‘Sofagate’ causa crise diplomática entre Itália e Turquia

O incidente que foi apelidado de “Sofagate” provocou nesta quinta, 8, uma crise diplomática entre Itália e Turquia. O primeiro-ministro italiano, Mario Draghi, chamou o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, de “ditador”. Draghi condenou o desrespeito de Erdogan à presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, durante reunião na quarta-feira, 7. Na ocasião, o presidente turco ofereceu a única cadeira a seu lado para Charles Michel, chefe do Conselho Europeu – Ursula, que está no mesmo patamar hierárquico que Michel, teve de se sentar em um sofá, visivelmente contrariada.

A Turquia convocou ontem o embaixador da Itália em Ancara para prestar esclarecimentos e o ministro das Relações Exteriores turco, Mevlut Cavusoglu, condenou os comentários do premiê italiano. “Condenamos veementemente os comentários populistas, ofensivos e irracionais do primeiro-ministro italiano Draghi”, tuitou o chanceler.

A Turquia se defendeu ontem das acusações e atribuiu o incidente a uma falha de protocolo. “As acusações contra a Turquia são injustas. A Turquia é um país muito antigo e não é a primeira vez que recebemos dignatários estrangeiros”, disse Cavusoglu. “Os pedidos da União Europeia foram respeitados. Isto é, a disposição dos assentos foi feita seguindo as orientações”, acrescentou o chanceler turco.

Em Bruxelas, o caso foi discutido inicialmente como um gesto machista, mas rapidamente o episódio se converteu em uma discussão sobre a ordem hierárquica entre Michel e Ursula von der Leyen, suas aparentes disputas e a imagem de desunião que ambos passam. Deputados do Parlamento Europeu pediram uma reunião para debater o assunto.

Dias antes da visita, Ursula tinha criticado duramente o governo turco por sua saída da Convenção Internacional sobre Violência contra Mulheres e Crianças. Por isso, o episódio do sofá havia sido interpretado como uma resposta turca à posição dura da presidente da Comissão Europeia.

O porta-voz de Von der Leyen disse ontem em Bruxelas que Ursula decidiu dar prioridade aos temas que necessitava discutir com Erdogan, em vez de insistir na questão do sofá. “São questões de organização interna”, disse Eric Mamer .

Criticado por não ter defendido Ursula ou cedido a cadeira para ela, Michel se pronunciou ontem pela primeira vez sobre o episódio. “Lamento profundamente esta imagem desastrosa em Ancara e a impressão criada de desprezo por Ursula von der Leyen e pelas mulheres em geral”, afirmou. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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