Valor da cesta básica em Toledo acumula 15%, mas reduz 0,2% em novembro
O valor da cesta básica, em Toledo, apresentou o aumento acumulado de 15,45% em seu custo de abril a novembro deste ano, um valor que pode demonstrar a perda do poder de compra do consumidor. No mês passado, uma boa notícia na pesquisa; segundo a coordenadora, professora e doutora Crislaine Colla, entre outubro e novembro de 2021, houve redução de -0,20%, representando uma relativa estabilidade em relação ao período anterior. A pesquisa foi apresentada à sociedade nesta semana.
Os dados – analisados pelo Núcleo de Desenvolvimento Regional, composto pelo curso de Ciências Econômicas e pelos programas de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional e Agronegócio e de Pós-Graduação em Economia, da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), campus Toledo – mostram que como reflexo do índice de variação percentual do custo da cesta básica individual, identificou-se que essa passou de R$ 568,92 em outubro para R$ 567,77 em novembro. “Esse dado é positivo, porque no período anterior, a pesquisa registrou o aumento de 7,47%. Ainda não terminamos as coletas de preços de dezembro. Porém acredito que não teremos grandes aumentos neste mês”.
Os produtos que apresentaram aumento no preço médio no período foram: o café (21,68%), o óleo de soja (7,21%), a margarina (5,93%), a batata (5,48%), o pão francês (3,46%), a farinha de trigo (0,89%) e a carne (0,10%). Por sua vez, alguns produtos apresentaram redução no preço médio, que foram: o leite (-6,96%), a banana (-5,49%), o arroz (-5,46%), o feijão (-3,71%), o tomate (-2,41%) e o açúcar (-1,46%).
Conforme a professora, o café foi o produto com o aumento mais expressivo, principalmente por causa dos impactos da geada na safra 2022/2023, que repercutiu nos preços do café tanto no mercado futuro quanto no varejo.
Ela ainda salienta que diante da variação total da cesta básica individual para novembro, o café, o pão-francês e a batata teriam o maior impacto positivo em função do aumento nos preços. “Entretanto, a redução do preço do leite, da banana, do tomate e do feijão compensaram esse aumento, o que resultou na estabilidade observada no período”.
ITENS – O preço do leite recuou em Toledo e em 13 capitais brasileiras, podendo ser explicado pela melhora nas pastagens e por ser um período de elevação de oferta. O arroz apresentou redução no preço em Toledo e em 15 capitais brasileiras, sendo resultado da menor comercialização do arroz, devido à baixa demanda e à expectativa de estoques elevados do grão. O preço do feijão diminuiu, também, em todas as capitais brasileiras. Os altos patamares anteriores de preço do feijão inibiram a demanda, forçando os valores para baixo. Além disso, a maior oferta pela colheita do Sudoeste de São Paulo reduziu os preços no varejo (Dieese, 2021).
VARIAÇÃO – Ao longo dos últimos sete meses, ficou evidente a volatilidade dos preços dos produtos que compõem a cesta básica de Toledo. A partir do mês de maio, é possível observar a variação percentual dos produtos em relação ao mês base de abril. Os produtos que apresentaram maior aumento de preços no período de abril a novembro foram: o tomate, que aumentou 101,65%, em seguida aparece a batata, com crescimento de 76,47%; o café com um incremento de 54,48%; a margarina com um aumento acumulado de 29,78%; e o açúcar com um aumento de 23,35%.
A professora cita que a pesquisa verificou que apenas dois produtos mantêm uma variação acumulada negativa, ou seja, compreende-se que houve redução no preço médio de dois produtos nos últimos oito meses, que seriam o arroz, que reduziu -14,08%, e o feijão, que teve seu preço reduzido em -8,54% desde abril.
