Mulheres são a maioria do eleitorado em Toledo

As estatísticas do eleitorado revelam que, seguindo a tendência de eleições anteriores, as mulheres são a maioria das pessoas aptas a votar nas Eleições 2022. Em Toledo, dos 104.165 eleitores que poderão votar neste domingo (2), 54.888 são do gênero feminino e 49.277 masculino. O número de eleitoras representa 53% do eleitorado, enquanto o de homens equivale a 47%.

O cientista político Gustavo Biasoli Alves explica que a tendência da maioria do público apto ao voto ser feminino também se reflete no estado do Paraná e no Brasil. “As mulheres são a maioria da população e também elas são a maioria aptas ao voto”.

Alves salienta que a diferença de 6% numericamente não é considerada elevada. No entanto, para um resultado, essa diferença possui impacto político. “O voto feminino, em especial, daquela mulher com maior grau de instrução tende a ser um voto mais analisado ou elaborado”.

HISTÓRIA – O cientista político recorda que a mulher vota no Brasil desde a década de 30. Contudo, historicamente, ela foi sub-representada por uma figura masculina. Outro fator destacado pelo cientista político é que nem toda a mulher era alfabetizada naquele período. “O papel feminino não era estudar ou se profissionalizar fora de casa. A mulher da classe média ou alta deveria cuidar do lar e o posicionamento masculino prevalecia”.

De acordo com Alves, a decisão da mulher – em muitos momentos da história – não era tomada por ela, e sim, por uma figura masculino, sendo por exemplo, o marido ou o pai. “Com isso, por qual motivo apurar ou contar o seu voto em uma eleição? Seria um voto dobrado? Essa atitude ainda reflete em nossa sociedade nos dias atuais, porque ela é a responsável por criar uma cultura de não participação”.

ESTRUTURA – A mulher representa a maior parte do eleitor da cidade de Toledo ou do Brasil, porém essa representatividade não se reflete no envolvimento na política. Ao ser questionado sobre esse assunto, o cientista político comenta que a estrutura da política é masculinizada, desde a composição da mesa ou em uma reunião partidária. “Em alguns casos, as mulheres se sentem constrangidas em participar do processo”.

Alves avalia que as políticas de cotas tendem a quebrar barreiras, mas elas ainda não retornam à representatividade da mulher esperada. “Como não existia uma fiscalização efetiva, alguns partidos políticos passaram a realizar convites para as mulheres fazerem parte do processo, porém elas não tinham representatividade”.

O cientista político afirma que esse quadro tende a evoluir, porém é quase que um ‘trabalho de formiguinha’. “As mulheres estão conquistando espaços importantes na política. No passado, já tivemos uma presidente e neste pleito são duas candidatas mulheres”.

Na ocasião, Alves pondera a importância de votar em mulheres, pois assim é possível ter a representatividade nas instituições de decisão. “Quando uma candidatura é lançada, o voto masculino define mais de imediato. No final, é o voto feminino que pode definir o pleito. Por isso, a importância de captar o voto daquela eleitora que estava indecisa. Trata-se de um trabalho de convencimento de base”.

A representatividade e a igualdade são essenciais para uma mudança ideológica no sistema. “Precisamos eleger mais mulheres em espaços de poder para observar as mudanças. Geralmente, a mulher possui uma visão mais igualitária. Quando aparece sua voz, existe a mudança de comportamento do cidadão e novas propostas podem ser realizadas”.

Outro patamar de cultura política é criar mecanismos e discutir a representação da mulher, o qual é algo importante. “É preciso também dar voz para grupos que não possuem candidaturas expressivas ou não conseguem acessar a estrutura da mesma forma politicamente dominadas”.

Da Redação

TOLEDO

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