Impactos psicoemocionais da prematuridade

A prematuridade causa um impacto emocional imensurável na família do bebê, conforme afirma a psicóloga obstétrica Rebeca Oliveira, que atua em diversas áreas da maternidade, como pré-natal psicológico, assistência psicológica ao parto e atendimentos. Ela explica as questões psicoemocionais a partir da diferença entre a maternidade idealizada e a maternidade real. “Todas as pessoas que vivem as maternidades ou paternidades passam por essa desilusão do que foi projetado para aquele bebê, para aquela chegada, e uma construção, um vínculo, com a realidade que realmente está vivendo”, destaca.

Para a psicóloga, existe uma visão romantizada da maternidade. Desse modo, a mãe, principalmente aquela que não tem conhecimento sobre a maternidade real, vivencia intensamente tal romantização. “A chegada de um bebê prematuro é como abrir o chão para essa experiência extremamente específica de puerpério”, conta Rebeca.

A psicóloga também explica o sentimento de incapacitação da recém-mãe que vive o puerpério na UTI Neonatal. “Cada bebê terá uma sustentação tecnológica, cada aparelho para uma coisa, e a mulher vai se sentindo incapacitada não tendo técnica para cuidar daquele ser, que é filho ou filha dela, porque, de fato, ele está demandando coisas bem específicas”. Entretanto, Rebeca reforça que os impactos devem ser vistos de forma singular em cada família.

Para lidar com a sobrecarga emocional, a profissional indica que as mulheres entendam o contexto sociocultural que estão inseridas, o qual tende a invisibilizar minorias. “Enquanto mulheres nessa sociedade, nessa cultura que a gente vive, a gente tá partindo de um lugar de sobrecargas, e na maternidade não é diferente, então aquilo tudo que existia de sobrecarga, de demanda, para as mulheres, quando se tornam mãe é potencializado”, comenta.

DIREITOS DO PREMATURO – A Declaração Universal para os Direitos do Bebê Prematuro aborda, em treze artigos, as principais normas de proteção e cuidados na prematuridade. O documento foi escrito em 2008 pelo pediatra Luís Alberto Mussa Tavares, que explicou sua atuação nessa causa em entrevista para a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). O médico relata que seus cuidados nos atendimentos ao prematuro mudaram quando conheceu a Metodologia Mãe Canguru, a qual defende a aproximação da mãe com o bebê. “Um bebê sozinho não existe. Existe um bebê e sua mãe”, expõe.

Sobre os direitos na prematuridade, a advogada Fernanda Feitoza explica que todos aqueles que são destinados para o bebê atingem os pais diretamente. Fernanda é membro do Comitê Jurídico Voluntário e parte da Coordenação de Políticas Públicas da ONG Prematuridade.com. A profissional do Direito também é mãe de dois prematuros, Rafael e Rodrigo, o que a permite “ter uma experiência profissional e pessoal com a prematuridade”, afirma.

Fernanda enfatiza que os direitos do bebê estão relacionados à sua saúde, segurança e proteção. “O bebê tem direito aos cuidados integrais de saúde no ambiente hospitalar e depois, na alta hospitalar, ele tem direito de acesso ao tratamento de saúde que é necessário”, exemplifica. Quanto ao direito dos pais, a advogadamenciona o direito de receber todas as informações sobre os cuidados de saúde que o filho recebe na UTI e o direito de acesso ao leito da UTI. “Esse acaba também sendo um direito do bebê, o direito do convívio familiar”, informa.

Por Thauana Marin Gottardi

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