Abril Marrom: a luta mais qualidade de vida

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As limitações físicas geram barreiras, mas não impedem a pessoa cega de realizar os sonhos. Ainda é um desafio, para muitos, acessar o mercado de trabalho, frequentar uma universidade, entre outros pontos. O Abril Marrom é um mês de campanha de conscientização sobre a importância de prevenir e combater às causas de levam a cegueira.
A Associação dos Deficientes Visuais de Toledo (ADVT) trava uma luta em prol da acessibilidade, da inclusão social e da oportunidade de emprego para esse público. A entidade promove trabalhos contínuos para que esse essas pessoas tenham mais qualidade de vida com a aplicação de políticas públicas que atendam tais necessidades.
“O Abril Marrom foi criado como forma de alertar e conscientizar as pessoas sobre a necessidade de cuidar da visão, no sentido de evitar complicações maiores como a cegueira”, destaca o conselheiro fiscal da ADVT, Gerson Lucas Padilha de Lima. “É importante ter um diagnóstico precoce, consultar permanentemente o médico para evitar problemas de cegueira”, alerta ao pontuar que diversas doenças podem desencadear um quadro de cegueira permanente, além dos casos em que a pessoa já nasce com problemas de visão.
Lima reforça que um dos focos do Abril Marrom é que ocorra um cuidado permanente com a saúde dos olhos. “Segundo a Organização Mundial da Saúde, de 60 a 80% das doenças que levam à cegueira seriam evitáveis se tivesse um tratamento adequado. Os cuidados já devem começar com o bebê no útero da mãe, onde que é levado ao médico para ver se doenças infecciosas possam comprometer a visão e também durante toda a vida até o pós-morte, com a necessidade também desse conscientizar as famílias para a doação de órgãos – que podem ajudar outras pessoas a recuperar a visão”.
SAÚDE PÚBLICA – Para Lima, um dos principais obstáculos é intensificar ações e campanhas de conscientização para as pessoas tenham diagnósticos precoces. “Além disso, de constituir organização coletiva para lutar por políticas públicas que atendam os direitos das pessoas com necessidades, das pessoas que tem baixa visão, com cegueira, com necessidades em geral, visando ter mais políticas públicas de saúde que ofereçam consultas gratuitas com maior número para que as pessoas não ficam na fila por um, dois, até três anos para consultarem com um especialista”.
DESAFIOS – Entre os desafios do cotidiano, Lima pontua que a pessoa cega tem dificuldade com acessibilidade física urbana adequada. Pois para isso, é preciso ter calçadas conservadas, com pisos táteis, sinalização eficiente e transporte público equipado.
“Também o que diz respeito à tecnologia e informação adequada como um site de aplicativos com sistema digital compatíveis com leituras de tela, com visibilidade para pessoas com deficiência visual, uma educação inclusiva com materiais adaptados ao braile, áudio, letras ampliadas, professores com formação em educação especial e inclusão nas escolas e nas universidades”, pontua.
A inclusão no mercado de trabalho, de acordo com Lima, também é um desafio. Ele relata que ainda existe muito preconceito e falta de conhecimento no que se refere a contratação de pessoas com limitações visuais. Lima reforça que com a empregabilidade esse público consegue autonomia financeira.
“Existe a necessidade de ampliar as políticas públicas e superar as barreiras que envolvem a qualidade de vida da pessoa cega, da pessoa com limitações visuais. Garantir o direito das pessoas com deficiência na sociedade como um todo é primordial para o desenvolvimento humano, por isso, são tão importantes essas campanhas de conscientização”, conclui.
Sistema de Braille: os ‘pontos’ que comunicam
Neste mês também é celebrado o Dia Nacional do Sistema Braille – na data de 8 de abril. A proposta da data é fortalecer a conscientização do Braille como meio de comunicação para a plena realização dos direitos humanos de pessoas com deficiência visual.
A professora do Núcleo de Atendimento Educacional Especializado para Deficiência Visual (NAEE DV), Luciana Schaedler Wechi, explica que o Braille é um sistema de código de escrita em relevo voltado às pessoas com deficiência visual severa ou cegueira. “O sistema Braille possui uma estrutura em relevo, formada por seis pontos verticais divididos em duas colunas de três pontos em cada”.
Luciana comenta que aprender Braille é uma alfabetização tátil, pois a pessoa precisa ter seu cognitivo preservado, além de habilidade motora fina e bem desenvolvida (que é base do Pré-Braille). “Eu aprendo ensinando com meus alunos”, destaca.
Em relação aos desafios que envolve o ensino de Braille, a professora salienta que é mostrar ao adulto a importância do Braille na vida de um indivíduo com deficiência visual severa ou cegueira. Enquanto que as crianças são mais receptivas a novas experiências que os adultos.
CONSCIENTIZAÇÃO – A professora comenta que a campanha do Abril Marrom é uma iniciativa fundamental, já que a maioria dos casos de cegueira é tratável quando diagnosticada precocemente. Ela destaca que a luta está em chamar a atenção também para a reabilitação e inclusão das pessoas com deficiência visual, além das doenças tratáveis, pois existem doenças que não têm cura, nem tratamento e que levam a perda da visão de forma progressiva e irreversível.
“É importante destacar que todo cidadão precisa fazer a prevenção, realizar consultas de rotina anualmente, diagnosticar precocemente doenças oculares, acompanhar adequadamente o tratamento médico, buscar a qualidade de vida mesmo enfrentado barreiras. Essas pessoas precisam ser incluídas na sociedade. Todas as pessoas têm direito a uma vida independente e com igualdade de acesso”, reforça.
Da Redação
TOLEDO