Indústria apostou na contratação de jovens e mulheres em setembro
Mulheres, jovens e trabalhadores com Ensino Médio completo foram os preferidos nas contratações formais (com carteira assinada) da indústria paranaense em setembro, de acordo com os dados divulgados pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged). Das 3.336 novas vagas abertas, 1.850 foram preenchidas por elas e 2.119 trabalhadores têm entre 18 e 24 anos. A qualificação mínima também teve relevância. Dois mil trezentos e trinta e três admitidos já concluíram o Ensino Médio.
Parte do perfil dessas novas admissões se explica pelo aumento da empregabilidade em setores que são grandes demandantes de mão de obra feminina e especializada, como de confecções e artigos do vestuário, que liderou as contratações do setor em setembro, com 738 novos postos de trabalho preenchidos. “Essa é uma boa oportunidade para quem quer entrar no mercado de trabalho e, também, para as empresas que necessitam formar novos profissionais para atender à demanda do mercado, que está aquecido. O ganho é mútuo”, avalia o economista da Federação das Indústrias do Paraná, Thiago Quadros. “Este movimento segue uma tendência nacional, já que o setor de confecções também foi o segundo que mais gerou vagas de emprego este ano no país”, completa.
Na sequência dos segmentos que mais contrataram em setembro vêm produtos químicos (319), minerais não-metálicos (299), moveleiro (250) e máquinas e equipamentos (199). Das 24 atividades avaliadas pelo Novo Caged, apenas duas tiveram desempenho negativo. Setor de petróleo (-83) e fabricação de equipamentos de transporte, exceto veículos (-32).
Empregos na indústria em 2021
No acumulado do ano, o perfil do trabalhador admitido é parecido. De janeiro a setembro, dos 46.900 trabalhadores contratados pela indústria no estado, 32.431 concluíram o Ensino Médio e 25.772 estão na faixa de 18 a 24 anos. Porém, os homens foram maioria no período, ocupando 26.205 postos contra 20.782 das mulheres. O segmento do vestuário reponde por 6.854 novas oportunidades preenchidas, seguido de perto por alimentos (6.606), madeira (4.480), fabricação de produtos de metal (3.777), máquinas e equipamentos (3.416) e moveleiro (3.084). Apenas o setor do fumo (-59) ficou negativo.
No Paraná, a indústria soma nove meses seguidos de geração de novas vagas. Com exceção de dezembro, que é um mês de sazonalidade – em que há mais demissões do que contratações em decorrência dos empregos temporários para atender à demanda de fim de ano – desde junho de 2020, a indústria vem abrindo novas oportunidades de trabalho formal. Este ano, é o segundo setor da economia que mais admitiu profissionais, ficando atrás apenas de serviços (64,8 mil).
Apesar dos bons indicadores, o ritmo de geração de novas vagas vem desacelerando nos últimos meses. A queda na comparação com agosto é de 38% e, em relação a setembro do ano passado, chega a 50%. No resultado acumulado de 2021 o impacto forte da pandemia no ano passado ainda coloca a indústria em destaque, com saldo de janeiro a setembro quatro vezes maior do que registrado no mesmo intervalo de 2020. São 46.987 vagas agora contra 11.718 no ano anterior. “É preciso cautela ao analisar porque além do efeito da pandemia mais severo no ano passado, com fechamento temporário de algumas empresas, ainda temos, este ano, o avanço da vacinação, o aumento das atividades presenciais, maior circulação de pessoas e a economia tentando retomar à normalidade”, justifica. “A condição de agora, embora não seja ideal ainda, é mais favorável ao consumo – que gera aumento de demanda nas fábricas – do que foi em 2020”, informa Quadros.
No total, a indústria emprega quase 712 mil profissionais no Paraná, ligeira alta de 0,47% em relação ao resultado avaliado em agosto, que foi de 708.583 pessoas. “O resultado é bom, a indústria continua criando oportunidades, mas o ritmo de contratações está caindo. A velocidade de abertura de novos postos está em tendência de queda”, analisa o também economista da Fiep, Evânio Felippe.
De acordo com ele, alguns fatores de natureza política e macroeconômica podem justificar esse comportamento. “O aumento nos custos de produção, gerado tanto pela cotação ascendente do dólar quanto pela crise hídrica e energética, a alta no preço dos combustíveis, que oneram o custo logístico para escoamento dos produtos, e a instabilidade política no país também impactam as condições no mercado de trabalho”, explica.
Um exemplo é o setor de carnes, que representa 10% do PIB industrial do Paraná e é grande empregador de mão de obra no estado, diz o economista. Há uma grande dificuldade com a elevação no preço de insumos utilizados em ração animal e que são cotados em dólar. Nos últimos 12 meses, a produção de frango, de acordo com boletim semanal de conjuntura da Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento, ficou 44,27% mais cara. Desde janeiro, o aumento de custos chega a 21%. “Nem sempre o industrial pode repassar a alta nos preços integralmente para o consumidor para não perder competitividade”, argumenta Felippe.
Ele explica que para ganhar fôlego no caixa o empresário revê suas intenções e segura investimentos, que já estão sofrendo o reflexo da alta na taxa básica de juros Selic, atualmente em 7,75% ao ano. “Nesse momento em que a economia tenta se recuperar, a retomada dos investimentos é fundamental porque se reflete em aumento de produção nas fábricas e, consequentemente, em criação de novos empregos. Frear essa intenção pode comprometer o resultado no mercado de trabalho nos próximos meses”, alerta o economista da Fiep.
Da Fiep
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