Na Guatemala, Kamala Harris confirma criação de força-tarefa anticorrupção
Em sua visita ao país, a vice-presidente pediu ao governo que trabalhe em conjunto para abordar as causas que impulsionam a migração para os EUA. Durante sua primeira viagem ao exterior como vice-presidente, Kamala detalhou os esforços para combater o tráfico e a corrupção na Guatemala a fim de impedir o aumento da migração, uma das questões politicamente mais contenciosas do governo Joe Biden.
A viagem é um teste inicial, mas crucial, para uma vice-presidente com aspirações claras a um cargo mais alto, que atualmente tem a tarefa complexa de quebrar um ciclo de migração de uma região que tem sido atormentada pela corrupção.
Em declaração conjunta com o presidente da Guatemala, Alejandro Giammattei, Kamala garantiu que a Força-Tarefa Anticorrupção poderá apoiar os promotores guatemaltecos a seguir a rota do dinheiro. “A corrupção não conhece fronteiras”, disse Kamala no Palácio Nacional da Cultura, a antiga sede do governo, no centro da capital.
A entidade regional anticorrupção, que já havia sido anunciada em março por Juan González, assessor especial de Biden, atuará em conjunto com uma força-tarefa que incluirá promotores e especialistas em aplicação da lei. Os investigadores, sob o comando do Departamento de Estado, poderão investigar e processar casos de corrupção que tenham vínculo com os EUA, Guatemala e região em geral, mas com maior enfoque na Guatemala, El Salvador e Honduras.
Kamala reiterou ao presidente Giammattei a prioridade que o governo Biden dá à região. A viagem da vice-presidente está ligada à promessa de Biden de uma política de imigração mais “humana”, após uma abordagem dura de seu antecessor, Donald Trump.
“Sabemos que muitas pessoas não querem deixar suas casas, não querem sair do lugar onde a avó cresceu, o lugar onde ela reza, o lugar onde falam sua língua e sua cultura é familiar e o fazem porque não conseguem satisfazer suas necessidades básicas”, disse Kamala.
Ela considerou que aqueles que migram, ou “estão fugindo de alguns perigos ou simplesmente não podem atender às suas necessidades básicas e às necessidades que têm de criar seus filhos ficando em casa”.
Por isso, reiterou, é importante, como governantes, dar às pessoas um sentido de esperança, de que a ajuda está a caminho, numa região duramente atingida pela covid-19, violência e pobreza, situação que se agravou em 2020 pela passagem de dois furacões.
“A esperança não existe por si só. Deve ser acompanhada de relações de confiança, resultados tangíveis em termos do que fazemos como líderes para convencer as pessoas de que há um motivo para ter esperança quanto ao seu futuro”, acrescentou.
Giammattei, por sua vez, disse que oferecia a Kamala um país que quer cooperar, que quer unir forças e um país de oportunidades. “A construção dessas oportunidades evitará a migração dos jovens que querem partir e criaremos as condições na Guatemala para que possam encontrar aqui a esperança que não têm hoje”, disse Giammattei, para quem os problemas de seu país são “produto de muitos anos de atraso.”
Agenda internacional
A vice-presidente participará de uma mesa redonda com organizações não-governamentais e conversará com jovens engenheiras e outras profissionais sobre as dificuldades que as mulheres enfrentam para serem donas de um negócio.
A vice americana anunciou ainda planos de enviar US$ 310 milhões à Guatemala como forma de apoiar os refugiados e remediar a escassez de comida na região, além de um plano de US$ 4 bilhões para promover o desenvolvimento econômico na área.
Depois da Guatemala, Harris visitará o México para encontrar o presidente Andrés Manuel López Obrador na terça-feira. Lá, ela deverá discutir a questão da migração e discutir os rumos da relação entre EUA e México pelos próximos anos.
Outro assunto de que tratará a vice-presidente é a pandemia. Na semana passada, Giammattei afirmou que o país receberá 500 mil vacinas dos EUA, que também enviarão 1 milhão de doses ao México.
À medida que Kamala dá seus primeiros passos no cenário internacional, os conservadores americanos estão mais atentos aos possíveis erros que ela pode cometer – ainda mais em se tratando de assuntos tão delicados e antigos como corrupção e migração.
Já os democratas enxergam a oportunidade com otimismo, considerando a vice-presidente como herdeira política de Joe Biden que, como primeira vice-presidente mulher e negra, é símbolo de diversidade e de uma renovação que pode impulsionar a popularidade do partido no século 21. (Com agências internacionais)
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