Médicos do Emilio Ribas fazem manifestação pedindo novas contratações
“Em 2022 teremos dois cenários com potencial catastrófico: a obra longeva chegará ao fim com a abertura de 78 leitos, ao mesmo tempo que a SPDM diminui a sua atuação, já que a pandemia está chegando ao fim e não há mais necessidade de tantos leitos de covid-19. Dessa forma, se já não há recursos humanos para fazer o hospital funcionar, como os atendimentos ficarão diante da retomada de leitos?”, questiona Wladimir Queiroz, diretor clínico do hospital.
SPDM é a sigla da organização social Associação para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM), que como terceirizada cuidou de parte do hospital durante o pico da pandemia de covid-19. Esta foi a alternativa encontrada pelo Governo do Estado de São Paulo, segundo Queiroz, para garantir a oferta de serviços em um hospital altamente especializado que contava com poucos recursos humanos.
“O hospital é uma instituição centenária que teve um protagonismo em todas as epidemias que São Paulo enfrentou, inclusive de covid-19, além de ser um serviço que gera recursos humanos para o SUS, formando médicos infectologistas para o Brasil inteiro, além do principal: prestar um serviço altamente especializado para a população”, argumenta.
A principal preocupação é com a finalização de uma grande obra de ampliação que está sendo feita nos últimos anos e vai terminar sem ter funcionários suficientes. “Com a entrega da obra, esse quadro tende a se agravar mais ainda, já que não são realizados concursos públicos para repor o déficit de profissionais desde 2015. A partir de então, apenas entre os médicos, já ocorreram mais de 40 saídas, seja por exoneração, aposentadoria ou óbito. Este quadro clínico de infectologistas deveria ser reposto por meio de concurso público”, diz Eder Gatti, presidente da Associação dos Médicos do Instituto de Infectologia Emilio Ribas (AMIIER).
Procurada, a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo afirmou que a paralisação de parte dos funcionários não prejudicou o atendimento no Emilio Ribas e que o hospital está “operando normalmente, atendendo plenamente sua demanda. Todo o seu corpo de funcionários segue trabalhando normalmente e todos os pacientes estão sendo atendidos”, disse, em nota.
A pasta afirma que “investiu mais de R$ 9,6 milhões nestes dois anos de pandemia para reforço de profissionais na unidade, somando 181 contratos por tempo determinado. Portanto, em todas as ocasiões em que houve aumento dos leitos e da assistência, o número dos profissionais também teve crescimento com impacto direto na assistência da população.”
E reforça que a unidade vem passando pela “maior reforma e ampliação de sua história, que aumentará em 34% sua capacidade de atendimento, com destaque para os leitos de UTI que terão capacidade triplicada, bem como quadro profissional suficiente para atender esta nova demanda. As obras estão em andamento e até o final da reforma, serão investidos R$ 130 milhões. Importante salientar que a pasta estadual continuará assegurando os serviços, estruturas e recursos humanos para garantir assistência, já reconhecidos por sua excelência pela população, prezando pelas melhores práticas de gestão e de uso dos recursos públicos.”
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