Julho Amarelo: a importância da conscientização do câncer nos ossos

Demonstrar a importância do diagnóstico precoce para um tratamento eficaz e assertivo é um dos objetivos do Julho Amarelo, que visa a conscientização da população sobre o câncer nos ossos. O tumor ósseo é considerado raro e corresponde a 1% de todos os tipos de câncer.

O tumor ósseo ou “câncer ósseo” é uma massa de tecido causada por um crescimento celular anormal no osso, processo denominado de neoplasia. Os tumores musculoesqueléticos correspondem a menos de 1% dos casos ambulatoriais em ortopedia e a, aproximadamente, 3% das neoplasias em geral.

Na região Oeste, um dos hospitais responsáveis pelo tratamento é a Uopeccan. O local presta serviços altamente especializados no tratamento do câncer, doenças hepáticas e outras especialidades. São realizados atendimentos particulares, com Operadoras de Plano de Saúde e pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O complexo é o único Centro de Alta Complexidade em Oncologia do Paraná (Cacon) que possui o Selo da Organização Nacional de Acreditação (ONA), que certifica a qualidade dos serviços de saúde no Brasil.

ATENÇÃO – Estudos ainda mostram que as neoplasias ósseas primitivas estão entre as cinco neoplasias mais frequentes na faixa etária entre 5 a 15 anos. Em casos de lesão óssea acima dos 40 anos, a primeira suspeita é de estar diante de uma lesão óssea metastática.

De acordo com a cirurgiã oncológica Mariana Tais Ferreira Moreira, a primeira queixa de um possível paciente com tumor ósseo é a dor. O tumor considerado mais comum é o osteossarcoma e ocorre principalmente em jovens. “Geralmente entre o final da adolescência e o começo da vida adulta. A doença pode se confundir com a dor do crescimento, porém ela é uma dor persistente e pode piorar no período noturno”.

Outro sinal a ser considerado como alerta é a fragilidade do osso. Como ele está mais fraco, quebra facilmente. Exemplo: a pessoa não tem um tombo ou uma lesão considerada o suficiente para uma fratura óssea importante. Perante esse sinal, a médica orienta que o cidadão inicie uma investigação, porque existe a possibilidade do osso apresentar algum tipo de tumor.

Mariana explica que o câncer de osso pode começar na própria estrutura; na cartilagem que acompanha o osso ou na médula óssea que formam as células do sangue. No adulto, é mais comum começar em outro órgão e se disseminar aos ossos, o que é chamado de metástase. “Um homem com câncer de próstata pode ter o quadro clínico evoluído aos ossos do quadril. Uma mulher com câncer de mama que deu raiz para o fêmur ou para o úmero. Em síntese, o tumor pode começar do osso ou de outro órgão e se disseminar para o osso”.

TERAPIA – O tratamento vai depender do tipo de câncer e o estágio em que ele se encontra. No caso de osteossarcoma, o tumor é retirado do local que começou e associa-se a quimioterapia e a radioterapia. A médica recorda que dependendo da condição clínica existe a necessidade da amputação. “Ela não é tão frequente, porque existem outras terapias. A quimioterapia pode fazer o tumor reduzir. O profissional também pode fazer a ressecção daquela porção onde tem o tumor e o paciente pode tentar usar uma prótese. O mesmo vale pra outros tipos de cânceres. Além disso, podemos associar terapias locais para diminuir as chances do tumor retornar”.

No condrossarcoma – tumor que começa na cartilagem – o especialista realiza a ressecção e também tentar fazer a reconstrução com uma prótese. Nos casos em que o tumor é na médula óssea, o paciente passa por quimioterapia ou por transplante. A cirurgiã oncológica ainda salienta que quando o câncer começa em outro órgão e dá raiz para os órgãos deve tratar onde começou.

RECOMENDAÇÃO – Atualmente, não existe um exame de sangue que detecta todos os cânceres ósseos. O mieloma múltiplo apresenta sinais no sangue sugestivos que existem alterações ou lesões no osso.

Conforme Mariana, o tumor que começa em uma pessoa jovem existe a necessidade de fazer a biopsia para confirmar o diagnóstico. “Orientar no acompanhamento do paciente que o tumor melhora e depois pode voltar a alterar e vai ‘acender o sinal de alerta’”.

A cirurgiã oncológica esclarece que os tumores que começam nos ossos são raros. “A prevalência – em média – é de quatro casos para cada um milhão de pacientes. São mais comuns nos jovens (final da adolescência e começo da fase adulta”.

Por isso, a importância e o alerta em valorizar bastante a queixa de dor óssea nesta fase e investigar de forma adequada para não deixar a doença progredir. “Desta maneira, é possível promover um tratamento efetivo sem precisar fazer procedimentos mutilantes”.

Mariana complementa que se observar esse tipo de câncer na condição de tumor pediátrico, o impacto pode ser maior. “Na região não existem muitos casos, porém como o hospital é referência e possui uma equipe de ortopedia nós acompanhamos casos, porque os pacientes de toda a região são encaminhados para a unidade hospitalar. O importante é tentar um diagnóstico precoce, assim aumenta a chance de êxito do tratamento”.

