Na Itaipu, mulheres comprovam que podem seguir uma carreira de sucesso na área técnica

Única brasileira engenheira civil da Diretoria Técnica (DT) de Itaipu, Josiele Patias, da Divisão de Engenharia Civil e Arquitetura, confirma com seu perfil profissional que as mulheres podem construir uma grande carreira na área de Ciências Exatas.

Pela própria história da usina e pelo pequeno número de mulheres que buscam a formação em engenharia, a Diretoria Técnica de Itaipu é ainda hoje um reduto masculino. O quadro da DT é formado, em sua grande maioria, por homens. Mas, pouco a pouco, está tendência está mudando. Na atual gestão, a equidade de gênero foi colocada entre as principais pautas da empresa.

Patias foi a primeira mulher da família a cursar engenharia, o que influenciou e abriu caminho para uma sobrinha [Diovana Patias Della Flora] seguir na mesma profissão.

A engenheira sempre gostou de física e matemática. E acabou virando doutora em geotecnia, área das Ciências Exatas que estuda o comportamento do solo e das rochas e sua relação com as ações antrópicas (geralmente obras de engenharia).

Gaúcha da cidade de Joia, Josiele Patias formou-se em 2002, pela Universidade Federal de Santa Maria – UFSM (RS), e possui mestrado e doutorado pela Escola de Engenharia de São Carlos, da Universidade de São Paulo (EESC-USP).

Antes de Itaipu, Josiele Patias trabalhou na empresa Interact Engenharia, de São Paulo (SP), onde atuou na fiscalização das obras de fundação da fábrica de tratores e implementos agrícolas John Deere, no Polo Petroquímico de Triunfo (RS).

Hoje, as atividades diárias da profissional envolvem inspeções visuais e análise de dados de instrumentos das barragens de terra e enrocamento, elaboração de relatório de desempenho destas estruturas, bem como o desenvolvimento de estudos especiais de segurança de barragens, além da orientação de P&D em geotecnia aplicada à segurança de barragens (Convênio Itaipu-Ceasb/PTI).

Apesar de trabalhar num universo majoritariamente masculino, a engenheira diz que não sofre discriminação e que tem uma boa convivência com os colegas. “Creio que já aprendi a lidar com as situações não tão amigáveis”.

Formada numa turma de 27 estudantes, 17 homens e 10 mulheres, Patias acredita que, além de incentivo para as mulheres entrarem para as Ciências Exatas, é preciso que a pessoa (mulher ou homem) primeiro se identifique com a área de conhecimento. “As demais lutas serão consequência do ambiente em que a pessoas estará inserida”, avalia.

E cita como exemplo seu próprio caso. “Na minha família, eu nunca percebi barreiras para esta profissão.” E acrescenta: “Acho que tudo é uma questão de as mulheres se sentirem confortáveis para desempenhar a função com dignidade e respeito”.

A engenheira também reforça que, “para mudar paradigmas, às vezes é necessário ter programas de incentivo, mas há necessidade de cuidar para que, ao abrir mais espaço para as mulheres, não seja combatido o gênero masculino, mas sim o preconceito, que poderá vir de qualquer gênero”. Desde o final de agosto, ela ocupa uma vaga no Conselho Deliberativo do Comitê Brasileiro de Barragens (CBDB) por indicação da Itaipu.

FOZ DO IGUAÇU

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