Policial que matou jovem negro nos EUA é presa e indiciada por homicídio culposo

A policial branca, que no domingo, 11, atirou e matou Daunte Wright, um jovem negro de 20 anos, após ter confundido sua pistola com uma arma de eletrochoque, foi presa e será acusada de homicídio culposo, informaram nesta quarta-feira, 14, as autoridades de Minnesota. Se for considerada culpada, ela pode ser condenada a até 10 anos de prisão. A morte de Wright provocou uma nova onda de protestos nos EUA.

A acusação contra a policial Kimberly Potter, de 48 anos, foi apresentada após ela e o seu chefe pedirem demissão do Departamento de Polícia do Brooklyn Center, após pressão do prefeito da cidade. Protestos contra a violência policial foram registrados em várias cidades americanas, entre elas Nova York, Los Angeles, Washington, Kansas City, Omaha, Portland e Seattle. Outras manifestações estão marcadas para Atlanta e Dallas.

Os protestos mais violentos ocorrem em Brooklyn Center, onde os manifestantes exigiam o indiciamento da ex-policial. Membros da Guarda Nacional de Minnesota e soldados da Patrulha Estadual usaram gás lacrimogêneo e balas de borracha contra os manifestantes, que lançaram fogos de artifício e jogaram pedras e garrafas contra a polícia. Na terça-feira, 13, mais de 60 pessoas foram presas.

Ontem, as famílias de Wright e de George Floyd – negro de 40 anos que morreu asfixiado depois que um policial branco o imobilizou com o joelho por mais de 9 minutos – se reuniram para exigir o fim da brutalidade policial e do assassinato de negros por policiais brancos.

A morte de Wright também provocou protestos em Minneapolis, onde muitos ativistas aguardam o veredicto de Derek Chauvin, acusado de matar Floyd – ele pode pegar até 40 anos de prisão.

A corregedoria estadual, que investiga as mortes por policiais em Minnesota, disse que a policial Kim Potter foi presa ontem e levada sob custódia. Ela seria mantida na cadeia do condado de Hennepin. As autoridades colocaram grades em volta da casa de Potter, no norte de Brooklyn Center, e patrulhavam a região desde que manifestantes ameaçaram atacar a propriedade. Potter, cuja fiança foi estipulada em US$ 100 mil, fará sua primeira aparição no tribunal hoje.

“Embora apreciemos o fato de o promotor estar buscando justiça para Daunte, nenhuma condenação pode devolver à família de Wright seu ente querido. Não foi por acaso. Este foi um uso intencional, deliberado e ilegal da força”, disse Ben Crump, advogado da família Wright, em comunicado.

Potter trabalhou como policial por 26 anos. Ela estava acompanhando outros agentes, na tarde de domingo, quando o carro de Wright foi parado durante uma blitz. Autoridades disseram que ele tinha o registro do veículo vencido. Quando os policiais descobriram que Wright tinha um mandado de prisão pendente, e tentaram prendê-lo, ele tentou fugir.

Imagens captadas por câmeras instaladas no corpo dos policiais mostram Potter avisando que usaria uma arma de choque. Ela gritou “Taser!”, três vezes, antes de disparar contra o peito dele com uma pistola. “Acabei de atirar nele”, disse a policial, no vídeo. Tom Gannon, que renunciou ao cargo de chefe de polícia local, tinha descrito o episódio como “um disparo acidental”.

Pena máxima

Segundo os estatutos de Minnesota, o homicídio culposo pode ser aplicado em casos em que alguém cria um “risco irracional” e mata outra pessoa por negligência. A pena máxima em uma condenação é de 10 anos de prisão.

Imran Ali, vice-diretor da divisão criminal do condado de Washington, onde fica a cidade de Brooklyn Center, prometeu “processar energicamente” os envolvidos e disse ter “a intenção de demonstrar que a policial abandonou sua responsabilidade de proteger o público quando usou sua arma de fogo no lugar da sua pistola de eletrochoque”. “A ação (de Potter) provocou o assassinato do sr. Wright e ela deve ser responsabilizada”, disse Ali. (Com agências internacionais).

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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