Scanner facial: novos golpes são aplicados com uso da tecnologia
É preciso estar sempre atento para não cair em algum tipo de golpe. Nos últimos dias têm circulado em grupos do WhatsApp um alerta sobre um golpe de um suposto recebimento de um brinde de alguma empresa, mas que no ato do recebimento o entregador escaneia o rosto da pessoa e consegue utilizar esses dados para ‘assinando’ um contrato de financiamento no nome da vítima.
O texto de alerta sobre o golpe traz o seguinte relato: “No dia 19/05/21 fui procurado por uma suposta floricultura, pelo WhatsApp, onde a pessoa dizia que eu estava ganhando um presente, o qual deveria ser entregue em mãos. Essa pessoa tinha meu nome e endereço completos e nem me pediu que eu confirmasse nada. Apenas me disse que o motoboy iria me entregar e depois ela me enviaria um Cartão Digital com fotos e vídeos e eu entenderia do que se tratava. Enfim, quando o motoboy me entregou uma embalagem com produtos cosméticos, eu estranhei, pois esperava ‘flores’. Questionei o rapaz sobre o produto e ele me disse que não sabia de nada, que era terceirizado e apenas estava fazendo a entrega. Me deu o celular dele, com um aplicativo que faz a leitura facial, para que eu escaneasse meu rosto, como forma de protocolo. Bom achei que era válido, pq hoje em dia a gente até assina com o dedo no celular do entregador. Após isso, a pessoa me retornou no WhatsApp dizendo que o brinde se deu por ter preenchido alguns cupons. Entrei em contato com a loja e me disseram que essa informação não procedia. Naquele momento eu tive a certeza de que tinha caído num golpe, só não sabia o que fariam com meu rosto e quais seriam as consequências. Assim sendo, fiz um B.O. online, no mesmo dia. Em 25/05/21 recebi uma ligação da Financiadora de Veículos!! Resumindo, compraram um carro, no valor de R$ 116.000,00 em meu nome. Ou seja, naquele momento em que eu escaneava meu rosto, na vdd eu estava ‘assinando um contrato de financiamento de veículo’”.
A controladora jurídica do Fonsatti Advogados, advogada Bruna Nesello, destaca que esse alerta que está circulando nos grupos, o golpe envolve uma ferramenta, que até então estava sendo pouco utilizada, qual seja, o reconhecimento facial que valida a assinatura de contratos. “Essa tecnologia, que deveria ser utilizada para agregar à modernidade, agilidade e conveniência dos clientes passou a ser distorcida quando ‘golpistas’ fazem a entrega de ‘presentes’ e, se passando apenas por motoboys terceirizados, fazem o escaneamento facial para comprovar a efetiva entrega. Neste momento, a vítima acaba ‘assinando’ contratos de financiamento e autorizando a compra de carros, imóveis, etc. Mais uma vez é preciso ficar atento, inclusive, a eventuais presentes e brindes que venhamos a receber. Caso seja necessário efetuar o reconhecimento fácil ou fornecer qualquer tipo de dado pessoal desconfie, e se for o caso, recuse a entrega”, reforça.
Bruna declara que é preciso estar em alerta. “Inobstante o golpe do bilhete premiado ainda esteja em evidência, estamos vivendo em uma era de golpes cada vez mais criativos e sofisticados. Em razão disso, é preciso manter atenção redobrada e uma segurança maior na proteção de nossas dados e informações”.
CAIU EM UM GOLPE, E AGORA? – Se apesar de tomar os cuidados pertinentes, a pessoa vir a cair em um golpe, a advogada orienta que assim que a vítima tiver a ciência do golpe, é primordial que se registre um Boletim de Ocorrência na autoridade policial. Paralelo a isso, é importante registrar uma reclamação perante o site do e-commerce, banco ou financeira, dependendo do caso, e guardar as provas, como prints de tela, e-mails e mensagens recebidas, etc. Além disso ela recomenda formalizar reclamações em sites de consumidores e também no site do Procon e do Ministério da Justiça.
