Mourão: ação de garimpeiros no Rio Madeira pode ter apoio do narcotráfico
Segundo o vice-presidente, o interesse do narcotráfico em explorar as rotas fluviais da Amazônia passa não apenas pelo transporte de drogas, mas também pelo interesse no comércio de ouro.
“Nós temos tido vários informes de que o narcotráfico, essas quadrilhas, na ordem de proteger suas rotas, subiram para lá. Uma das formas de se manterem é apoiando ações dessa natureza (garimpo). Até porque, se o ouro é extraído ilegalmente, é um ativo que eles podem trocar por droga”, afirmou Mourão.
O vice-presidente comentou que a Polícia Federal, a Marinha e o Ibama já estão se preparando para agir. “A Marinha tem que verificar quem tem embarcação legal. O pessoal que está na ilegalidade vai ter a embarcação apreendida”, disse.
Natural da cidade de Humaitá (AM), município cortado pelo Rio Madeira, Mourão reconheceu que, há décadas, há aglomeração de balsas de garimpo ilegal na região. “Isso ocorre todos os anos. Normalmente, eles ficam ali na região de Humaitá. Esse ano deve ter aparecido ouro mais para cima, lá perto de Autazes. E eles se concentraram lá”, comentou.
A PF não dá detalhes sobre a operação, mas o Estadão apurou que um grande contingente de agentes envolvendo policiais, agentes do Ibama e das Forças Armadas foi destacado, dada a dimensão do problema e os riscos de reações violentas. Em ações desse tipo, são utilizados geralmente drones e aparelhos de telefone satelital.
Conforme o Estadão revelou, garimpeiros já estavam cientes da mobilização policial que pretende dar fim ao que se converteu em uma “Serra Pelada” fluvial. Em mensagem enviada no fim da manhã de quarta-feira, 24, por meio de WhatsApp, um garimpeiro já avisava aos demais que “está saindo de Manaus um comboio do Exército, Polícia Federal e Ibama” para a região onde estão as balsas, nas proximidades do município de Autazes. “Está lotado, mano, e subindo para a banda daí, viu”, diz o garimpeiro.
No comando das balsas clandestinas, garimpeiros também prometeram reação caso sejam abordados por ações de repreensão. Em outra mensagem de áudio obtida pela reportagem, um homem fala em montar um “paredão” de balsas, com pessoas ao redor dos equipamentos, para reagir a qualquer tipo de abordagem para fiscalização. “Vocês que têm muita balsa aí, (tem que) fazer um paredão mesmo daqueles e esperar todo mundo aí na frente da balsa. Um atrás, um na frente e ver o que é que dá. Eles vão respeitar, entendeu?”, afirma.
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