Guiné registra a primeira morte causada pelo vírus de Marburg na África Ocidental
Esta é a primeira vez que a doença foi identificada tanto no país quanto na África Ocidental. No entanto, surtos já foram registrados em países como Angola, República Democrática do Congo, Quênia, África do Sul e Uganda.
O caso na Guiné foi identificado na semana passada. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o paciente infectado vivia na mesma região onde houve um surto de Ebola no começo deste ano e que resultou em 12 mortes. Os vírus Marburg e Ebola são ambos da família.
O paciente da Guiné chegou a receber tratamento em um hospital de Gueckedou, município situado no sul do país, mas não resistiu e morreu. O óbito foi confirmado pela agência Reuters.
Segundo a OMS, uma equipe de investigação médica foi enviada à Gueckedou para verificar o agravamento dos sintomas do paciente. E outros dez especialistas – incluindo epidemiologistas e antropólogos – estão no local para ajudar na investigação do caso e apoiar as autoridades nacionais de saúde na resposta de emergência.
“Aplaudimos o estado de alerta e a rápida ação investigativa dos profissionais de saúde da Guiné. O potencial para o vírus Marburg se espalhar por toda a parte significa que precisamos detê-lo em seu caminho”, disse Matshidiso Moeti, diretor regional da OMS para a África.
Entenda o que é o vírus de Marburgo
O vírus Marburg (MARV) pertence a família Filoviridae (os Ebolavirus também pertencem a essa família, mas tem muitos outros membros). Foi inicialmente descrito em 1967, durante uma série de surtos nas cidades alemãs de Marburg e Frankfurt.
Segundo relatos, os trabalhadores de um laboratório foram expostos a tecidos de macacos infectados (Chlorocebus aethiops) em Behringwerke, uma importante planta industrial em Marburg. Durante os surtos, trinta e uma pessoas foram infectadas e sete morreram.
No caso do Marburg, o vírus é transmitido por morcegos da espécie Rousettus aegyptiacus para humanos, que então espalham para outros humanos através do sangue, saliva, fluidos corporais e superfícies contaminadas.
Uma vez infectado, o paciente começa abruptamente a sentir febre alta, dor de cabeça e mal-estar. Na maioria das vítimas, os sinais de hemorragia aparecem dentro de sete dias.
As taxas de letalidade variaram de 24% a 88% em surtos anteriores, dependendo da cepa do vírus e do manejo do caso. A taxa média de mortalidade é de cerca de 50%.
A cientista brasileira Mellanie Fontes-Dutra, bioquímica, neurocientista e coordenadora da Rede Análise Covid-19, fez o alerta sobre a primeira detecção em Guiné em sua conta no Twitter.
“A doença causada pelo MARV é altamente virulenta, podendo levar a febre hemorrágica, com uma taxa de mortalidade de até 88%. Surtos e casos esporádicos foram relatados em Angola, Rep. Dem. do Congo, Quênia, África do Sul e Uganda”, escreveu em sua conta no Twitter.
“Casos como este do MARV nos lembram das consequências quando invadimos o território da vida selvagem e como estamos inexoravelmente interligados com as espécies que habitam este planeta, e desequilíbrios ecológicos podem propiciar esses fenômenos.”, escreveu Mellanie Fontes-Dutra no Twitter. (Com agências internacionais)
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