Haitianos de Toledo comemoram o Dia da Bandeira e prestam homenagem ao RS

Aconteceu na tarde do último sábado (18), a Festa da Bandeira Haitiana, realizada pelo Mouvman Ayisyen Lib e Endepandan (MALE), Embaixada Solidária (anfitriã do evento) e Secretaria de Políticas para Infância, Juventude, Mulher, Família e Desenvolvimento Humano (SMDH). Lembrada anualmente em 18 de maio, a data é celebrada por haitianos tanto em sua pátria quanto ao redor do mundo, em países que recebem migração haitiana.

Em Toledo, a festa foi uma das maiores do país, e marcada pela emoção do começo ao fim, com jovens abraçados e cobertos pela bandeira de seu país, além de canções, danças, poesias e reflexões sobre um dos mais belos países do mundo, mas que enfrenta uma das piores crises humanitárias de sua História. A gastronomia do país caribenho esteve no centro das atenções no almoço típico haitiano servido aos convidados.

Na sequência, o cerimonial pediu um minuto de silêncio em homenagem às vítimas da tragédia climático-ambiental que assola quase todos os municípios gaúchos (até aquele momento, o número de mortos estava em 155). Uma bandeira do Rio Grande do Sul foi entregue às autoridades, em respeito ao estado brasileiro que mais recebe haitianos para recomeçar suas vidas.

O fundador do Mouvman Ayisyen Lib e Endepandan, Pierre-Erick Bruny, declarou que é a primeira vez que a comunidade haitiana residente em Toledo se mobiliza para a comemoração. “Essa data é um marco histórico de libertação do nosso país de um povo que estava profundamente oprimido, escravizado. A nossa identidade tem muito em comum com essa data. Haitianos no mundo inteiro comemoram essa festa e exaltam a nossa bandeira”, destaca.

A fundadora da Embaixada Solidária, a jornalista Edna Nunes agradeceu à comunidade haitiana pelos dez anos de trabalho junto à instituição. “Não existe nada mais lindo que ver jovens resguardando a sua cultura. É um dia histórico, que foi construído com o esforço de todos que estão aqui”, destaca.

O promotor de Justiça, José Roberto Moreira, prestigiou o evento e afirmou que o Ministério Público se mantém atento na garantia dos Direitos Humanos. “Nosso trabalho é pautado em diminuir cada vez mais os acontecimentos marcados pelo preconceito racial, religioso, de gênero e tantos outros. O desejo é que a sociedade possa evoluir na garantia dos direitos e no respeito, de forma que todos possam viver com liberdade, dignidade e em harmonia”, pontua.

Os mais de mil haitianos que vivem em Toledo concluíram o evento agradecendo à comunidade brasileira e às autoridades que, nestes mais de dez anos de convívio e acolhimento, foram fundamentais para o fortalecimento da comunidade e de seus direitos. A intenção é que, juntos, brasileiros e os cidadãos de diversas nacionalidades que formam a comunidade toledana possam avançar na integração, na garantia de direitos, na convivência harmônica, e na troca de experiências.

 

DATA – O 18 de maio, Dia da Bandeira do Haiti é uma data significativa, que carrega grande importância histórica e cultural para o povo haitiano. Exatamente neste dia, em 1803, a bandeira haitiana – um símbolo de orgulho, resiliência e independência – foi criada. A faixa azul simboliza a união dos cidadãos negros e mulatos, refletindo a diversidade e a união da população haitiana. A faixa vermelha representa a coragem e os sacrifícios feitos durante a luta pela independência.

É importante mencionar que, em 18 de maio de 1803, Jean-Jacques Dessalines, que foi o pai da independência do Haiti, rasgou ao meio a bandeira francesa no Congresso de Arcahaie, unindo as cores vermelha e azul. A nova configuração simbolizava a união entre negros e mulatos. Foi assim que nasceu a bandeira do Haiti, um fato marcante no processo de independência do país.

O Dia da Bandeira Haitiana faz memória à bravura e determinação demonstradas pelos revolucionários haitianos que lutaram contra a escravidão e a opressão. O evento na sede da Embaixada Solidária foi momento oportuno para pessoas de todas as nacionalidades honrarem o legado da cultura haitiana, que se faz presente de forma maciça em Toledo, sendo a maior comunidade de pessoas vindas do exterior residindo no município.

 

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