Fiocruz prevê entregar vacina com produção 100% nacional só no fim deste ano
A produção nacional do insumo usado na fabricação da vacina tornará o País independente da importação do princípio ativo. Hoje, as vacinas produzidas no Brasil pela Fiocruz (AstraZeneca) e Butantan (Coronavac) usam oIFA importado. Recentes atrasos na entrega de vacinas pela Fiocruz têm origem nas dificuldades de importação do IFA, altamente demandado para produção de vacinas em todo o mundo. A produção da vacina com IFA nacional pela Fiocruz, porém, vem sofrendo sucessivas alterações no cronograma neste ano.
A fabricação do insumo já começou em Bio-Manguinhos, mas a entrega depende de uma série de etapas de controle de qualidade, além de aprovação pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). “No início de novembro temos a previsão de fazer a submissão para a Anvisa do processo de pós-registro para incluir nossas instalações como local de fabricação do IFA nacional”, explicou Gonçalez.
“A expectativa é que no final de novembro já tenhamos lotes de produto final aprovados e produzidos com IFA nacional prontos para serem fornecidos para o PNI (Plano Nacional de Imunização, do Ministério da Saúde) assim que tivermos o deferimento do registro pela Anvisa ou a possibilidade de fornecimento para uso emergencial.” A previsão é de produzir 14 milhões de doses com IFA nacional neste ano e entregar 6 milhões no fim do ano.
A produção do IFA nacional passa por uma série de etapas, com testes de comparabilidade pela AstraZeneca, farmacêutica que desenvolveu a vacina. No início de junho deste ano, a Fiocruz anunciou a previsão de que as primeiras doses 100% nacionais fossem entregues ainda em outubro, o que não deve ocorrer. Naquela época, a expectativa era entregar mais 50 milhões de doses ao PNI no segundo semestre com IFA nacional. Já no fim de julho, quando teve início a produção do insumo nacional, a Fiocruz alterou a previsão de entrega até o fim deste ano.
Nesta sexta-feira, segundo Gonçalez, a Fiocruz completou o total de 97 milhões de doses da vacina entregues para aplicação na população. A expectativa é de que, na semana que vem, a Fiocruz chegue à marca de 100 milhões de doses entregues, produzidas com IFA importado. Para o ano que vem, a estimativa é de 180 milhões de doses contra a covid-19.
A vacina produzida na Fiocruz foi desenvolvida pela Universidade de Oxford, no Reino Unido, e pela farmacêutica AstraZeneca. Hoje, no Brasil, é a vacina com maior número de doses aplicadas – 87,5 milhões, o que corresponde a 44,8% do total. Neste mês, houve atraso na entrega de doses pela Fiocruz, por causa da demora para o recebimento de IFA em agosto.
A partir do recebimento do IFA, a fabricação da vacina demora três semanas – por isso o atraso ocorrido em agosto provoca efeitos só agora. Nesta sexta, quase todos os postos de saúde da cidade de São Paulo estavam sem a vacina da AstraZeneca para aplicar como segunda dose.
O problema chega a mais de 95% das Unidades Básicas de Saúde (UBSs) paulistanas e outros pontos de aplicação, como parques e drive-thrus. Cerca de 200 mil pessoas estão com a aplicação atrasada, número que chegará na segunda-feira a 340 mil, segundo a Prefeitura de São Paulo.
Por meio de nota, a Fiocruz informou que há um aumento de demanda global por insumos utilizados na produção de vacinas, “o que se reflete em algumas dificuldades de abastecimento, que afetam em maior ou menor grau as empresas produtoras”. Segundo a Fiocruz, “no momento o abastecimento desses insumos está equacionado” e a previsão de entregas das primeiras doses da vacina nacionalizada “permanece no último trimestre do ano”.
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