Oito em cada dez adultos da cidade de SP têm anticorpos contra covid, diz estudo
“Esses dados (do estudo) sugerem que os números de casos graves e mortes devem continuar a diminuir”, indicam pesquisadores do SoroEpi MSP. Responsável pela condução do monitoramento de soroprevalência, o projeto reúne cientistas como da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e tem como financiadores o Instituto Semeia, o Laboratório Fleury, o Ipec (antigo Ibope) e o Instituto Todos pela Saúde (ITpS).
Para medir a soroprevalência no município, foram analisadas no último ciclo do estudo 1.055 amostras de sangue coletadas em 160 setores censitários da cidade. Os níveis de anticorpos anti SARS-CoV-2 (IgG e IgM) foram medidos usando um método de quimioluminescência, da farmacêutica Abbott, e um segundo teste de eletroquimioluminescência, da também farmacêutica Roche.
Colunista do Estadão, o biólogo Fernando Reinach, que participa da pesquisa, explica que a equipe que conduziu a última fase do estudo foi surpreendida pela quantidade de pessoas com anticorpos neutralizantes. Ainda assim, ele ressalta que o número está associado ao avanço da cobertura vacinal e reforça que os adultos que atualmente possuem anticorpos podem ser até mais que 81,8% – uma vez que a cobertura vacinal aumentou ao longo das últimas semanas.
Segundo o último vacinômetro divulgado pela Prefeitura, a cidade tem atualmente 95,7% dos adultos vacinados com duas doses ou dose única contra o coronavírus. Em 20 de setembro, data em que a coleta do último estudo foi finalizada, o índice era de 70%. Quando o primeiro vacinômetro foi divulgado, em 21 de junho, o mesmo indicador era de 18,3%. Para que haja a chamada imunização completa, porém, é necessário esperar 14 dias após receber a segunda dose ou a dose de aplicação única.
Como efeitos da vacinação, o País tem apresentado quedas consistentes no número de casos e mortes pela covid-19. Nesta segunda-feira, 8, por exemplo, todo o Estado de São Paulo não registrou nenhuma morte pela doença. “A vacinação garante que uma parte das pessoas não vai contrair o vírus. Quando contraem, elas transmitem menos. E quando apresentam sintomas, eles costumam ser mais leves”, explica Reinach. “Tudo isso sugere que, se a gente não tiver novas variantes, a pandemia está chegando ao fim.”
Metade dos adultos da capital possui anticorpos contra a nucleoproteína do Sars-CoV-2
O levantamento do SoroEpi MSP aponta ainda que 52,8% da população adulta da capital paulista – o que corresponderia a 4.887.251 habitantes – possui anticorpos contra a nucleoproteína do Sars-CoV-2, ante 41,6% no último ciclo.
Por esses anticorpos serem produzidos principalmente após a infecção pelo coronavírus, os pesquisadores indicam, com isso, que pode haver uma subnotificação expressiva de diagnósticos positivos na capital paulista.
Dados divulgados pela Prefeitura de São Paulo no dia 20 de setembro apontam que, na ocasião, o total de pessoas que já haviam testado positivo na cidade era de 1,4 milhão (atualmente, o indicador subiu para 1,5 milhão) – número mais de três vezes menor do que o levantado pelos pesquisadores.
Ainda assim, não dá para precisar de quanto seria a subnotificação, uma vez que algumas pessoas vacinadas com a Coronovac, que é feita a partir de vírus inativado, também podem produzir anticorpos contra a nucleoproteína do Sars-Cov-2 em alguns casos.
Pesquisador líder do projeto, o infectologista e diretor clínico do Grupo Fleury, Celso Granato, pondera que, por outro lado, as vacinas da Pfizer, da AstraZeneca e da Janssen produzem exclusivamente os anticorpos neutralizantes. Desse modo, eles estariam mais atrelados à vacinação.
Segundo o estudo, um outro ponto é que o número de anticorpos contra a nucleoproteína é menor nos distritos mais ricos (43,1%) e maior nos distritos mais pobres (62,8%), indicando que pode haver uma exposição distinta ao coronavírus entre esses grupos. Já as taxas de pessoas com anticorpos neutralizantes não apresentam diferenças significativas.
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