Adaptação escolar: cada criança pode viver o processo de maneira diferente

O processo de adaptação escolar exige das crianças, dos familiares e do sistema educacional. Para as crianças, a mudança envolve aprender a conviver com pessoas estranhas, atender as novas regras e entender que a escola é o ambiente do ensino, do conhecimento. O processo deve iniciar em casa com o apoio dos pais para que o retorno das atividades escolares aconteça de maneira mais tranquila.

“A adaptação escolar é necessária em diversos momentos na vida escolar, como por exemplo no início da Educação Infantil, ou na passagem da Educação Infantil para o Ensino Fundamental anos iniciais e deste para os anos finais”, destaca a diretora do Departamento de Ensino Secretaria Municipal da Educação de Toledo, Dirce Maria Steffens Külzer.

Dirce pontua que o ensino aprendizagem ocorre de forma contínua e permanente, onde diferentes conhecimentos são construídos ao longo da história, e por meio de um processo de observação, estudo, vivências e experiências são sistematizados, adaptados. Ela reforça que isso acontece de forma que venha a respeitar a singularidade de cada criança para promoção de sua adaptação no ambiente escolar de forma tranquila sem prejuízos a aprendizagem.

“De acordo com as Diretrizes Curriculares há um distanciamento entre Educação Infantil e Ensino Fundamental, ou seja, uma lacuna entre um nível de aprendizagem de um e do outro, e para minimizar e até sanar esta fragmentação indica-se que os direitos da criança sejam garantidos sem interrupções, que o ensino seja entendido como um processo continuo e diagnóstico, onde os encaminhamentos pedagógicos façam relações e interações entre as diversas áreas do conhecimento e perceba que a criança está em permanente construção social”, esclarece ao acrescentar que a transição da Educação Infantil para o Ensino Fundamental deve ocorrer de maneira que se considere as necessidades das crianças e o processo de ensino, aprendizagem e desenvolvimento.

DIÁLOGO INSTITUCIONAL E PEDAGÓGICO – Segundo a diretora do Departamento de Ensino Secretaria Municipal da Educação de Toledo, a inserção da criança no Ensino Fundamental exige diálogo entre Educação Infantil e Ensino Fundamental, diálogo esse institucional e pedagógico, dentro da escola, entre as escolas e na sala de aula, e com objetivos claros. Ela acrescentar que as mudanças que envolvem essa transição refletem também na prática docente, no intuito de tornar o processo de transição algo prazeroso, onde o brincar, o cuidar, o educar e o interagir, se integrem, pois, esses conceitos fazem parte da educação na infância.

OS DESAFIOS DA ADAPTAÇÃO – “O educador é o agente direto para favorecer a transição. É ele que faz o acolhimento diário da criança podendo passar confiança para ela e para as famílias. É importante salientar a necessidade de Formação Continuada, conforme exposto na LDB, nº 9394/96 nos art. 61 e 67, que garantem a interação dos aspectos teóricos e práticos que promovem e efetivam as especificidades e a sistematização das práxis pedagógicas com a Educação Infantil e anos iniciais do Ensino Fundamental. Considerando essas ações como contínuas reflexões acerca da ação pedagógica, ressignificando o processo de ensino e aprendizagem e primando por uma educação verdadeiramente de qualidade”, esclarece.

Outro ponto citado por Dirce é a importância de observar as diversas questões no que se refere ao contexto educacional, especialmente as pedagógicas. Ou seja, a seriedade com que necessitam ser conduzidas as propostas pedagógicas, assim como as reorganizações curriculares, discussões quanto ao processo de ensino e aprendizagem, além da reorganização dos espaços, tempos escolares e materiais didáticos.

“O desafio é pensar não apenas na criança que ingressa na Educação Infantil ou no Ensino Fundamental, mas também em todos os conceitos que integram este processo de ensino, essa transição deve ser uma oportunidade para pensar e efetivar uma prática pedagógica que considere a criança como um todo, sujeito a aprendizagem, levando em conta sua bagagem de saberes e aspectos biopsicossocial e cultural, garantindo desta maneira a aquisição do conhecimento”, declara.

