Pandemia muda hábitos alimentares do brasileiro

O isolamento social, medida adotada durante a pandemia da Covid-19, trouxe impactos alarmantes na vida dos brasileiros: a mudança nos hábitos alimentares. A Unicef elaborou uma pesquisa com 1,5 mil famílias brasileiras para conhecer a situação provocada pela pandemia.

A pesquisa abordou itens como renda familiar, segurança alimentar, educação e saúde mental. Entre os dados que mais chama a atenção é o consumo de alimentos industrializados que aumentou nas casas dos brasileiros, especialmente nas que residem crianças e adolescentes.

De acordo com a pesquisa realizada em 2020, 54% dos participantes relataram mudanças nos hábitos alimentares em casa. Entre os entrevistados, 21% declararam ter aumentado o consumo de alimentos preparados em restaurantes fast food, e 29% aumentaram o consumo de alimentos industrializados. Nas famílias com crianças e adolescentes, o consumo destes alimentos foi ainda maior, chegando a 36%.

CONSUMO – A vice-presidente da Associação de Nutrição do Oeste e Sudoeste do Paraná, Jaciara Reis Nogueira Garcia, relata que essa mudança ocasionou em problemas com excesso de peso devido a questões de saúde mental como ansiedade e depressão por estar mais tempo em casa e com maior disponibilidade para os alimentos. “Muitas pessoas passaram a preparar os alimentos com alto valor calórico ou ainda não queriam cozinhar e passaram a consumir mais fast food comprando as comidas através dos aplicativos”.

Mas a pandemia também estimulou em algumas pessoas, a busca por uma alimentação saudável, com o consumo de alimentos naturais e cheios de nutrientes. “Para algumas pessoas esse foi um momento de descobrir o prazer em cozinhar, buscar novas receitas, resgatar hábitos alimentares da infância e fazer uma troca de experiência através das redes sociais. Porém, o que mais pesou foi a busca da saúde e de fortalecer o sistema imune”, complementa Jaciara.

ACESSO – No entanto, a pandemia também afetou a economia da população. A nutricionista Jaciara lembra que a atual crise econômica já dificulta o acesso ao alimento básico, como arroz e feijão, por exemplo. “O aumento que esses produtos tiveram nos últimos meses está limitando o acesso das classes com menor renda”.

De acordo com a pesquisa da cesta básica de alimentos para o município de Toledo, elaborada pelo Núcleo de Desenvolvimento Regional (NDR), da Unioeste, campus de Toledo, houve uma alta de 1,47% nos valores da cesta básica entre agosto e setembro de 2021. Entre os alimentos que compõem a cesta básica, o tomate (30,60%), o açúcar (8,19%), o café (5,92%) e o óleo de soja (5,79%) apresentaram a maior variação no período.

“Este ano, pela Organização Mundial da Saúde (OMS) seria o ano internacional das frutas e verduras, mas nós sabemos que infelizmente não tivemos condição de trabalhar essa temática porque hoje, o acesso ao básico já está difícil. Imagine para uma família que ganha um ou dois salários mínimos, com uma renda per capita baixa, ter que estimular a aquisição de frutas, legumes e verduras além do básico que muitas vezes não tem condição de adquirir”, conclui.

Da Redação

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