“Tem uma frase dita pelo matemático londrino, Clive Humby, ‘os dados são o novo petróleo’; uma coisa é certa, quanto mais informações você disponibiliza na internet, maiores são as chances delas serem utilizadas de forma errada.
Para minimizar os riscos e proteger, de certa forma os dados pessoais, é preciso ter alguns cuidados especiais, como por exemplo: em relação a senhas fazer mudanças frequentes das contas on-line; ter senhas diversas para aplicativos e contas bancárias; escolher senhas mais complexas; ter mais de um endereço de e-mail caso precise recuperar a senha e não fornecer as senhas para ninguém. É preciso ainda, ter muito cuidado com os dados publicados nas redes sociais. Para esses casos, leia e modifique as autorizações de privacidade e compartilhamento de dados; não disponibilize informações pessoais nas suas redes; escolhe a autenticação em dois fatores e ative avisos de segurança nas contas bancárias, e-mails e redes sociais”, alerta Bruna.
A advogada acrescenta que algumas atitudes do dia a dia podem ajudar a minimizar os riscos, como, não acessar bancos e redes sociais em rede de computadores ou internet pública; não clicar em links de promoções duvidosas, fazer a conferência em casos de pedido de transferências bancárias via aplicativos de mensagens, manter sempre um antivírus atualizado e optar sempre por formas seguras de pagamento.
TODOS EM ALERTA – Em relação as empresas que muitas vezes os criminosos utilizam o nome para articular o golpe, Bruna cita que cabe as empresas especificarem os canais de comunicação que utilizam, a metodologia aplicada para compras e trocas/devoluções, formas de pagamento, entre outros detalhes.
“É preciso deixar claro ainda, que a empresa não solicita dados pessoais, número de cartão de crédito ou senha por telefone ou e-mail. Além do mais, para as empresas que optarem por atuar de forma online, ter o apoio de uma plataforma de pagamento é um estratégia interessante. Plataformas robustas podem intermediar a operação financeira da empresa com o cliente, garantindo o sigilo dos dados bancários e a efetiva transação. Ademais, fazer análise de compras mais caras pode reduzir bastante o risco de fraude online. Isto é, fazer um contato prévio por e-mail o telefone para conformar os dados da compra é essencial para resguardar o negócio contra fraudes. Vivemos com intensidade o mundo digital. Na mesma proporção, deixamos rastros de dados pessoais que podem ser usados contra nós. Nos dias atuais, todo ‘cyber cuidado’ é pouco”, conclui.
COMO EVITAR CAIR EM GOLPES?
A dúvida que sempre fica é a mesma: como eu posso me proteger para evitar cair em golpes? A controladora jurídica do Fonsatti Advogados, advogada Bruna Nesello, cita algumas dicas simples podem evitar que você caia e sofra prejuízos, tais como: “nunca enviar ou fornecer fotografias de documentos pessoais para terceiros; para evitar golpes com o cartão de crédito, não informar senha ou dados do cartão para terceiros, essas informações são individuais e intransferíveis; desconfie de solicitações de senha por telefone ou e-mail. Essas informações pessoais não devem ser informadas e nem digitadas no telefone; tenha cuidado ao se desfazer de seus cartões. Destruir os chips e triture o cartão; verificar com frequência o seu extrato bancário para evitar surpresas; para evitar golpes na internet, pesquise a idoneidade da empresa; desconfie de promoções mirabolantes; pague com segurança; opte por sites que ofereçam alguma forma de contato com o cliente no pós-compra; para evitar golpes em aplicativos de mensagens, ative a dupla autenticação para confirmação da propriedade de suas conversas; evitar o compartilhamento de senhas pelo aplicativo; evite clicar em links duvidosos e desconfie de grandes vantagens oferecidas”, orienta.
Da Redação
TOLEDO
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