Neoplasias*

1°        C50 Mama

2°        C44 Pele (não melanoma)

3°        C61 Próstata

4°        C91 Leucemia linfoide NE

5°        C18 Colón

6°        C73 Glândula Tireoide

7°        C20 Reto

8°        C92 Leucemia mieloide

9°        C53 Colo do útero

10°      C34 Pulmão

*Os cânceres mais tratados, atualmente, no hospital. Os dados são de janeiro a junho de 2023

Uopeccan

O complexo hospitalar em Cascavel possui uma área com mais de 12 mil m², sendo: Hospital, Casa de Apoio e Núcleo Solidário. São 125 leitos, UTI adulto e infantil com dez leitos e com equipamentos de suporte a vida de última geração. A unidade ainda tem o Centro Cirúrgico com cinco salas totalmente equipadas que permitem a realização de procedimentos operatórios de qualquer complexidade. Concluiu-se também a Unidade exclusiva para o tratamento do câncer infantojuvenil, fazendo da Uopeccan uma referência exclusiva na região. Em Cascavel, também há o Programa de Residência Médica em Cancerologia Clínica e Cirúrgica, Transplante de Medula Óssea e um dos mais sofisticados tratamentos de Radioterapia do país. É umas das poucas instituições do Sul do Brasil que possui em sua equipe multiprofissional, médicos especialistas no tratamento de crianças e adolescentes com câncer e única do interior do Paraná que é habilitada e credenciada para realizar transplante de fígado.

Da Redação

TOLEDO


Rafaéli e sua família procuraram manter uma vida normal / Foto: Divulgação

“Tentei levar essa fase da minha vida de maneira leve”, afirma jovem

O mês de fevereiro do ano passado mudou a rotina da jovem Rafaéli Petel, mas não tirou sua alegria e a leveza na maneira de ver a vida. A adolescente, de 15 anos, que reside em Candói recebeu o diagnóstico para osteosarcoma. Atualmente, ela segue com o tratamento de quimioterapia oral.

Estudante do primeiro ano do Ensino Médio e secretária de sua irmã, Rafaéli conta que estava andando de skate e sofreu uma fratura no joelho esquerdo em 2022. “Tirei ele do lugar. Eu e minha família decidimos buscar por atendimento de uma fisioterapeuta. A profissional decidiu me encaminhar para um ortopedista”.

Alguns exames clínicos foram solicitados pelo ortopedista e todos foram realizados pela jovem. Rafaéli recorda que o último exame pedido foi uma tomografia. “No resultado, ela apresentou a suspeita para uma infecção ou a existência de um tumor no local”.

A jovem recorda que a partir desse exame o ortopedista de Candói decidiu a encaminhar para a Uopeccan, no município de Cascavel. “Na unidade hospitalar, eu fiz a biopsia no dia 5 de abril e 21 dias depois recebi o diagnóstico confirmando que se tratava de um tumor. A notícia foi repassada para a minha família e para mim. Na sequência, o tratamento com quimioterapia teve início”.

A DOENÇA – Estudos mostram que o osteossarcoma é o câncer ósseo primário mais comum em crianças e adolescentes, com maior incidência entre os 20 e 30 anos de idade. É chamado de primário, pois é um câncer que se inicia nos ossos. Os locais mais comuns onde esse tipo de câncer atinge são o fêmur distal, a área do joelho e o ombro. Meninos e meninas têm uma incidência semelhante desse câncer até o final da puberdade, quando os homens começam a dominar no diagnóstico da doença.

De acordo com Rafaéli, o tumor estava na fase inicial. “Receber essa notícia foi um susto para a família e para mim. Porém, nós conseguimos lidar com essa situação e seguimos em frente”.

Ela passou por sete quimioterapias e então houve a decisão médica de realizar a amputação do membro. “A minha cirurgia foi realizada no dia 22 de setembro do ano passado. Após esse procedimento, eu fiz mais 11 quimioterapias. Encerrei essa fase em junho deste ano e agora faço o uso da quimioterapia oral”.

QUALIDADE – Apesar dos altos e baixos, Rafaéli sente-se bem. “Os meus objetivos de vida, neste momento, são estudar e investir em alguma atividade, como fazer um curso superior”.

A jovem afirma ser a mesma pessoa antes de receber o diagnóstico da doença. “Eu estou com a mesma energia para todas as minhas atividades. Eu sempre busquei levar essa fase da minha vida da maneira mais leve o possível. Hoje, não tenho mais o tumor e estou fazendo a quimioterapia oral para não ter risco de voltar”, explica.

Rafaéli também faz o uso de prótese. “No momento estou sem ela, porque a prótese está passando por ajustes. “Independente da tempestade tudo passa e para sempre achar uma maneira mais leve de passar por tudo isso! Sempre sorrindo e, principalmente, não deixar de viver! Sempre mantive meus hábitos. No período comecei a ler mais livros e aos sábados ia aos encontros de jovens!”.

Da Redação

TOLEDO

...
Você pode gostar também
Deixe uma resposta

Seu endereço de email não será publicado.