Peru: Partido de extrema esquerda rompe com Castillo e ameaça estabilidade

A menos de 100 dias do início do governo, o partido Perú Libre, do qual o presidente peruano, Pedro Castillo, fazia parte ao ser eleito, anunciou nesta quinta-feira, 14, que não dará voto de confiança ao novo gabinete, por considerar que houve uma guinada para a centro-direita. Trata-se da maior crise pública dos atritos que têm abalado o partido no poder.

A informação foi divulgada pelo líder da legenda, Vladimir Cerrón, que, em um comunicado, questiona o aumento do número de membros do governo que classificou como “caviar”. “Existe uma indisfarçável guinada política do governo e do gabinete rumo ao centro-direitismo”, criticou o principal expoente do partido de ideologia marxista.

“A atual composição tem partidos sem registro, sustentados por ONGs americanas, que co-governaram com os últimos quatro governos e agora, com esse atual”, completa a nota. A decisão foi anunciada uma semana depois de o presidente pedir a demissão de seu então primeiro-ministro, Guido Bellido, um importante membro do Perú Libre.

O comunicado da presidência do Perú Libre critica até a nomeação da nova ministra do Trabalho, Betsy Chávez, e do Desenvolvimento e Inclusão Social, Dina Boluarte – também vice-presidente do país -, ambas integrantes da legenda.

De acordo com o texto divulgado por Cerrón, as indicações não representam o grupo político, já que ambos correspondem a decisões individuais.

O texto ainda convoca a todos os parlamentares que são filiados ao Perú Libre que recomponham a bancada da legenda no Congresso, e acusou que há uma intenção de criação de partido próprio no entorno de Castillo.

Em julho, a Federação Nacional de Trabalhadores na Educação do Peru (Fenate Perú), sindicato fundado pelo atual presidente do país, recebeu o registro junto ao Ministério do Trabalho e Promoção Social do Emprego, o que representaria o primeiro passo para a transformação em movimento político.

Entre os 37 parlamentares eleitos pelo Perú Libre, cerca de 13 têm vínculos mais próximos com Castillo do que com Cerrón, o que indica a formação de um grupo parlamentar independente. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

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