COMPARAÇÕES – Em novembro, o custo da cesta básica de Toledo foi maior que o de Recife, Belém, Pato Branco, Francisco Beltrão e Dois Vizinhos e mais barata que Cascavel e Curitiba (situadas no Paraná), além das duas outras capitais da Região Sul (Florianópolis e Porto Alegre) e das capitais selecionadas de cada mesorregião brasileira (São Paulo e Campo Grande).
Segundo a professora, o custo da cesta básica de Cascavel (R$ 568,20) foi 0,08% maior que o custo da cesta de Toledo (R$ 567,77). Por sua vez, ao comparar o custo da cesta básica de Toledo com a de Florianópolis, que apresenta a cesta básica com maior custo em novembro (R$ 710,53), analisa-se que a cesta de Florianópolis tem um custo 25,14% maior que a de Toledo.
CÁLCULO – A cesta básica familiar é calculada considerando os custos alimentares de uma família de três pessoas (dois adultos e duas crianças). A cesta básica individual, houve redução de -0,20% no custo da cesta básica familiar, passando de R$ 1.706,76 em outubro para R$1.703,30 em novembro.
Nesse sentido, um trabalhador que ganha um salário-mínimo não teria condições de adquirir a cesta básica familiar, uma vez que o valor de R$ 1.703,30 ultrapassa o valor do salário-mínimo em 67,40%, não conseguindo, dessa forma, arcar com as demais despesas domiciliares mensais.
A professora explica que o valor do salário-mínimo necessário para adquirir a cesta básica e suprir as despesas domiciliares mensais referentes à habitação, ao vestuário, ao transporte, entre outras, em Toledo, deveria ser de R$ 4.779,51 em outubro e em novembro deveria ser de R$ 4.769,81.
“Ao comparar o salário-mínimo necessário de Toledo e a média nacional para o mês de novembro, analisa-se que o valor nacional seria de R$ 5.969,17, ou seja, 25,14% maior que o de Toledo. Deve-se levar em consideração que o salário-mínimo necessário em Toledo durante o mês passado correspondeu a 4,34 vezes o piso nacional vigente, que é de R$1.100,00”, esclarece a professora.
HORAS – Outro indicador observado foi o número de horas de trabalho necessárias para adquirir a cesta básica, que passou de 113,47 horas em outubro para 113,33 horas em novembro. Isso corresponde a 51,72% e 51,62% do total de horas trabalhadas nos meses de outubro e novembro, respectivamente, para um trabalhador que recebe o salário-mínimo.
Crislaine revela que assim como ocorreu com o custo da cesta básica, verificou-se pequena redução do percentual do salário-mínimo líquido que é necessário para adquirir a cesta básica para uma pessoa adulta, constatando que seria necessário 55,91% do salário-mínimo em outubro e, para a mesma cesta em novembro, 55,80% do salário-mínimo.
Conforme a coordenadora da pesquisa, depois de quatro meses seguidos de alta no custo da cesta básica de Toledo, em novembro, o custo apresentou redução, mesmo que pequena. “Entretanto, no acumulado dos últimos sete meses, observou-se um aumento de 15,45%, o que é considerado um índice alto e demonstra a perda do poder de compra do consumidor. Essa perda também é verificada quando se observa a evolução do grupo de alimentação e bebidas para a variação da inflação (IPCA), além de se analisar o aumento dos gastos com esse segmento”.
A PESQUISA
O objetivo desta pesquisa é mostrar o preço médio, a variação no preço dos bens da cesta básica de alimentos e o impacto de cada produto sobre a variação total no custo da cesta; o valor total e a variação no custo da cesta básica de alimentos individual e familiar; o poder de compra do trabalhador pelo tempo de trabalho necessário para comprar a cesta básica; o percentual do salário mínimo que é destinado à compra dos produtos e; o salário mínimo necessário para adquirir a cesta básica para suprir as despesas de habitação, vestuário, transportes, entre outras. Também, é possível comparar as informações obtidas com as de outros municípios e capitais brasileiras que utilizam como base a metodologia de cálculo do Dieese (2016).
Da Redação
TOLEDO
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