Na posse, Castro prega ‘reconstrução’

Um dia depois da aprovação do impeachment que cassou o mandato do titular Wilson Witzel (PSC), seu vice Cláudio Castro (PSC) tomou posse, na manhã deste sábado, como governador do Rio, falando em “reconstrução” e em “olhar para a frente”. A cerimônia, na Assembleia Legislativa, foi concorrida e provocou aglomeração. Castro já atuava como governador em exercício desde que a Justiça determinou o afastamento de Witzel do cargo, em agosto do ano passado.

“Iniciamos hoje (ontem) um novo tempo no Estado do Rio de Janeiro, um tempo, com certeza, de reconstrução”, disse Castro. Ele reconheceu que pode ser difícil a população acreditar em mudanças, mas pregou “união e renovação”. “Precisamos avançar, não perder a esperança”, completou.

Próximo do presidente Jair Bolsonaro e seus filhos, atualmente adversários de Witzel, Castro tem base frágil no Legislativo, presidido pelo deputado petista André Ceciliano. O novo governador defendeu no pronunciamento “diálogo” e “coragem”, para firmar um “pacto pela vida, pela retomada do desenvolvimento, pelo combate à fome e pobreza”. “A hora é agora”, disse. “Se juntos somos mais fortes, unidos somos imbatíveis”, declarou.

Iniciada com mais de uma hora de atraso, a solenidade foi conduzida por Ceciliano. Antes que se iniciasse o rito, os presentes fizeram um minuto de silêncio pelas vítimas da covid-19. O presidente da Casa lembrou que Castro assume efetivamente o governo no momento em que o Estado enfrenta recorde de mortos na pandemia, desemprego elevado e dificuldades na área de segurança pública.

“Essa situação, governador, só mudará se tiver a união de todos, todos nós”, discursou Ceciliano. Apesar de ser do PT, da oposição a Bolsonaro, ele defendeu uma aproximação do governo estadual com o federal para obter melhores condições para a economia do Estado.

Ceciliano disse ainda que “divergências são absolutamente normais na vida, tanto pública quanto privada”, mas que, na Casa Legislativa estadual, os interesses da população são sempre prioritários”.

Na quinta-feira passada, o petista comandou a sessão que aprovou projeto que suspendia o leilão da Cedae, estatal fluminense de saneamento. A medida foi sustada anteontem, pela Justiça. O leilão pôde ser realizado. Rendeu R$ 22,6 bilhões.

“A semana que passou foi marcada por divergências; hoje, faz parte do passado”, disse Castro na cerimônia.

Vacina

Na solenidade, o novo governador do Rio prestou o juramento constitucional e assinou o termo de posse. Tirou a máscara de proteção para discursar, pediu novo minuto de silêncio pelas mortes no Estado e disse que a vacina é a solução para a pandemia.

Entre os que acompanharam a cerimônia, estavam secretários, integrantes do Judiciário e deputados.

Mais tarde, no Palácio Guanabara, sede do governo estadual, Castro afirmou que um ponto forte de seu governo será o contínuo enfraquecimento das milícias. Único que não despertou o interesse dos investidores do leilão da Cedae, o bloco 3, na zona oeste do Rio, tem atuação de milicianos.

Julgamento

Em julgamento realizado na sexta-feira, por dez votos a zero, Witzel perdeu o cargo ao ter o impeachment confirmado pelo Tribunal Especial Misto que analisava o processo. Tornou-se o primeiro governador cassado em impeachment no País.

Witzel não foi ao julgamento, mas protestou pelo Twitter contra a cassação de seu mandato. Afirmou que foi vítima de golpe e de um “tribunal inquisitório”. “É revoltante o resultado do processo de impeachment! A norma processual e a técnica nunca estiveram presentes.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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