O TEMPO DE ADAPTAÇÃO – O período de adaptação, de acordo com Dirce, é fundamental para a aprendizagem e o desenvolvimento. Dessa adaptação, dependem a consolidação de uma relação de confiança, num ambiente seguro e acolhedor. O período de adaptação normalmente dura cerca de uma semana até um mês, mas depende da criança, da família e de suas experiências anteriores relacionadas às separações que enfrentaram na vida.

“É importante que o responsável mantenha um diálogo de confiança sobre a instituição escolar, ajudando-a familiarizar-se com a instituição, incentivando a fazendo novas amizades, bem como, transmitindo maior segurança a ela”, reforça a profissional. Os Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIs) e as Escolas Municipais estão preparadas para acolher as crianças e oferecer uma atenção especial nesse período novo de adaptação. O período de adaptação permite as crianças fazer novas aprendizagens e descobertas que contribuem para o seu pleno desenvolvimento físico, emocional e social”, conclui.

Família é fundamental durante o período de adaptação escolar

O processo deve iniciar em casa com o apoio dos pais para que o retorno das atividades escolares aconteça de maneira mais tranquila – Foto: Janaí Vieira

O temido período de adaptação escolar envolve segurança e tempo, pois cada criança reage de uma forma diferente. Os familiares exercem importante função nesse processo e a segurança é um dos pontos principais para as crianças e para os pais.

“É preciso muita atenção em relação a esse sentimento de segurança”, alerta a psicóloga, Ana Patti. “Quando acontece a junção da insegurança do parte dos pais e todos os desafios do processo de adaptação vivido pelas crianças tendem a geram impactos negativos. Ou seja, a criança que até então tem como referência os responsáveis, os pais e os cuidadores – no caso da educação infantil – precisa passar a confiar em pessoas estranhas até então. Em relação aqueles que já estão no ambiente escolar esse sentimento pode não ser tão intenso, entretanto, também seus obstáculos e a sensação de segurança precisa ser levada em consideração”.

A profissional reforça que cada criança, que cada família têm suas particularidades para vivenciarem o processo de adaptação. Ela acrescenta que cada caso precisa ser analisado de acordo com suas individualidades, principalmente, em relação a criança. “A família exerce papel fundamental em cada período de adaptação escolar, pois a criança vai viver isso mais de uma vez. Manter o diálogo contínuo com o filho, bem como com os profissionais da educação, estar atento os sinais, não ignorar os sentimentos e buscar ajuda são ações importantes e que podem deixar o processo menos conflituoso”, acrescenta.

FAMÍLIA E ESCOLA – A diretora do Departamento de Ensino Secretaria Municipal da Educação de Toledo, Dirce Maria Steffens Külzer, pontua que a família tem uma contribuição essencial no período de transição escolar, pois o envolvimento parental proporciona apoio ao desenvolvimento e a conquista gradativa de autonomia da criança no exercício de suas responsabilidades e na realização das tarefas escolares.

“A parceria selada entre família e escola propicia estabilidade e segurança a criança diante das mudanças que se apresentam. Ela deve ter uma participação ativa na escola e para que isso aconteça a escola necessita elaborar ações que efetive essa participação. Assim, estará a par do desempenho da criança e igualmente preparada para o trabalho conjunto no desenvolvimento do aprendizado. Esse trabalho conjunto fortalece as relações, a cooperação, os sentimentos de confiança e competência, baseado no diálogo ativo”, declara.

Dirce comenta que a família é responsável por garantir a frequência da criança na escola e ainda poderá participar de: palestras, rodas de conversas com momentos para compartilhar saberes; ações desenvolvidas nos projetos da escola; reuniões sobre o desenvolvimento da criança; ativamente da vida escolar do seu filho; dialogar com as crianças, expondo a nova situação em que se encontrarão; buscar estratégias em parceria com a escola e realizar uma visita ou passeio junto da criança na nova escola em que o filho irá estudar.

Da Redação

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