“Aprender é um processo contínuo que não tira férias, apenas muda de cenário”, diz psicopedagoga

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As férias são período de felicidade e alívio para as crianças! Muitas famílias, no entanto, se perguntam como manter os meses de férias divertidos, as crianças entretidas o suficiente, para que a boa fase não se torne tempo de tédio e gere dificuldades. Apesar de ser um tempo livre das obrigações acadêmicas, os pais ou os responsáveis devem estar atentos a aprendizagem ou ao entretenimento com qualidade, diversão e ensino.

As férias escolares são um período de recesso no calendário escolar e elas permitem que os estudantes e os professores tenham um descanso da rotina. De acordo com a psicopedagoga e psicanalista da Clínica SouZen (equipe multiprofissional), Elenice de Souza, comenta que férias é um tempo de brincadeiras, mas também pode ser um período em que o aluno pode ter retrocesso caso o conteúdo não tenha sido apropriado.

“Isso é algo muito comum uma vez que a aprendizagem requer tempo e muito uso das capacidades intelectivas envolvidas no processo de aprender. É muito comum ouvirmos de pais e professores: ele sabia! Não; ele não sabia, mas estava em vias de saber e não recebeu as mediações necessárias para que o processo se consolidasse”, explica Elenice.

As famílias podem manter o ensino ou as aprendizagens pra evitar esses esquecimentos, sem perder a magia das férias na infância. “A aprendizagem ocorre em contextos sociais e culturais significativos, o que não se restringe à sala de aula”, relata a psicopedagoga.

FORTALECIMENTO – Existem aspectos básicos a serem considerados nesse processo: leitura, escrita e a matemática por serem os pilares fundamentais para a aprendizagem na infância.

Diante disso, existem algumas ações que podem ajudar a pensar uma organização familiar que favoreça a aprendizagem da criança, mesmo durante as férias. Elenice cita a leitura. Segundo a profissional, ela é uma das formas mais eficazes de manter o aprendizado e fortalecer o desenvolvimento das funções intelectivas.

“Leitura de receitas culinárias, manual do brinquedo novo, a sinopse de um filme interessante, histórias infantis (não podem faltar). Cada criança tem suas preferências para leitura, levá-la a comprar livros, pesquisar os títulos mais lidos por outras crianças, os mais famosos, pesquisas de assuntos do interesse da criança – deixe ela pesquisar e depois sentem para ouvir, ler a composição dos produtos alimentícios, data de validade, por exemplo, são simples e bons exemplos. Apenas lembre que se a criança não tiver com quem compartilhar o que leu ou pensou, é provável que ela não o faça”, explica a psicanalista.

DESAFIO – De acordo com a psicopedagoga, manter atividades de escrita durante as férias é um pouco mais desafiador, ainda assim cabe um esforço para provocar esta atividade durante as férias. “Trata-se de uma aprendizagem trabalhosa que pode sofrer retrocessos após longos períodos sem uso. Por isso, estimule seu filho a inventar e escrever suas invenções, peças de teatro, diário dos momentos mais marcantes das férias – bons e ruins, cartinhas para pessoas de quem gosta, convite para um amigo brincar, lista de mercado, anotações de recados, lista de lembretes familiares, etc. use as situações do dia a dia e delegue a escrita para seu filho. Vale tudo!”.

Já o raciocínio lógico é outro conceito fundamental. Elenice menciona que “o raciocínio lógico se desenvolve a partir do reconhecimento da conexão entre as coisas, os objetos, as situações, as ideias e organizar essas informações de forma coerente. O estímulo ao desenvolvimento desta capacidade é mais fácil no dia a dia, uma vez que basta o adulto problematizar situações que exijam pensamento, conexão e ideias”.

CONTINUIDADE – Algumas situações que exigem conexões e ideias são os jogos de tabuleiro; adivinhações; cálculos mentais no supermercado ou outra situação; manter o cofrinho, quanto dinheiro tenho e quanto falta para comprar o brinquedo.

Elenice ainda cita como exemplo para estimular o raciocínio a quantidade de pessoas que deve participar de uma refeição, como o jantar. “Quantos pratos e talheres devem ser colocados à mesa”, afirma ao complementar que a importância em ensinar ou manter o uso do calendário, meses do ano, dias da semana, quantas semanas faltam para o início das aulas. “A família pode desafiar a criança a recitar os números até onde souber, quebra-cabeças para a família, cálculos mentais sempre que possível, provocá-lo a solucionar pequenos problemas do dia a dia. Além dos chamados conceitos básicos: maior/menor, mais/menos, etc”.

A psicopedagoga finaliza que aprender é um processo contínuo que não tira férias, apenas muda de cenário, desde que as experiências sejam transformadas em oportunidades de aprendizagem.

Da Redação

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