Olavo de Carvalho externou críticas a Bolsonaro antes de morrer
Em uma de suas últimas aparições, Olavo de Carvalho chamou o mandatário de “covarde” e apostou que “a briga está perdida” em 2022. Extremista, Carvalho inspirou o que se convencionou chamar de “bolsonarismo raiz” e tinha grande influencia sobre a ala ideológica do governo, que ganhou destaque nos ministérios da Educação e das Relações Exteriores, por exemplo. No início do mandato, Bolsonaro indicou dois ministros bastante próximos ao escritor – Ernesto Araújo, ex-titular das Relações Exteriores, e Ricardo Vélez, ex-chefe da Educação.
Poucos meses após a vitória de Bolsonaro, Olavo de Carvalho já citava críticas à gestão do presidente. Em março de 2019, o escritor compareceu a um evento organizado pelo ex-estrategista da Casa Branca Steve Bannon. Lá, afirmou que amava o chefe do Planalto, mas que o governo ia mal por estar cercado de militares “traidores” e chamou o vice-presidente Hamilton Mourão de “idiota”.
Em maio de 2020, conforme o governo ia acumulando polêmicas, Olavo de Carvalho afirmou à BBC Brasil que era possível chamar Bolsonaro de “burro”. Disse, porém, que ele não era ladrão. Em junho daquele ano, acrescentou os adjetivos “fraco” e “covarde” ao se referir presidente.
“Quer levar um processo de prevaricação da minha parte? Se esse pessoal não consegue derrubar o governo, eu derrubo”, escreveu no Twitter. Na mesma ocasião, disse que continuava ao lado do presidente, mas que não traria mais “palavras doces”.
Já em outubro daquele ano, Olavo de Carvalho tornou-se alvo do perfil anti-fake news Sleeping Giants, que fez uma campanha contra o escritor e provocou 250 financiadores a dissociarem suas marcas dos conteúdos publicados por ele. No mês seguinte, voltou a atacar Bolsonaro: “se você não é capaz nem de defender a liberdade dos seus mais fiéis amigos, renuncie e vá para casa”, publicou. Em outra ocasião, defendeu que o presidente era um “fracasso” na luta contra o comunismo.
No ano passado, Olavo de Carvalho protagonizou vários embates com o governo federal e criticou Bolsonaro. Chegou a dizer a aliados, em mais de uma ocasião, que se sentia abandonado pelo presidente. O escritor dizia estar decepcionado com o mandatário por considerar ter sido usado por ele como uma espécie de “garoto propaganda” na campanha.
No mês passado, Olavo voltou a chamar o presidente da República de “covarde”, “prefeito do interior” e apostou que ele não terá chances no pleito deste ano. Comentando a eleição deste ano, o escritor afirmou que a “briga já está perdida”, mas que defendia voto em Bolsonaro por “falta de opção”.
Diante do falecimento do escritor, esta foi a segunda vez que Bolsonaro decretou luto oficial desde o início do governo. A primeira foi em junho do ano passado, quando morreu o ex-vice-presidente Marco Maciel. Na ocasião, o luto foi de três dias. Na nota de pesar divulgada pelo Palácio do Planalto, o escritor é definido como “intransigente defensor da liberdade”, que deixa como legado “um verdadeiro apostolado a respeito da vida intelectual”.
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