Industrial do Paraná está mais preocupado com o futuro da economia, aponta pesquisa da Fiep
Esta é a terceira queda seguida no indicador de confiança e a pontuação mais baixa dos últimos sete meses
O principal indicador que mede a confiança do industrial paranaense nos negócios e na economia (ICEI) caiu pelo terceiro mês seguido, de acordo com pesquisa mensal da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep) realizada em parceria com a Confederação Nacional da Indústria (CNI). O estudo de novembro revela que o índice atingiu 57,9 pontos, ainda dentro da área de otimismo – acima dos 50 pontos, numa escala que vai até 100. Esta é a menor pontuação dos últimos sete meses. Em outubro, o ICEI foi de 58,4 e, em setembro, chegou a 62,3 pontos.
O que chama a atenção este mês é o responsável pela queda. “Ao contrário dos últimos dois meses, quem puxou a redução não foi o indicador de condições, que mede a confiança do empresário com base na economia e nos resultados obtidos pelas empresas nos últimos seis meses”, explica o economista da Fiep, Marcelo Alves. Este dado que havia caído 4,5 pontos de setembro para outubro, agora teve ligeira elevação de 0,3 pontos. “Alguns dos principais gargalos verificados em pesquisas anteriores foram a escassez e ao alto custo de matérias-primas. Embora essas dificuldades ainda estejam presentes no dia a dia das indústrias, elas vêm sendo contornadas e parecem não ser mais o principal foco de preocupação dos empresários”, sugere.
Já o índice de expectativas, que se refere à visão da economia e dos negócios para o futuro, somou 61,4 pontos. Teve uma retração de 0,9 em relação a outubro, quando chegou a 62,3 pontos, e de um ponto na comparação com setembro. Juntos, os dois indicadores, de condições e expectativas, formam o ICEI – que mensalmente avalia o grau de confiança do industrial e suas pretensões para os próximos meses.
O empresário da indústria não andava tão apreensivo com os rumos da economia desde março deste ano, quando o ICEI atingiu 54,4 pontos e a segunda onda da Covid -19 era motivo de grande preocupação no Paraná, com elevado número de casos e mortes. “Uma possível explicação para essa mudança de pensamento do industrial paranaense pode estar relacionada aos sinais do mercado que demonstram fragilidade na economia brasileira neste e no próximo ano”, opina o economista.
“O dólar e a inflação em alta, as previsões pessimistas de crescimento do PIB em torno de 1% para 2022, segundo o último boletim do Banco Central, e condições macroeconômicas desfavoráveis podem ter interferido na opinião dos empresários este mês”, avisa Alves. “Um exemplo são as reformas, que não avançaram em Brasília, e a falta de controle nos gastos públicos, que aumentam o endividamento do Governo. Tudo isso gera desconfiança e impacta nas expectativas para o futuro”, argumenta ele.
Sondagem industrial
O acompanhamento mensal da CNI, referente a outubro, ainda não confirma esse otimismo mais baixo do industrial paranaense. Apenas 29% dos entrevistados se queixaram de queda no volume de produção. Quase 50% responderam ter estabilidade e 21% afirmaram que o volume aumentou nas fábricas. A utilização da capacidade instalada nas linhas de produção ficou abaixo do usual para o mês somente em 24% dos avaliados, enquanto 22% registraram estabilidade, 58% permaneceram igual ao usual e 13% ficaram acima.
O nível médio de utilização da capacidade instalada ficou entre 90% e 99% para 26% dos respondentes e, entre 80%e 89%, para 21% do total. “O ideal é ficar entre 80% e 90%. Mais que isso pode sugerir que por falta de investimento a capacidade está no limite e não se pode mais ampliar a produção”, explica o economista.
No mercado de trabalho os reflexos ainda são positivos. Quase 80% deve manter os empregos em suas indústrias e somente 5% preveem queda. Para os próximos seis meses, só 13% devem demitir. Mais de 68% pretendem segurar os empregos e 18% esperam contratar mais funcionários.
“Preocupa o fato de que 8% dos entrevistados afirmaram estar com estoques de produtos zerados. E 13% com baixo ou muito baixo nível. Se isso piorar, pode ser um entrave para a recuperação da economia”, alerta Marcelo Alves. Por enquanto, 58% têm estoque igual ao planejado e 21% acima ou muito acima.
Nos próximos meses, 45% dos pesquisados disseram que a demanda por seus produtos deve se manter e 26% previram aumento. Já 29% estimam redução. A compra de matéria-prima deve se estabilizar para 42% e aumentar para 32%. Só deve cair para 26% dos industriais que responderam à pesquisa.
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