Pandemia provocou ruptura estrutural do modelo de ajuste sazonal, diz IBGE

A melhora de 3,7% no volume de serviços prestados no País em fevereiro ante janeiro deve ser olhada com cautela, porque foi calculada com base em um modelo de ajuste sazonal que encontra dificuldades de apreender os efeitos da pandemia ao longo dos meses, apontou Rodrigo Lobo, gerente da Pesquisa Mensal de Serviços apurada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

“O ajuste sazonal teve algum tipo de quebra estrutural desde a pandemia”, disse Lobo.

O pesquisador ressalta que não há nada de errado com o modelo de ajuste sazonal e que “está certíssimo”, mas comportamentos atípicos de consumo ao longo da pandemia podem explicar, por exemplo, quedas intensas nos serviços prestados às famílias nos meses de julho, dezembro e janeiro, tradicionalmente meses de férias escolares.

“E essa taxa mais positiva no mês de fevereiro pode ter sido a ver com uma dificuldade do modelo de entendimento”, apontou Lobo. “Páscoa, carnaval, todos esses pontos estão inseridos e não podem ser expurgados na série. Esse é o modelo que foi proposto, a gente segue com ele”, completou.

O pesquisador sugere que a série histórica da Pesquisa Mensal de Serviços seja lida sob uma perspectiva de mais longo prazo ou em outro tipo de comparação, como a da média móvel trimestral ou a que se refere ao mesmo mês do ano anterior.

“Nesse modelo de ler um contexto absolutamente atípico que a gente está vivenciando, e a leitura melhor dos dados é a vista num prazo mais alongado”, defendeu.

Com o avanço de fevereiro, os transportes passaram a operar 2,8% acima do nível pré-pandemia, de fevereiro de 2020, enquanto os serviços prestados às famílias ainda estavam 23,7% abaixo. Os serviços de informação e comunicação estão 2,6% acima do pré-pandemia, e o segmento de outros serviços está 1,0% além. Os serviços profissionais e administrativos estão 2,0% abaixo do patamar de fevereiro de 2020.

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