Incursões aéreas da China perto de Taiwan aumentam tensão com os EUA
Desde sexta-feira, dia 1º, quando a China celebrou o 72º aniversário de fundação da República Popular, as autoridades de Taiwan, considerada uma província rebelde por Pequim, registraram a presença de quase 150 aeronaves chinesas em sua Zona de Identificação de Defesa Aérea – apesar de ser considerada espaço aéreo internacional, o território considera que pode exigir que as aeronaves que por ali trafegam se identifiquem por motivos de segurança nacional.
Nas ações desta segunda-feira, 4, segundo o Ministério da Defesa de Taiwan, foram identificados, entre as aeronaves, 34 caças Shenyang J-16 e 12 bombardeiros Xian H-6, que têm capacidade de transportar armas nucleares. Em resposta, caças taiwaneses foram enviados para a área e sistemas de defesa aérea foram postos em prontidão.
Em comunicado, o Conselho de Assuntos do Continente, órgão de Taipé responsável pelas relações entre Taiwan e a China, exigiu que Pequim interrompa o que chamou de “provocações irresponsáveis” e acusou o país de ser o “principal responsável” pelas tensões recentes.
“Nós declaramos firmemente aos comunistas da China, a República da China em Taiwan está determinada a defender sua soberania nacional, sua dignidade e sua paz no Estreito de Taiwan”, afirmou o conselho, usando o nome pelo qual as autoridades locais se referem ao território. “Temos amplo conhecimento dos movimentos militares comunistas e adotamos as respostas adequadas. Estamos ainda nos comunicando e cooperando com nações amigas, para conter, de forma conjunta, as provocações maldosas dos comunistas chineses.”
Também em comunicado, o Pentágono declarou que o aumento das atividades militares chinesas perto de Taiwan pode desestabilizar a região, além de elevar o risco de um erro de cálculo. “Nosso compromisso com Taiwan é sólido e contribui para a manutenção da paz e da estabilidade ao longo do Estreito de Taiwan e ao redor da região”, diz o texto.
‘Taiwan pertence à China’
“Taiwan pertence à China e os EUA não estão em posição de fazer essas declarações irresponsáveis. As declarações do lado americano violam seriamente o princípio de ‘uma só China’ […] e mandam um sinal extremamente errado e irresponsável”, respondeu a porta-voz da chancelaria chinesa, Hua Chunying.
Apesar de as autoridades de Taiwan se considerarem uma nação independente, para Pequim o arquipélago para onde os nacionalistas fugiram ao serem derrotados na guerra civil é parte integrante de seu território. A China vê as parcerias militares taiwanesas com outras nações, como os EUA, como uma violação de sua própria soberania.
Em 1979, quando restabeleceram plenamente as relações diplomáticas com a China, os EUA concordaram em reconhecer Pequim como única representante do povo chinês. Apesar disso, Washington manteve uma aliança com Taipé, incluindo o fornecimento de armas, que em longo prazo busca evitar que a reunificação do território chinês leve Pequim a controlar o Estreito de Taiwan, vital para a navegação na região.
Na entrevista coletiva, a porta-voz chinesa criticou recentes planos de venda de armas americanas a Taiwan, e afirmou que esse tipo de ação “mina as relações entre EUA e China e a paz e a estabilidade da região”.
“A ‘independência de Taiwan’ não leva a lugar algum. A China vai tomar todas as medidas necessárias para esmagar todas as tentativas relacionadas à ‘independência de Taiwan’. A China tem uma vontade firme de salvaguardar sua soberania nacional e sua integridade territorial”, declarou Hua Chunying.
O governo Biden tem na contenção da China na região do Pacífico uma prioridade. A Casa Branca agora tenta convencer outros aliados a intensificar sua presença no entorno marítimo chinês. Em setembro, EUA, Reino Unido e Austrália anunciaram um novo pacto de segurança para “manter a paz na região Indo-Pacífica” que prevê a construção de uma frota de submarinos nucleares para os australianos.
Embora não seja um acordo de segurança, o chamado Quarteto, com EUA, Índia, Japão e Austrália, também tenta se contrapor aos chineses, agindo em campos como o fortalecimento de cadeias de suprimentos, fornecimento de vacinas e uma alternativa ao plano de investimentos chinês para vários continentes, o Cinturão e Rota.
No mês passado, o porta-aviões USS Ronald Reagan entrou no Mar do Sul da China e participou de exercícios navais nos arredores da ilha japonesa de Okinawa, a cerca de 700 km de Taiwan. Além de um outro porta-aviões americano, o USS Carl Vinson, as operações contaram com a participação de embarcações de Reino Unido, Holanda, Canadá, Japão e Nova Zelândia. (Com agências internacionais).
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