Pandemia: COE de Toledo avalia troca de bandeira

O Centro de Operações Emergenciais de Toledo (COE) avaliou os dados da semana epidemiológica 14/2021 (de 4 a 10 de abril) em reunião realizada pelo colegiado na última terça-feira (13). A Matriz de Risco indicou o enquadramento na bandeira Laranja, a qual considera o risco moderado para a pandemia da Covid-19.

Os profissionais de Saúde responsáveis pela análise dos dados ponderaram sobre o enquadramento. Com 18 pontos, a Matriz de Risco permeia a fronteira da bandeira Vermelha, a qual exige maior rigor das atenções. “Nós seguimos os indicadores da Matriz, porém apesar de não pontuar, não quer dizer que tenhamos chego no cenário ideal. É o caso dos óbitos, tivemos uma redução de 45% em relação a duas semanas, mesmo assim fechamos o período com 11 vidas perdidas”, comenta o médico Fernando Pedrotti.

A taxa de ocupação de leitos de enfermaria adulto por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) e a variação de casos de SRAG nos últimos 14 dias também apresentaram queda.

MEDIDAS – A disparada repentina no número de casos de Covid-19 em todo o Estado do Paraná no final do mês de fevereiro ocasionou o cenário que os especialistas mais temiam, o colapso do sistema de saúde com a lotação dos leitos de UTI e enfermaria.

Enquanto Toledo chegou ao ápice de número de casos na SE 08/2021 (21 a 27 de fevereiro) com 1062 positivos confirmados, o Paraná atingiu um cenário crítico com 34963 casos. Para conter a evolução dos casos e diminuir a necessidade de leitos de enfermaria e de UTI o Governo do Estado publicou o decreto 6.983/2021 que determinava, “durante o período da zero hora do dia 27 de fevereiro de 2021 às 5 horas do dia 08 de março de 2021, a suspensão do funcionamento dos serviços e atividades não essenciais em todo o território, como medida obrigatória de enfrentamento da emergência de saúde pública decorrente da pandemia da COVID-19”.

Além dessas medidas restritivas também instituiu o “toque de recolher” e proibiu a comercialização e o consumo de bebidas alcoólicas em espaços de uso público ou coletivo no período das 20 horas às 5 horas.

TOLEDO – Seguindo os mesmos parâmetros científicos, Toledo e outros municípios da Região adotaram medidas restritivas para acompanhar a tendência estadual. Entre as ações adotadas, houve um rigor maior na fiscalização, inclusive com aplicação de multas para as pessoas que transitavam por espaços públicos sem o uso de máscaras de proteção.

Pedrotti considerou que o elevado número de óbitos (23 em fevereiro, 78 em março) também contribuiu para que as pessoas adotassem o real estado de alerta no município. “Quando eram desconhecidos não se dava a devida importância, mas quando um familiar, um vizinho, um amigo próximo ou até mesmo figuras conhecidas da sociedade vieram a falecer, deixou de ser números e passaram a ser vidas perdidas. Talvez isso tenha contribuído para deixar todos mais cuidadosos”, avalia.

QUEDA – As medidas de isolamento e distanciamento social contribuíram diretamente para que o vírus fosse impedido de circular no município. Aos poucos, o número de casos começou a cair. Em Toledo, a semana epidemiológica 09/2021 registrou 952 casos, a semana seguinte (10/2021) já foram 575. As três posteriores confirmaram queda, sendo SE 11/2021 (558 casos), SE 12/2021 (307 casos) e SE 13/2021 (274 casos).

O Estado do Paraná, no mesmo período, também sinalizou que as medidas restritivas de distanciamento social e uso de máscaras podem proporcionar queda no número de casos.

A semana epidemiológica 09/2021 o Paraná havia registrado 38115 casos. Nas semanas seguintes esse número foi caindo, na SE 10/2021 (36645 casos). As três posteriores também confirmaram a tendência de queda, sendo SE 11/2021 (35205 casos), SE 12/2021 (31564 casos), SE 13/2021 (19747 casos) e a SE 14/2021 (14979).

ESGOTAMENTO – Mesmo com o número de casos positivos melhorando com o passar dos dias, o impacto causado com a “explosão” de novos casos em março colapsou os serviços de urgência e emergência em todo o Estado. O resultado foram filas de espera para obter um leito de UTI e, em alguns casos, até mesmo para um leito de enfermaria.

Além das iniciativas do poder público, como ampliação do número de leitos, foram várias ações da sociedade que oportunizaram uma “sobrevida” a vários pacientes internados em enfermarias aguardando um atendimento hospitalar em unidade de terapia intensiva. Não só respiradores foram necessários, mas também bombas de infusão para monitorar tantos pacientes em estado grave.

Na terça-feira (13) Toledo ainda registra 44 pessoas internadas em leitos de UTI e 18 em leitos de enfermaria. A segunda-feira (12) foi o primeiro dia no último mês em que não havia pessoas aguardando atendimento em leitos de UTI. “Tudo indica que chegamos ao fundo do poço, até ontem não sabíamos qual seria a profundidade dele. Agora nos resta voltar a superfície”, ilustrou Pedrotti para explicar que o cenário ainda está longe da normalidade.

“Precisamos buscar o equilíbrio para que toda a sociedade volte a ter dias melhores em todos os aspectos. Para isso, a manutenção de cuidados é fundamental. Portanto, seja onde for, continue usando máscara, lavando bem as mãos, mantendo a distância entre as pessoas e fazendo uso do álcool 70%”, frisou o médico Fernando Pedrotti.

A Matriz de Risco é avaliada semanalmente pelo COE. Se houver melhorias no cenário é possível que na próxima semana tenhamos uma flexibilização maior das medidas de prevenção. Os próximos dias serão analisados com bastante atenção pelos técnicos, pois considerando o feriado de Páscoa, este é o momento de saber se houve ou não a circulação do vírus.

TOLEDO

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