Assembleia Legislativa do Paraná aprova o primeiro Código Estadual da Pessoa Autista do país

Os deputados estaduais aprovaram por unanimidade na Assembleia Legislativa do Paraná (ALEP), na sessão plenária da terça-feira (2), no Dia Mundial do Autismo, o primeiro Código Estadual da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (CEPTEA) do Brasil. Após quase um ano de construção, com diversas etapas, o texto final foi aprovado em plenário e, agora, segue para sanção do Governo do Estado.

O Código será a principal legislação para proteger os direitos das pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) no estado e é resultado de um processo que envolveu três etapas. O texto final aprovado possui 113 artigos.

Na primeira etapa, o deputado estadual Evandro Araújo (PSD) coordenou o processo de consolidação de 11 leis estaduais em vigor e 43 projetos de lei em tramitação na ALEP, de autoria de diversos deputados, que abordavam os direitos das pessoas com TEA.

Na segunda etapa, a ALEP abriu um prazo de 60 dias para contribuições da sociedade, de entidades e de famílias, resultando em 310 contribuições de 123 entidades da sociedade civil organizada de todo o Paraná.

Por fim, na última etapa, uma Comissão Especial foi formada para finalizar os trabalhos e receber emendas finais dos deputados. Após todo esse processo, o deputado Evandro Araújo, relator do Código, apresentou o texto final que foi votado nesta terça-feira.

A Comissão Especial também contou com as deputadas Mabel Canto, Flávia Francischini e Luciana Rafagnin, e o deputado Alisson Wandscheer.

“O sentimento é de dever cumprido, de que estamos colocando o Paraná na vanguarda em termos de legislação em prol dos autistas. E claro que, durante o Dia Mundial do Autismo, isso ganha um componente especial. É um momento histórico”, afirmou Araújo.

Avanços e garantias:

A nova legislação, em resumo, assegura direitos já conquistados pela comunidade autista do Paraná, mas também avança com novas conquistas nas áreas da educação, saúde, mercado de trabalho, segurança pública, combate à discriminação, financiamento de projetos e mais inclusão da comunidade autista nos espaços de decisão instituídos.

Na educação, por exemplo, um grande avanço é no chamado atendimento educacional especializado, feito por professores de apoio, que ajudam alunos com TEA ou PcD a terem uma adaptação que os leve ao aprendizado pleno. O Código prevê que este profissional seja fixado na unidade de ensino, como forma de criar e manter uma identidade com a instituição e principalmente com os alunos.

“O que acontece hoje são mudanças periódicas dos professores de apoio de instituição, o que acaba comprometendo o aprendizado de um aluno com TEA. Muitas vezes, o aluno se acostuma com aquele profissional, e do nada, há uma mudança”, explica o relator.

Ainda na área educacional, o texto também fala sobre atividades extracurriculares e atendimento multidisciplinar por meio de centros especializados, que podem atuar em consonância com projetos federais já em curso.

Na saúde, além de garantias ao diagnóstico precoce, o texto ressalta que planos de saúde não podem impor carências abusivas para os consumidores com TEA.

Com foco no autista adulto, o código também tem um capítulo específico sobre o mercado de trabalho, com a instituição de um banco de empregos para pessoas com TEA.

Nos casos de empresas que recebem incentivos fiscais do Estado do Paraná, com mais de 50 empregados, 2% das vagas devem ser preenchidas por autistas.

A discriminação às pessoas autistas também recebeu muita atenção no relatório. O texto prevê a criação de mecanismos de combate à discriminação, entre eles, um canal de denúncias de maus-tratos ou de descumprimentos dos direitos das pessoas com TEA.

“Há avanços e convalidação em todas as áreas. Isso é fruto de leis e projetos de vários deputados, ao longo dos anos, e também das contribuições feitas pelas entidades, famílias e autistas, que foram muito importantes nesta fase”, completou Araújo.

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