Luta diária: os desafios das mães que precisam recomeçar a vida

“Como foi seu dia?”. Uma pergunta simples. Uma pergunta que remete interesse pelo outro. Uma pergunta geralmente utilizada por adultos, masna casa da salgadeira Sionara Pessoa é diferente, é a pequena Brenda de sete anos quem olha docemente para a mãe e pergunta: ‘como foi seu dia, mamãe?’.

Sempre que a mamãe, Sionara, ouve essa pergunta ela para tudo o que está fazendo para ‘entrar no mundo’ da filha. “Ela me surpreende toda vez que faz essa pergunta. É o nosso momento, nosso momento de conversar, de mostrar que existe interesse, que o que é mais importa é ela, é minha filha”.

Sionara foi mãe aos 23 anos. Na época, ela estava casada e acreditava estar construindo a família em alicerces rochosos, contudo, era na areia… “Eu me sentia muito sozinha. Estava casada, tinha sonhos e a Brenda veio para dar ânimo, força e coragem. Mas é como dizem: ‘nasce uma criança e também nasce uma mãe’. Depois que ela nasceu brotou em mim tamanha responsabilidade, afinal aquele pequeno ser dependia de mim”.

Dois meses após o nascimento de Brenda, Sionara separou pela primeira vez. Para ela, foi um momento de muita dificuldade, afinal, era apenas o início do sonho da construção de uma família. “Algum tempo depois, resolvemos tentar novamente. Infelizmente, a relação continuava muito conturbada. Eu não queria que minha filha fosse criada em um ambiente com desentendimentos e conflitos. Foi uma decisão muito difícil optar pela separação, na época a Brenda tinha dois anos. Porém, era a escolha certa para poder dar um lar tranquilo para minha filha”.

O ACOLHIMENTO PARA O RECOMEÇO

O término do relacionamento exigiu que Sionara tivesse que recomeçar. Ela conta que sempre fazia tudo sozinha, mas ao se deparar com a necessidade de um recomeço – e com uma filha de dois anos – ela iria precisar de ajuda. A responsabilidade que tomou outras proporções após se tornar mãe fez com ela tivesse a certeza de que era o momento de contar com uma rede de apoio.

“Eu achava que dava conta de tudo sozinha, mas aprendi que nem sempre isso é possível. Nesse recomeço toda a minha família me acolheu, na verdade sempre me acolheram, mas naquele momento foi especial, foi importante contar com eles”, relata Sionara ao contar que naquele período Brenda e ela passaram a morar com a mãe e a avó.

Para trabalhar, Sionara relata que para trabalhar conta com a ajuda da família em relação aos cuidados com a Brenda. Hoje, ela e Brenda residem em outra casa que, segundo ela, é um novo recomeço, pois permitem intensificar ainda mais o convívio mãe e filha.

QUANDO NASCE UMA MÃE

Entre os pontos que marcar a mudança de Sionara após se tornar mãe, ela afirma que é a responsabilidade. “Me tornar mãe me fez abdicar de muita coisa do meu gosto, de não ser egoísta para muita coisa, de não pensar só em mim, mas pensar nas outras pessoas também. A partir do momento que a gente é mãe, a gente pensa primeiro no filho, se ponha no lugar do outro. Eu acho que isso mudou muito. A visão é diferente, começa a ser diferente”.

Uma mãe também nasce quando se permite aprender com o filho e segundo Sionara, ela aprende muito com a Brenda. “Eu aprendo muito mais com ela – ela nem percebe isso – do que ela comigo. Claro que os filhos são espelho das nossas atitudes, nem é do que a gente fala, é do que a gente faz que eles percebem. Eu tenho bem pouco tempo com ela, porque é bem corrido pra mim, só que nesse pouco tempo eu busco estar de corpo, alma e coração com ela”.

Para driblar o cansaço e multiplicar o tempo, por vezes, Sionara precisa usar ‘fórmulas mágicas’ que consistem em deixar os desejos dela em segundo plano. “Quando tenho pouco tempo de almoço, eu almoço rápido para ir brincar com ela. Quando temos mais tempo juntas procuro fazer coisas que ela gosta, coisas leves, aquelas para deixar lindas memórias. Meu desejo como mãe é que a Brenda possa seguir o que ela quiser, que possa fazer o que ela ama, que ela realize seus sonhos e que encontre um mundo mais acolhedor, com menos preconceito, menos discriminação, menos violência. E que ela continue transmitindo esse amor, essa luz que ela tem”.

Da Redação

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