18 de maio: combater o abuso e à exploração sexual deve ser uma luta de todos

Uma data de luta, assim é 18 de maio – Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. Frágeis, indefesos, coagidos, eles ainda são vítimas e, na maioria do casos, o agressor é um familiar ou alguém próximo. Os dados dos atendimentos de Toledo são assustadores: em 2021 foram 58; no ano passado, saltou para 95 e, no primeiro quadrimestre de 2023, já foram 11.

O município conta com o trabalho das equipes nos dois Centros de Referência Especializados de Assistência Social (CREAS) – que atuam no Serviço de Atendimento Especializado à Famílias e Indivíduos (PAEFI) atendendo crianças e adolescentes vítimas de violações de direitos. Conforme os dados de atendimentos, nos últimos anos, ficou mais intensa a demanda relacionada à violência sexual.

Os índices apontam que em 2020 foram atendidos 85 casos, já em 2021 houve uma queda, reduziu para 58, contudo, é importante lembrar que isso foi reflexo do contexto pandêmico causado pela Covid-19, período em que as crianças e adolescentes estavam em casa a maior parte do tempo. “Cabe destacar que esse número não reflete a diminuição da violência, pelo contrário, mostra o quão vulnerável este público estava, o que fica mais evidente ainda nos dados do ano de 2022 e início de 2023”, aponta a diretora do Departamento de Políticas para Infância e Juventude, Jennifer Thays Chagas Teixeira.

No que se refere ao gênero, destaca-se que a maioria das vítimas são do sexo feminino. No ano de 2020 dos 85 casos, 76 eram meninas; em 2021 dos 58 casos, 48 eram do sexo feminino; em 2022 dos 95 casos, 83 também eram meninas. Até este momento do ano de 2023, dos 11 casos, nove são meninas. Quanto à faixa etária, dos casos atendidos pelo Serviço PAEFI, no sexo feminino destaca-se a idade entre 13 e 15 anos, já do sexo masculino, a maior incidência ocorreu entre 7 e 9 anos de idade.

“Infelizmente a realidade é bastante estarrecedora, principalmente quando comparamos 2021 e 2022. Sabemos que as campanhas educativas vem como uma ferramenta essencial para encorajar as vítimas a fazerem a denúncia, e também a conscientizar todos os agentes da sociedade para protegerem nossas crianças. Os dados nos mostram que as meninas ainda são as principais vítimas, por isso, precisamos ensinar, dentro de cada faixa etária, os limites de cada relacionamento”, alerta.

CRIANÇA INFORMADA É CRIANÇA PROTEGIDA – Jennifer destaca que é importante que as crianças conheçam aquilo que é natural, que é normal, mas saibam dizer não quando algo viola sua integridade. Ainda sobre a análise dos dados, ela comenta que o quadro aponta também que o período da pandemia foi muito delicado, tendo em vista que grande parte dos autores das violências estão dentro de casa ou próximo das vítimas e o isolamento social acabou por intensificar o contato com tais agressores.

“Neste momento, precisamos resgatar as crianças e adolescentes que sofreram, ou ainda sofrem, as consequências das violações sofridas neste período, e combater todos os tipos de desinformação para garantir os direitos. Criança informada é criança protegida”, reforça.

CAMPANHA ‘FAÇA BONITO’ – No dia 3 de maio a Secretaria de Políticas para Infância, Juventude, Mulher, Família e Desenvolvimento Humano (SMDH) e o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA). Contudo – com a participação de toda a rede de apoio – lançou a campanha ‘Faça Bonito: Proteja Nossas Crianças e Adolescentes’.

Na ocasião – ato do lançamento – a promotora de Justiça da Comarca de Toledo, Katia Krüger, parabenizou o município em escolher o início do mês para lançar a campanha e assim deixar maio em evidência. Ela salientou que as ações de combate, de prevenção e de denúncia deve ocorrer durante todo o ano.

“O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) nos diz que a responsabilidade é compartilhada entre família, estado e sociedade. Essa discussão precisa ser permanente durante o ano todo, pois a violência acontece o tempo todo. Esse é um tema difícil na promotoria, atuamos em vários casos graves. Educação sexual ainda é tratada como tabu – como se estivesse ensinando ou incentivando – quando é bem o contrário: é ensinar para proteção. As crianças e os adolescentes são assediados o tempo todo. Vemos casos chocantes. Os perigos estão somente aumentando”, enfatizou a promotora.

