HIV: mães portadoras geram bebês saudáveis e sem transmissão vertical do vírus

É possível evitar a contaminação vertical e garantir que o bebê nasça sem ser contaminado. Com os cuidados necessários, uma criança saudável pode ser gerada no ventre de uma mulher que tenha contraído HIV/Aids. Os trabalhos de conscientização, acompanhamento e busca ativa desenvolvidos pelo Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA/SAE) do Consórcio Intermunicipal de Saúde Costa Oeste do Paraná (Ciscopar) visam permitir que a criança seja gerada em boas condições e corra menos risco de contaminação no parto.

Dados do setor apontam que na 20ª Regional de Saúde de Toledo, atualmente, nove crianças portadoras de HIV estão em acompanhamento e, a partir do controle realizado com a mãe durante gestação e pós parto, é possível concluir que uma destas crianças teve a infecção pelo HIV pela amamentação. “Então o leite materno é ainda veículo de transmissão do vírus. Devido à contraindicação da amamentação, a criança filha de mãe que vive com o HIV, recebe por meio do Estado, fórmula infantil durante pelo menos os seis primeiros meses de vida. A dispensa desta fórmula acontece no CTA/SAE”, destaca a coordenadora do CTA/SAE Ciscopar Jéssica Sartor.

Jéssica recorda que em 2020 o CTA/SAE acompanhou 11 gestantes portadoras do vírus, já em 2021 este número foi para 13, e neste ano já somam 23 gestantes, sendo que seis ainda estão em acompanhamento. “Atualmente estão em acompanhamento no nosso serviço o total de 23 crianças, filhas de mães portadoras do HIV”.

PRÉ-NATAL – A infectologista pediátrica do CTA Monica Olímpia Dall’Oglio Poletti explica que o cuidado deve ser iniciado com a gestante no momento do pré-natal. “Ela deve ser acompanhada e, neste momento, devem ser feitos todos os exames, testes, diagnóstico e tratamento precoce. É preciso diminuir a incidência da transmissão vertical”.

Para a profissional é possível o recém-nascido ter um caminho favorável desde que ocorra a prevenção da gestante. “No HIV, a gestante é tratada durante a gestação. Atuamos para que ela fique com uma carga viral indetectável e acompanhamos a evolução do bebê. Ele será classificado de acordo com o segmento da gestante de baixo ou alto risco e receberá as profilaxias para evitar que adquira a infecção”.

Monica complementa que o trabalho em conjunto fará com que os resultados para a gestante e o bebê sejam benéficos. “No nosso serviço, várias gestantes são acompanhadas e é fruto do cuidado com elas. O trabalho continua e devemos manter a taxa de transmissão menor possível”.

RISCO – Quando a infecção aguda pelo HIV acontece no último trimestre de gestação, o risco de ocorrer transmissão vertical é maior, sendo assim, como em qualquer momento da gestação, quando uma mulher recebe o diagnóstico reagente para HIV, o atendimento e início da tomada de medicação é tratado como prioridade no serviço.

Segundo a coordenadora do serviço, a via de parto é indicada pelo médico obstetra, que a partir de relatório do médico infectologista, estuda a melhor via de parto para aquela gestante.

Além disso, gestantes que possuem carga viral indetectável, mantendo esta supressão após as 34 semanas de gestação, podem, junto ao profissional obstetra, optar pelo parto normal, se a condição geral desta paciente não apresentar impeditivos.

Gestantes que possuem carga viral detectável mas menor que 1.000 cópias após as 34 semanas, também podem, junto ao médico responsável, optar pelo parto normal, desde que recebam profilaxia endovenosa no momento do parto. “Já as gestantes com carga viral desconhecida, ou ainda, carga viral acima de 1.000 cópias, tem indicação de cesárea eletiva a partir da 38ª semana gestacional”, afirma Jéssica.

TRATAMENTO – A coordenadora salienta que quando se trata de gestante portadora de HIV, o tratamento ocorre de forma voluntária ou involuntária, já que é preciso assegurar o direito à vida e a saúde da criança, desde a gestação até o nascimento. “Posterior ao nascimento à criança permanece sendo acompanhada, sendo assim, quando necessário, acionamos órgãos como Conselho Tutelar e Ministério Público, para que sejam tomadas providências a fim de garantir a esta criança o acesso à medicação, consulta e acompanhamento”.

Ela salienta que quando existe abandono de tratamento por parte de paciente gestante, a equipe, em especial, o serviço social, realiza busca ativa, visita domiciliar quando necessário, contato com o serviço de referência na atenção básica, e acionamento dos órgãos competentes.

ACOMPANHAMENTO – É necessário e obrigatório a gestante portadora de HIV seguir o tratamento, pois a adesão e o acompanhamento permitem que as taxas de transmissão vertical (quando uma doença pode passar da mãe para a criança na gestação, parto ou amamentação), reduzam de 30% para menos de 1%, quando existe o controle da carga viral.

A coordenadora enfatiza que a partir do tratamento antirretroviral e acompanhamento especializado, tornou-se totalmente possível uma mulher portadora de HIV gerar uma criança sem o vírus. “O tratamento se coloca como forma de garantir o direito à saúde desta criança, portanto, todos os meios legais são utilizados para que esta gestante receba o tratamento preconizado em protocolo do Ministério da Saúde”.

NASCIMENTO – Jéssica menciona que a criança nascida de mãe portadora do HIV inicia o acompanhamento ao nascimento, sendo realizado exame ainda na sala de parto, bem como administração de medicação profilática utilizada para diminuir as chances de transmissão vertical. “A criança e a mãe serão atendidas no ambulatório nas primeiras duas semanas após a data do parto, sendo que a mãe segue fazendo o uso da medicação antirretroviral normalmente após o nascimento da criança”.

A coordenadora enfatiza que atualmente uma pessoa que vive com o HIV, com carga viral indetectável por mais de seis meses, não transmite mais o vírus por meio de relação sexual. “Mas essa ainda não é a realidade no que se refere a amamentação, portanto, a amamentação está contra indicada quando a mulher for portadora de HIV, já que a transmissão do vírus pode acontecer durante a gestação, parto e na amamentação”.

Da Redação

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