald Trump, Ernesto Araújo sempre teve apoio da base conservadora e o apreço do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), o filho do presidente que mais influencia na política externa. Nos próximos dias, Araújo será uma das estrelas a discursar em um encontro de conservadores organizado por Eduardo e bolsonaristas.
Araújo abriu as portas do Itamaraty a blogueiros e youtubers de direita. Por externar posições ideológicas, ele vem sendo estimulado nos bastidores a se candidatar nas eleições de 2022 ao menos a deputado federal, embora em entrevistas tenha negado reiteradas vezes ter planos eleitorais.
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