BLITZ EDUCATIVA – Nesta quinta-feira (18), a campanha ‘Faça Bonito: Proteja Nossas Crianças e Adolescentes’ promove com o apoio da rede uma blitz educativa em diversos pontos da cidade: às 7h30 na Avenida Ministro Cirne Lima esquina com a Rua Laurindo Moterle; das 11h às 12h na Rua Almirante Barrozo em frente ao Centro Comercial da Catedral; às 13h na Avenida Primeiro de Maio esquina com a Rua dos Pioneiros e às 17h30 na Avenida Senador Attilio Fontana esquina com a Rua Carlos Sbaraini.

A diretora do Departamento de Políticas para Infância e Juventude, Jennifer Thays Chagas Teixeira, traz dicas e orientações sobre o assunto:

*Como os pais podem abordar esse tema com os filhos?

Leve em conta as características da criança como sua idade, seu meio, a informação que dispõe dos traços de sua personalidade, do que ela gosta e do que não gosta; tenha empatia; coloque-se no lugar da criança para entender o que ela está sentindo e porque age desta maneira; adote uma comunicação eficaz; fale de maneira direta para a criança sobre o que está incomodando; não rotule a criança; procure comunicar de forma nítida o que há de inadequado na sua conduta Escute com interesse as razões e os argumentos da criança; negociação para solucionar os conflitos; procure identificar onde estão os problemas; leve em conta o ponto de vista da criança; esteja aberto(a) para ceder e ser flexível, buscando efetivamente pactuar acordos adequados e justos à situação. Quando crianças e adolescentes confiam em você é mais fácil identificar situações de violência nas quais eles estão inseridos. Fique atento aos sinais! Também estabeleça relações igualitárias, considere que não há privilégios, tratos ou normas especiais por ser pai, mãe ou educador. Jamais utilize argumentos humilhantes como: eu pago suas contas, seu irmão não dava trabalho”, etc.

*Quais os sinais de alerta que os pais devem perceber que as crianças ou adolescentes podem apresentar que há algo de errado?

Os pais e responsáveis devem estar atentos a possíveis sinais de alerta que indicam que uma criança ou adolescente pode estar passando por abuso ou exploração sexual. Esses sinais variam de acordo com a idade e o comportamento individual de cada criança, mas alguns exemplos comuns incluem: mudanças no comportamento, por exemplo, a criança pode apresentar alterações repentinas de comportamento, como tornar-se retraída, agressiva, ansiosa, irritada, deprimida ou mostrar uma regressão em comportamentos já adquiridos, como voltar a fazer xixi na cama ou chupar o dedo.

Mudanças no desempenho escolar: queda repentina no desempenho acadêmico, falta de concentração, evasão escolar, dificuldades de relacionamento com colegas ou professores;

Comportamento sexual inapropriado: a criança pode demonstrar um conhecimento sexual incompatível com sua idade, fazer jogos ou brincadeiras de caráter sexual com outras crianças ou bonecas, além de exibir comportamentos sexualizados ou compulsivos;

Medo ou aversão: a criança pode demonstrar medo, aversão ou resistência a ficar sozinha com determinadas pessoas, especialmente adultos que antes eram considerados confiáveis;

Lesões físicas inexplicadas: ferimentos, hematomas, arranhões ou queimaduras que não possuem uma explicação plausível.

Mudanças nos hábitos alimentares: perda ou ganho de peso significativo sem motivo aparente, perda de apetite, vômitos, pesadelos frequentes ou problemas de sono;

Isolamento social: a criança pode evitar interações sociais, apresentar dificuldades em formar amizades ou mostrar-se isolada do convívio familiar.

É importante ressaltar que esses sinais não são definitivos de abuso ou exploração sexual, mas podem indicar que algo está errado e que uma investigação ou intervenção adequada é necessária. Caso os pais ou responsáveis observem algum desses sinais, é recomendado buscar ajuda profissional, como um médico, psicólogo ou assistente social, que possam avaliar a situação e fornecer o suporte necessário. Além disso, é fundamental criar um ambiente seguro e aberto para que a criança se sinta à vontade para relatar qualquer tipo de abuso ou exploração que esteja ocorrendo.

Para denunciar:

Conselho Tutelar I: (0xx45) 9107-5213;

Conselho Tutelar II: (0xx45) 9972-6932;

Disque Denúncia Nacional: 100.

A DATA

Na data de 18 de maio é o Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. A data foi determinada oficialmente pela Lei 9.970/2000, em memória a menina capixaba Araceli Cabrera Sanches Crespo. Na época do crime, ela tinha apenas oito anos de idade. Araceli foi sequestrada, drogada, espancada, violentada sexualmente e morta por membros de uma tradicional família do Estado em 18 de maio de 1973. O Comitê Nacional de Enfrentamento à Violência Sexual de Crianças e Adolescentes incentiva que em todo o Brasil ocorram ações que visem alertar toda a sociedade em relação do combate à violência sexual.

Da Redação

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