Piscicultura busca produção competitiva e ambientalmente correta no Oeste

Desenvolver, avaliar e divulgar tecnologias e boas práticas de manejo, associadas ao emprego do recurso hídrico e sustentabilidade produtiva do modelo de cultivo do Oeste do Paraná (tilapicultura em viveiros escavados) são objetivos do projeto de Piscicultura da Ação Integrada de Solo e Água (AISA). Promovido pelo Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-PR), pela Itaipu Binacional e demais parceiros, uma reunião técnica aconteceu na tarde desta quarta-feira (19) e com a participação de técnicos da área.

De acordo com o gerente regional do IDR-PR, Ivan Decker Raupp, a entidade tem a consciência e o compromisso com a região Oeste do estado por concentrar uma elevada produção de proteína animal. “Toledo possui o maior Valor Bruto de Produção (VBP) do Paraná devido a produção de proteína animal, seja ela piscicultura, suinocultura ou avicultura. Uma produção que possui a água como insumo fundamental”.

A água deve chegar em quantidade suficiente e qualidade adequada na propriedade. Neste contexto, o IDR-PR firmou Termo de Cooperação com a Itaipu Binacional e a proposta central é o “diagnóstico, desenvolvimento e difusão tecnológica em segurança hídrica e sustentabilidade produtiva: setor piscícola do Oeste Paranaense”, o qual é nome do projeto. Ele é executado em uma parceria com as cooperativas Copacol e C-Vale.

“As cadeias produtivas devem priorizar o uso da água, preservando a sua qualidade. Assim, lançando nos efluentes a água da mesma maneira que foi captada. Hoje [ontem] trabalhamos a cadeia da piscicultura, porque é uma atividade que demanda água e é considerada uma atividade importante economicamente e ambiental”, menciona Raupp.

Nos últimos três anos, a região Oeste viveu um grande déficit hídrico, totalizando aproximadamente 500 milímetros por ano. “Como a demanda do uso de água era considerada elevada, alguns produtores sentiram a deficiência. Em algumas comunidades, a administração de Toledo precisou fornecer água com caminhão pipa para as propriedades”, destaca Raupp.

As atividades estão sendo intensificadas e as demandas devem ser realizadas com critérios e manejos adequados. “Para isso, técnicos das cooperativas integradas e do IDR-PR participam de capacitações para que sejam adotadas as táticas e as estratégias de garantia de água para dar continuidade a produção competitiva e ambientalmente correta no Oeste do Paraná”, enfatiza Raupp.

QUALIDADE – Segundo o médico veterinário Gelson Hein, a qualidade da água utilizada na piscicultura, em geral, tem característica individualizada praticamente em todas as propriedades. “Existe a necessidade intensa de um manejo da água para que a produção de peixe aconteça a contento, com o crescimento ou imunidade do peixe”.

Hein complementa que o produtor ao cuidar de sua água terá como consequência o cultivo de peixes e com os resultados esperados. “Um trabalho intenso deve ser realizado por técnicos e produtores para que a água ofereça um bem-estar e condição para que o peixe consiga ter o crescimento de acordo com o seu potencial genético”.

O ambiente de cultivo deve ser favorável ao desenvolvimento do peixe. No entanto, existem condições que os técnicos ou os produtores não conseguem interferir, como a temperatura ou o oxigênio. “O produtor deve estar atento para que ele possa obter bons resultados. Existem os fatores químicos envolvidos e o produtor deve controlar esses parâmetros e mantê-los em níveis aceitáveis. Tem uma preocupação com o meio ambiente para que tenha condição semelhante de produção em sua microbacia”, afirma Hein.

OTIMIZAÇÃO – Para aprimorar o conhecimento, os participantes assistiram a palestra “Qualidade da água no sistema de criação de tilápias no Oeste do Paraná”, ministrada pelo professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Dr. Luis A. Vinatea Arana.

O professor repassou a ideia de capacidade de carga para otimizar a produção, considerando, principalmente, a qualidade de água. Ela é responsável pelo bem-estar do peixe. “Para manter a qualidade da água alguns parâmetros importantes devem ser seguidos, como o oxigênio da água”.

Arana comenta que para ter oxigênio precisa de aeração. “Ela é considerada uma tecnologia e deve chegar até o produtor rural. Estive em Toledo em anos anteriores. Naquele momento, o oxímetro utilizado para medir o parâmetro de oxigênio não estava presente nas propriedades. Após frisarmos a importância, os produtores adquiriram o equipamento”, recorda o professor.

O palestrante enfatiza que a aquicultura tende a ser intensificada nos próximos anos. “Em alguns momentos, precisaremos modificar a tecnologia, porque a água é um recurso escasso. Contudo, com menos água ainda é possível produzir mais peixe, é só questão de tecnologia. Existe tecnologia avançada e cada região precisa avaliar a necessidade e o momento, pois dependerá da demanda de mercado e a capacidade dos produtores”, conclui.

Da Redação

TOLEDO

...
Você pode gostar também
Deixe uma resposta

Seu endereço de email não será publicado.