Safra de trigo no Paraná deve contar com aumento de área
Mesmo com os desafios climáticos da última safra de trigo no Paraná, já era previsto um aumento de área do cereal para a safra de 2023. E com o atraso na colheita da soja no estado, sobretudo nas regiões norte, oeste e central, a janela de semeadura do milho segunda safra foi empurrada, o que alterou o planejamento dos produtores e deve resultar em uma área ainda maior para a cultura do trigo neste próximo ciclo. Dados do Departamento de Economia Rural do Paraná (Deral/PR) apontam para um crescimento de área em torno de 13%. E atentos a como melhor rentabilizar a propriedade rural, 300 pessoas, entre técnicos, cooperativas, cerealistas, produtores de sementes, multiplicadores e triticultores do Paraná, São Paulo, Cerrado e Paraguai participaram do Seminário Técnico do Trigo 2023. O evento foi promovido pela Biotrigo, em Campo Mourão, nesta quarta-feira (12), e foi realizado durante o mês que marca o aniversário de 15 anos da empresa e de 10 anos da criação da filial da Biotrigo no Paraná.
Em 2023, há a perspectiva de redução no custo de produção da cultura, especialmente com relação aos fertilizantes. Ainda assim, o manejo racional de fertilidade segue sendo uma medida importante a ser adotada, visando maximizar a lucratividade da atividade agrícola. Esse foi um dos temas abordados no seminário. De acordo com um dos palestrantes do evento, o doutor em ciência do solo, Telmo Amado, além de ser uma fonte de renda e uma oportunidade de amortizar os custos fixos da propriedade, a cultura do trigo também traz diversos benefícios nutricionais ao solo e ao cultivo subsequente, como a soja. “O trigo possibilita alcançar de 40 a 50% da necessidade de aporte anual de carbono para manutenção do estoque desse elemento no solo”, destaca. Telmo cita que o cereal também é importante fonte de magnésio, enxofre e, em menor proporção, nitrogênio. Inclusive, se rotacionado com a soja, o trigo otimiza a nutrição de potássio. “Além disso, é uma cultura que possibilita a adubação de sistema, pois apresenta elevada densidade de plantas, espaçamento reduzido e ainda possui perfilhamento, o que favorece a absorção de nutrientes verticalmente móveis, como o nitrogênio, enxofre e boro”, completa.
Os benefícios do trigo no sistema de produção, porém, não se relacionam apenas com a fertilidade. Outro fator a ser considerado é o papel da cultura no manejo integrado de plantas daninhas. Se olharmos para a soja, uma das invasoras que mais gera prejuízos em nível nacional, em especial ao Sul do país, é a buva. Segundo o especialista em herbologia e gerente técnico de pesquisa da Fundação ABC, Luis Henrique Penckowski, o manejo dessa daninha começa no outono e inverno e passa por uma boa cobertura de solo no período. “Cereais de inverno, em especial o trigo, têm um papel fundamental para diminuir essa pressão de infestação e tornar o manejo de plantas daninhas na soja mais fácil e barato”, cita. Já no trigo, o azevém ganha o destaque de Penckowski como a mais importante invasora da cultura. Porém, ele ainda destaca as plantas voluntárias de soja como um ponto de atenção. “Atualmente, as novas tecnologias de transgênicos de soja resistentes a alguns herbicidas estão começando a ser semeadas no Brasil e as plantas voluntárias dessa soja vão gerar desafios, pois serão tolerantes aos herbicidas que utilizamos no trigo. Assim, teremos que introduzir novas ferramentas na cultura do trigo para manejar essas plantas daninhas”, assinala.
CAMPO MOURÃO