Toxoplasmose congênita: pré-natal é fundamental para diagnosticar doença e evitar sequelas nos bebês
Quando desenvolvida durante o período gestacional, a toxoplasmose – uma doença silenciosa – pode desencadear problemas graves no bebê ainda em formação, como restrição do crescimento, prematuridade, anormalidades neurológicas e cicatrizes oftalmológicas. O acompanhamento do pré-natal é fundamental, pois a realização dos exames específicos podem apontar a presença dessa doença e evitar complicações.
Dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) – repassados pela 20ª Regional de Saúde – apontam que em 2019, foram registrados sete casos notificados como toxoplasmose em gestante e nenhum caso toxoplasmose congênita. Já no ano passado, foi um caso de toxoplasmose em gestante e nenhum de congênita; enquanto que de janeiro a março de 2021, ocorreu apenas uma notificação de toxoplasmose em gestante e nenhum congênita.
“Como a doença pode ser assintomática ou com sintomas muito inespecíficos, é fundamental a realização de exames para o diagnóstico indireto para a doença – sorologias para detecção de imunoglobulinas do toxoplasma”, explica o médico ginecologista e obstetra, Ramon Ribeiro de Jesus. “A quantidade de exames tem relação direta se houve contato prévio ou não com o protozoário”.
Segundo o médico, o diagnóstico é baseado, principalmente, em métodos indiretos, como sorologia, mas também em métodos de detecção direta do protozoário. Ele cita que pode ser necessário, muitas vezes, combinar métodos diferentes para alcançar a avaliação adequada, mas basicamente a presença de imunoglobulinas que mostram que a doença pode estar em fase aguda ou crônica.
OS PERIGOS EM SER ASSINTOMÁTICA – A maioria dos casos de toxoplasmose é assintomática ou apresenta sintomas bastante inespecíficos, como febre, dor no corpo e fadiga. “É uma doença que se confunde, principalmente, com sintomas comuns a outras doenças como dengue, citomegalovírus ou mononucleose infecciosa”, relata o obstetra.
CONTÁGIO – Ramon explica que a toxoplasmose pode ser transmitida de forma adquirida ou congênita, sobressaindo três formas de contágio: pela ingestão de carne crua ou mal cozida de animais parasitados contendo cistos teciduais, especialmente do porco, do boi e do carneiro; pela ingestão de oocistos contaminantes na água e alimentos, provenientes do solo, lixo e de qualquer local onde os felinos, principalmente gatos defecam, ou por transmissão direta, pelo manuseio da terra e areia, e pela transplacentária do protozoário, acontecendo quando as mulheres se infectam no período de gestação.
O médico alerta que para não pegar toxoplasmose durante a gestação é importante optar por beber água mineral, comer carne bem passada e ingerir legumes e frutas bem lavadas ou cozidas. Além disso, também é recomendado evitar comer salada fora de casa e lavar as mãos várias vezes ao dia.
TRATAMENTO DA MAMÃE E DO BEBÊ – O Toxoplasma gondii, agente etiológico da toxoplasmose, é um protozoário. Ramon alerta que as alterações mais graves são para o bebê ainda em formação, como restrição do crescimento, prematuridade, anormalidades neurológicas e cicatrizes oftalmológicas.
“As sequelas são ainda mais frequentes e mais graves nos recém-nascidos que já apresentam sinais ao nascer, com acometimento visual em graus variados, retardo mental, crises convulsivas, anormalidades motoras e surdez”, pontua o médico.
O tratamento para toxoplasmose na gravidez é feito através do uso de antibióticos para tratar a mãe e reduzir o risco de transmissão ao bebê. Ramon comenta que os antibióticos e a duração do tratamento irão depender do estágio da gravidez e da força do sistema imune.
Se o bebê já estiver infectado, o seu tratamento também é feito com antibióticos e deve ser iniciado logo após o nascimento. O obstetra esclarece que essa doença – quando tratada adequadamente – tem cura. O grande problema está quando o tratamento não é realizado devidamente e principalmente na gestação que pode trazer malformações para o bebê e isso pode impactar para sempre na vida dessa criança.
“Com a explosão de malformações de bebês devido à contaminação pelo Zika vírus, a população se atentou da importância do acompanhamento pré-natal e as consequências que uma infecção pode causar para mãe e bebê. A toxoplasmose ainda é uma doença muito prevalente em nosso país e os cuidados na prevenção do contágio com esse protozoário e o acompanhamento durante a gestação são fundamentais para diminuir ao máximo a chance de ter sequelas graves para a vida das mães e principalmente dos bebês”, alerta o profissional.
Da Redação
TOLEDO
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