Peru enfrenta turbulência política, após eleição acirrada e alegações de fraude

Nove dias depois de uma eleição presidencial polêmica, o Peru está lutando contra uma convulsão política, enquanto a candidata derrotada insiste que a votação foi roubada e seus apoiadores exigem uma nova eleição. Keiko Fujimori, que recebeu 49,9% dos votos contra 50,1% de seu rival de esquerda Pedro Castillo com todos os votos contados, pede uma auditoria após alegar “graves irregularidades”. As autoridades eleitorais, no entanto, rejeitaram suas alegações de fraude, e observadores eleitorais internacionais dizem que a votação foi transparente e limpa.

Um resultado oficial não será anunciado até que o conselho eleitoral decida aceitar ou recusar os apelos de Fujimori, que buscam anular votos de regiões dominadas por Castillo. Mas, enquanto o Peru espera por um veredicto, o país enfrenta um período de turbulência política, à medida que aumentam as tensões entre Castillo – um outsider – e seus adversários no sistema político e empresarial do país.

A turbulência destaca o aprofundamento da polarização no Peru, após uma contração econômica de 11% no ano passado e o maior número de mortos per capita do mundo devido à covid-19. O impasse partidário ameaça os esforços do governo para enfrentar a crise econômica e de saúde e pode levar a violentos distúrbios, dizem analistas políticos.

Hoje, partidários de Fujimori, que perdeu as eleições de 2016 por uma margem igualmente estreita, protestaram em frente ao gabinete do conselho eleitoral nacional em Lima, seu reduto. A centenas de quilômetros de distância, no sul dos Andes, onde Castillo obteve mais votos, seus apoiadores bloquearam estradas com barricadas em chamas, dizendo que Fujimori está tentando roubar a eleição.

Fujimori está tentando invalidar cédulas que, segundo sua equipe, mostram irregularidades nas assinaturas e números de identificação dos eleitores nas folhas de contagem. Dado o número em questão, é possível que o resultado seja anulado, embora as probabilidades sejam baixas considerando a falta de evidências de fraude maciça, disse Alfredo Torres, chefe do proeminente pesquisador peruano Ipsos.

Alguns analistas, no entanto, dizem que as acusações de fraude de Fujimori não são sobre a apresentação de demandas eleitorais legítimas, mas sim um movimento para atrasar a proclamação de Castillo como presidente e minar seu governo antes que ele assuma o cargo. Seu partido teve responsabilidade direta na destituição de dois presidentes, embora Fujimori tenha se desculpado por seu papel durante a campanha.

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