Sorgo é aposta para revigorar pecuária no Arenito Caiuá
Ocupando mais de três milhões de hectares no noroeste do Paraná, o Arenito Caiuá se caracteriza por solos e condições desafiadoras em diferentes aspectos. A produção agropecuária por lá exige esforços, manejo e tecnologia para conter riscos. Não é à toa que nos últimos vinte anos a área de pastagens na região apresentou redução de 43%, ocupando 837.870 hectares em 2021, boa parte com algum grau de degradação (MapBiomas, 2021). Mas algumas organizações estão trabalhando duro para reverter isso.
Exemplo é o Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná Iapar/Emater (IDR). No próximo dia 19 (segunda-feira) a instituição realiza dia de campo para apresentar resultados de pesquisas que avaliam o uso de sorgo como elemento potencializador da atividade pecuária na região. A Latina Seeds, que deslocará boa parte de sua equipe gestora até o evento, aposta no cereal como eventual protagonista no revigoramento produtivo no Arenito. “A expectativa é de que por lá o cultivo de sorgo possa se expandir em até 300 mil hectares”, projeta seu diretor-executivo, Willian Sawa.
Estudos e mapeamentos feitos nas últimas décadas mostram que o Arenito Caiuá carrega um clima quente no verão com picos de temperaturas muito elevados nos meses de janeiro e fevereiro e sujeito a irregularidades no regime de chuvas. Isso potencializa a ocorrência de veranicos (longo período sem chuvas em plena estação das águas). O inverno geralmente é bastante seco com ocorrência ocasional de geadas. Os solos, mesmo com boas profundidades, são arenosos, com baixo teor de matéria orgânica, reduzida capacidade de retenção de água e sujeitos à erosão.
Mesmo com estas dificuldades e redução sensível da área usada na produção pecuária, a região noroeste do Paraná ainda é considerada a principal produtora de bovinos de corte do estado. No entanto, as margens cada vez mais ajustadas estão exigindo adaptações, ajustes e adoção de novos cultivos que possam subsidiar a alimentação animal. É nesse contexto que o sorgo pede passagem. Sua elevada eficiência na utilização da água e maior tolerância ao estresse hídrico são considerados pontos de vantagem sobre o milho, que vem penando nos últimos anos na região em função do maior risco de perda de safra.
Além disso, pragas como a cigarrinha vêm levando alguns produtores a migrar pelo menos parte de suas lavouras de milho para o sorgo. Mas a ausência de informações técnicas mais detalhadas e abundantes sobre este cereal acabou levando o IDR-Paraná a desenvolver estudos sobre seu uso na alimentação de bovinos (seja em grãos ou como silagem) e apresentá-los, agora, aos pecuaristas interessados.
O dia de campo está marcado para acontecer das 8h30 às 12h30 do dia 19 de julho no Polo de Pesquisa e Inovação IDR-Paraná, em Paranavaí. Já na abertura o IDR apresentará o estudo “Produção de Sorgo em Sipa (Sistemas Integrados de Produção Agropecuária): Desafios e Oportunidades”. Em seguida o pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas, MG), Frederico Botelho apresentará o “Movimento + Sorgo”, criado em parceria com a Latina Seeds (para estímulo de cultivo e uso do cereal), que na mesma estação fará a apresentação de suas tecnologias. O evento ainda discutirá e entregará resultados de outros estudos como “Uso de Silagem de Capiaçu e Sorgo na Terminação de Bovinos”; “Infiltração e Armazenamento de Água em sistemas integrados no Arenito” e “Uso de Sorgo Granífero na Alimentação de Bovinos de Corte”.
PARANAVAÍ